Livro: Novelas paulistanas – A sociedade – Fragmento
Antônio de Alcântara Machado
[...]
O capital levantou-se. Deu dois passos.
Parou. Meio embaraçado. Apontou para um quadro.
– Bonita pintura.

Pensou que fosse obra de italiano. Mas
era de francês.
– Francese [Francês]? Não é feio non
[não]. Serve.
Embatucou. Tinha qualquer coisa. Tirou
o charuto da boca, ficou olhando para a ponta acesa. Deu um balanço no corpo.
Decidiu -se.
– Ia dimenticando [esquecendo] de
dizer. O meu filho fará o gerente da sociedade… Sob a minha direção, si
capisce.
– Sei, sei… O seu filho?
– Si [Sim]. O Adriano. O doutor… mi
pare [parece-me]… mi pare que conhece ele?
[...].
Antônio de Alcântara
Machado. Novelas paulistanas. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. p. 27.
Fonte: Lições de texto.
Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática –
4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 109.
Entendendo o livro:
01 – Quem é o personagem que
fala no trecho e qual a sua origem?
O personagem que
fala é um capitalista, provavelmente um imigrante italiano, como sugerem as
expressões em italiano presentes em sua fala ("francese",
"non", "si capisce", "si", "mi pare").
02 – Qual o tema central da
conversa entre os personagens?
O tema central da
conversa é a sociedade e a gestão dos negócios. O capitalista revela que seu
filho, Adriano, será o gerente da sociedade, sob sua direção.
03 – Qual a importância da
pintura mencionada no trecho?
A pintura serve
como um pretexto para o capitalista iniciar a conversa. Ele a utiliza para
quebrar o gelo e, em seguida, revelar sua decisão sobre a gerência da
sociedade.
04 – Qual a relação entre o
capitalista e seu filho, Adriano?
O capitalista
demonstra ter grande influência sobre o filho, Adriano, ao decidir que ele será
o gerente da sociedade. A relação entre eles parece ser baseada em poder e
controle.
05 – Qual a visão do autor
sobre a sociedade paulistana da época?
O trecho revela
uma sociedade marcada pela presença de imigrantes, pela ascensão do capital e
pela importância dos laços familiares nos negócios. A linguagem utilizada pelo
autor, com expressões em italiano, busca retratar a diversidade cultural e a
influência dos imigrantes na sociedade paulistana da época.