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sábado, 3 de agosto de 2024

RELATO: ESCOLA ANTIGA - RACHEL DE QUEIROZ - COM GABARITO

Relato: ESCOLA ANTIGA

             Rachel de Queiroz

        Isto se passava lá pela década de 1920. 

        Toda tarde, ao encerrar as aulas, naquela escola do Alagadiço, em Fortaleza, se dava a sabatina da tabuada. (Vocês sabem o que é? É a tabela das quatro operações, com números de um a dois algarismos). As crianças decoravam a tabuada em voz alta, cantando assim:

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoJ_ISPIK_sohLGsl9SW6jg8lCVth76jcw3iU3-VIUMzAK3F5MPjOgNJyYZLPSoKQ5RVXyw-hVIa_eUDjKUn205R38vwg5D56qlgwOllJfJeSlDnnO1b_dU4u5osriw6usYa9bN3zv14kgU5ZronOXyAlh80FPnPcE19te5kPyqwuACYll0rPf3v9o1Hc/s320/TABUADA.jpg


        “Duas vezes um, dois. Duas vezes dois, quatro. Duas vezes três, seis”, etc, etc. Na hora da sabatina, os alunos de toda a classe formavam, de pé, uma roda, com a palmatória à vista, na mão da professora. Somar e diminuir era fácil, mas, quando chegava a tabuada de multiplicar, era um perigo. A casa do sete, por exemplo, era a mais difícil: “Sete vezes seis, sete vezes oito” – já sabe, o coitado que errava, a professora mandava o seguinte corrigir e, se ele acertasse, tinha direito de dar um bolo de palmatória na mão do que errou. Doía como fogo.

        Sempre havia os sabidinhos que decoravam tudo e davam bolo nos outros. Mas recordo um grandalhão chamado Alcides que não acertava jamais. Mas não chorava nunca, podia levar vinte bolos, mordia os beiços e aguentava firme. Quando chegava em casa, estava com as palmas inchadas e tinha que botar as mãos de molho na água de sal.

        Algum tempo depois, inaugurou-se a chamada “ESCOLA NOVA”. Acabaram com a tabuada, com a sabatina e com a palmatória.

        Acho que foi boa ideia.

                Escola Antiga. Rachel de Queiroz. In: Memórias de menina. Rio de Janeiro, Editora José Olympio, 2003, @ by herdeiros de Rachel de Queiroz. p. 7-8.

Fonte: Encontros – Língua Portuguesa – Isabella Carpaneda – 5º ano – Ensino fundamental anos iniciais. FTD – São Paulo – 1ª edição. 2018. p. 80-81.

Entendendo o relato:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Bolo: no texto, quer dizer pancada dada na mão aberta.

·        Escola nova: movimento do início do século passado que defendia uma escola pública e gratuita para todos.

·        Palmatória: pequena peça circular de madeira com cinco orifícios dispostos em cruz e com um cabo, com a qual se castigavam pessoas, de escravos a escolares, batendo-lhes com ela na palma da mão.

·        Sabatina: prova para medir o conhecimento sobre alguma coisa.

02 – Em que década se passa o relato "Escola Antiga" de Rachel de Queiroz?

      O relato se passa na década de 1920.

03 – O que é a sabatina da tabuada mencionada no texto?

      A sabatina da tabuada era uma atividade diária em que as crianças decoravam e recitavam em voz alta a tabela das quatro operações matemáticas, especialmente a tabuada de multiplicação.

04 – Como as crianças decoravam a tabuada?

      As crianças decoravam a tabuada cantando em voz alta, por exemplo: “Duas vezes um, dois. Duas vezes dois, quatro. Duas vezes três, seis”, etc.

05 – O que acontecia durante a sabatina quando um aluno errava uma resposta?

      Quando um aluno errava uma resposta, a professora mandava o aluno seguinte corrigir. Se ele acertasse, tinha o direito de dar um golpe com a palmatória na mão do aluno que errou.

06 – Qual era a parte mais difícil da tabuada para os alunos, segundo o texto?

      A parte mais difícil da tabuada para os alunos era a casa do sete, por exemplo: “Sete vezes seis, sete vezes oito”.

07 – Quem era Alcides e qual era sua característica marcante durante as sabatinas?

      Alcides era um aluno grandalhão que nunca acertava a tabuada. Sua característica marcante era que, apesar de levar muitos golpes de palmatória, ele nunca chorava e suportava a dor com firmeza.

08 – O que mudou com a inauguração da "ESCOLA NOVA"?

      Com a inauguração da "ESCOLA NOVA", acabaram com a tabuada, a sabatina e à palmatória, trazendo um novo método de ensino que a autora considera uma boa ideia.

 

 

 

sábado, 25 de maio de 2024

RELATO: HISTÓRIA DE VINÍCIUS CAMPOS DE OLIVEIRA - COM GABARITO

 Relato: História de Vinícius Campos de Oliveira


        "Tudo começou na verdade... f... com o meu irmão, meu irmão mais velho, né? Ele começou a trabalhar no aeroporto Santos Dumont primeiro do que eu, antes de mim, é... como engraxate, porque já tinha uns outros... outros amigos ali da área...

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyvggFXu0-q4bLb_lWjEqb4bNCZSeOUMCYb8PTChh_zOU6evvrCrwio2ugYc3uV0aLnTGWx0A2_OVXsYDhHosh0fBXnM6kL0odNOCctFM8SZgdCdC3Z1Ew3omQUuRX0iIpkjTKrs1PqIlAH1iFsuNQAcnRkx-MOPWGogKILUphjtiZCekIbcwtBXG_IuM/s1600/RJ.jpg


        Teve um momento, um dia, em que eu tava dentro do saguão, e aí por um acaso o Walter Salles, né?, o diretor do filme, ele tava... é... ia pegar uma ponte aqui pra São Paulo e... resolveu parar na lanchonete pra fazer um lanche e ele era o último da fila, mas, evidentemente, eu não sabia quem era o Walter Salles é... e eu... mas eu o vi de longe, no fi... no final da fila, pensei “ah, vou chegar até esse rapaz pra ver se eu consigo engraxar o sapato dele, né?” e quando eu fui me aproximando, eu percebi que ele tava de tênis. E... eu falei “ah, bom, de tênis não... não dá pra fazer o serviço, né?”. E aí na hora que eu dei as costas pra ir embora, eu parei pra pensar cinco segundos e falei “ah, acho que eu vou voltar lá e pedir pra esse cara me pagar um sanduíche”. Foi quando eu voltei e perguntei se ele podia me pagar um hambúrguer, tal, uma Coca-cola. Ele falou “claro”. E, aí, depois que ele terminou de comer, ele foi falar comigo, né?, perguntar se eu queria... fazer um teste pra um filme. É... eu falei “ah, claro, tudo bem”, mas eu não sabia o que era, né? Ele perguntou se eu conhecia cinema, se eu já tinha feito alguma coisa. E eu falei: “não, não sei o que que é. E eu nunca fui ao cinema também, então não tenho ideia do que cê... esteja falando”. Ele falou: “bom, então se você puder ir nesse lugar, nesse dia, nessa data, nesse horário, você vai lá fazer um testezinho e a gente conversa melhor”.

        Eu voltei pra casa, contei pra minha mãe a história, a situação, ela não tinha entendido nada, porque também ela não sabia o que era, não entendia da coisa. Ficou superpreocupada porque era um momento em que... é... tava muito forte a coisa de... de... raptar crianças e aí vender os órgãos, essa coisa toda. Esse negócio tava saindo direto na mídia, e... e aí eu não fui. Simplesmente esqueci e os dias passaram, até que um dia, também fim da tarde, eu andando do lado de fora do aeroporto, me para uma Kombi do lado e aí descem duas pessoas, perguntando se eu era o Vinícius. E eu falei: “ah, sou, sou eu, sim”. E, aí, que eles contaram a história do Walter: “A gente veio aqui a pedido do Walter, estamos o dia inteiro te caçando no aeroporto. Ele quer que você faça o teste” e... foi quando tudo deu certo. Acabou dando certo e, aí, a gente começou a filmar o Central, enfim, é... antes de filmar eu conheci a Fernanda, claro, ensaiei um pouco com ela pra pegar intimidade e... foi quando aconteceu o Central."

Disponível em: http://www.museudapessoa.net/pt/conteudo/historia/a-carta-inerente-3085. Acesso em: 2 out. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 195-197.

Entendendo o relato:

01 – As informações temporais são parte importante de um relato.

a)   Escreva no caderno os fatos que marcam o início e o final do período abarcado pelo relato de Vinícius.

Início: trabalho no aeroporto como engraxate; final: início das filmagens.

b)   Explique a função da referência ao irmão mais velho no início do texto.

A referência ao irmão explica por que Vinícius passou a trabalhar no aeroporto onde foi visto pelo diretor de cinema.

c)   Que expressões temporais foram empregadas para indicar o momento da ação central desse relato? Elas são precisas?

As expressões “um momento, um dia”, que não são precisas.

02 – O relato narra o encontro do falante com o diretor de cinema Walter Salles.

a)   Que informações justificam o uso de “evidentemente” no trecho “mas, evidentemente, eu não sabia quem era o Walter Salles?

Na continuação do relato, Vinícius informa que nunca tinha ido ao cinema nem tinha qualquer intimidade com a área e, portanto, não teria como reconhecer o diretor.

b)   Que imagem do diretor o ouvinte constrói a partir do relato? Como ela é construída?

A de um jovem generoso e simples. A imagem é construída pela descrição física do diretor, que calçava tênis e é chamado de “rapaz”, o que evidencia sua simplicidade e juventude, e por seu comportamento, pois atendeu ao pedido do menino, o que mostra sua generosidade.

03 – Como a condição financeira do falante é evidenciada ao longo do relato? Por que ela ganha destaque?

      O falante menciona que trabalhava como engraxate, assim como seu irmão, o que indica ser ele de família pobre, algo confirmado pelo fato de pedir o lanche a um desconhecido e por jamais ter ido ao cinema. trata-se de uma informação importante para entendermos o efeito, na vida do falante, daquele encontro com o jovem diretor.

04 – No último período do relato, o tom de voz do falante vai progressivamente diminuindo e ele termina a fala em um tom bastante baixo. O que isso pode significar?

      O relato tem por foco o momento em que o garoto foi descoberto pelo diretor e convidado a fazer o teste e não a explicação sobre as filmagens, que constitui uma informação menos relevante dentro do recorte específico que ele propôs. Assim, o tom de voz baixo parece indicar que o relato está sendo concluído.

 

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

RELATO PESSOAL: INVENTANDO MODA - ANA PAULA XONGANI - COM GABARITO

 Relato pessoal: Inventando moda

                         Ana Paula Xongani

        Meu nome é Ana Paula Mendonça Costa Pedro Ferro, mas o nome que eu uso é Ana Paula Xongani. Toda a minha família é negra. Das vezes que eu fui pra Moçambique, as pessoas perguntavam se eu era angolana. Eu me reconheço nas características das angolanas, mas não tenho certeza. Meu pai e minha mãe moravam na zona Leste de São Paulo, e eles se conheceram no ônibus. Minha mãe sempre pegava o mesmo ônibus pra ir pra escola e um primo do meu pai pegava o mesmo ônibus. Ele se encantou com a minha mãe e comentou com o meu pai. Meu pai quis ver de perto e eles se apaixonaram.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj01waVODbRcHcBg3N28PIthimwYCrUDZqLWT1BkjJCUlWXQ-65Z6wYEOMAbiDBYtDMn5MFDR8-NHJqNdWEdUf15rkGJc64zm3K19W-XMIjpesiZWIX0L-F-4SAyPh8j1gQ6gMZDTWVaMhCBLq_FcTZy06JKWvlaaniHBF9k32aykThfPFo0RlciA7Xfr0/s320/casal.png


        [...]

        Eu fui muito cuidada por toda a minha família, minha mãe, meu pai e meu irmão. Lembro muito das brincadeiras que o meu irmão fazia comigo, ele interpretava vários personagens. Lembro também de brincar muito com os meus amigos do prédio. Tinha algumas famílias negras no nosso condomínio e os pais criaram um elo, onde todo mundo era padrinho e madrinha de alguém. Então as crianças cresceram juntas, como primos. Nessa época, minha mãe começou o processo de militância negra, e lembro que meus amigos eram filhos de militantes. E eu ia com ela nos encontros e ficava bagunçando com os meus amigos. E era um lugar onde eu me fortalecia enquanto menina negra, era um lugar onde eu era bonita, todos eram iguais.

        [...]

        Minha escola foi bem difícil, passei por muitas experiências de racismo, e eu também era disléxica, tinha muita dificuldade de aprendizado. Foi um momento difícil de isolamento, eu era a única menina negra da classe, não podia falar o que eu queria, ser o que eu queria. Mas fora da escola eu me sentia bem, participava de um coral infantojuvenil de música afro-brasileiras, fazia artes plásticas, dança, teatro, jazz, natação, participava dos projetos sociais junto com a minha mãe. Era legal porque a minha família era muito unida, aonde um ia, todo mundo ia.

        Eu fiz faculdade [...], e lá eu sofri o pior racismo da minha vida. Eu era invisível, os professores nem liam meus trabalhos, me davam respostas rasas pra tudo que eu perguntava. [...]

        Nenhum professor quis me orientar, mas meu companheiro e nossos amigos fizemos tudo juntos, eles me orientaram, me ajudaram com a organização, com a apresentação. No dia da apresentação, eu fui preparada. Não teve como eu ser invisível ali, todo mundo tinha que assistir. No fim da minha apresentação, eu fiz um discurso enorme contando tudo o que eu passei, chorei tanto que lavei minha alma, dei nome para todos os bois. [...]

        Depois disso eu casei e fui pra Moçambique, e lá pude me conectar com muitas coisas, resgatar minha ancestralidade. Lá eu descobri que eu podia ter dread, uma referência que eu não tinha em lugar nenhum. Lá também eu descobri os tecidos africanos, e a partir daí tudo mudou. Levei vários tecidos de lá pra São Paulo, e eu e minha mãe começamos a fazer roupas com eles. Assim nasceu [...] a nossa marca de produtos para as mulheres pretas, pensando no corpo delas, coisa que marca nenhuma fazia. Eu mesma tive que parar de fazer natação na minha infância porque não existia uma touca em que coubesse o meu cabelo. Eu e minha mãe paramos de andar de moto porque não tem um capacete em que caibam os nossos cabelos. Então quando a gente começou a perceber que a gente podia cuidar desse corpo, dessa mulher negra, e que a moda podia comunicar e consolidar essa luta do negro no Brasil, a gente teve certeza de que era isso que tínhamos que fazer, e fazemos até hoje.

Ana Paula Xangani. Em: Museu da Pessoa. Disponível em: https://acervo.museudapessoa.org/pt/conteudo/historia/inventando-moda-120966/colecao/115736. Publicado em: 27 dez. 2016. Acesso em: 17 maio 2021. Fragmento.

Fonte: Coleção Desafio Língua Portuguesa – 5° ano – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Roberta Vaiano – 1ª edição – São Paulo, 2021 – Moderna – p. MP148-152.

Entendendo o relato pessoal:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Moçambique: país localizado no Sudeste da África.

·        Angolana: pessoa nascida em Angola, país no Sul da África.

·        Militância negra: atividade de quem é militante, pessoa que atua em defesa de uma causa; no caso, a luta contra o racismo em suas diversas formas.

·        Disléxica: pessoa que sofre de um distúrbio de aprendizagem caracterizado pela dificuldade de leitura.

·        Ancestralidade: características e história que vêm dos antepassados.

·        Dread: penteado na forma de mechas emaranhadas.

02 – Quem é o autor do relato?

      Ana Paula Mendonça Costa Pedro Ferro.

a)   Qual é o nome que ela usa?

Ana Paula Xongani.

b)   Na língua changana, falada em Moçambique, o nome Xongani tem um significado similar a “se enfeitem”, “fiquem bonitas(os)”. Na sua opinião, por que a autora do texto usa Xongani como sobrenome?

Ao usar esse nome junto ao seu, a autora do texto demonstra o afeto que tem por sua própria identidade e por Moçambique.

03 – Logo no primeiro parágrafo, a autora menciona características da família e dela também. Que características são essas?

      Ela menciona que toda a sua família é negra e que ela tem traços de pessoas angolanas.

04 – Escolha a alternativa que explica por que ela apresentou essas características logo no início do relato.

(  ) Ela não tinha qualquer intenção especial ao apresentar essas características.

(X) Para ela, ser negra e reconhecer que sua história está ligada à história de seus ascendentes africanos é importante por ter uma influência marcante em sua vida.

(  ) Ela apresentou essas características logo no início por considerar que eram menos importantes do que o resto de sua história.

05 – No segundo parágrafo, ela afirma:

        “E era um lugar onde eu me fortalecia enquanto menina negra, era um lugar onde eu era bonita, todos eram iguais”.

·        Por que ela se sentia dessa forma nos encontros de militância de que participava com a mãe? Escolha a alternativa correta.

(X) Como esses encontros tratavam do combate ao preconceito, era natural que ela se sentisse valorizada e em um ambiente de harmonia.

(  ) Porque ela podia brincar com os amigos.

(  ) Porque ela também tinha o desejo de ser militante.

06 – No terceiro parágrafo, Ana Paula conta como se sentia na escola. Releia a frase a seguir.

        “Foi um momento difícil de isolamento, eu era a única menina negra da classe, não podia falar o que eu queria, ser o que eu queria”.

a)   Por que ela se sentia dessa forma?

Porque sofria muitas experiências de racismo e por ter dificuldades de aprendizagem.

b)   E fora da escola, como ela se sentia? Por quê?

Ela se sentia bem, acolhida pela família e pela comunidade em que vivia, e realizava muitas atividades.

c)   E você, como se sente dentro e fora da escola? Por quê?

Resposta pessoal do aluno.

07 – Ana Paula afirma que sofreu racismo na faculdade. Releia:

        “Eu era invisível, os professores nem liam meus trabalhos, me davam respostas rasas pra tudo que eu perguntava”.

a)   Como você entende a afirmação “Eu era invisível”?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Ela era ignorada pelos professores.

b)   Você já se sentiu invisível em alguma situação? Se sim, o que aconteceu?

Resposta pessoal do aluno.

08 – Ao viajar para Moçambique, Ana Paula fez descobertas. Assinale a alternativa correta.

(X) Em Moçambique, Ana Paula aprendeu a valorizar a cultura de seus ancestrais africanos e hábitos atuais, como usar dread, que no Brasil podiam ser considerados incomuns.

(  ) Em Moçambique, Ana Paula resgatou ancestrais e aprendeu a usar dread e tecidos africanos.

09 – Ana Paula trouxe tecidos africanos para São Paulo. O que ela e a mãe fizeram com esses tecidos?

        Criaram uma marca de roupas adequadas ao corpo das mulheres negras.

·        Ana Paula afirma que nenhuma marca fazia o que ela e sua mãe se dispuseram a fazer. Qual seria a causa disso?

Provavelmente, era por causa do preconceito e do racismo.

10 – Releia o trecho a seguir:

        “[...] No fim da minha apresentação, eu fiz um discurso enorme contando tudo o que eu passei, chorei tanto que lavei minha alma, dei nome para todos os bois. [...]”.

a)   Os trechos destacados devem ser entendidos em sentido literal ou figurado? Explique sua resposta com base no boxe abaixo.

·        Sentido literal: sentido próprio das palavras, registrado em dicionário.

·        Sentido figurado: novo sentido que as palavras ganham em um contexto.

Os trechos em destaque devem ser entendidos em sentido figurado, pois Ana Paula não lavou a própria alma ou nomeou bois.

b)   Reescreva o trecho citado, substituindo as partes em destaque por outras equivalentes.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: No fim [...] chorei tanto que desabafei, indiquei/nomeei cada pessoa responsável pelo racismo que sofri.

 

 

 

 

 

RELATO PESSOAL: FÉRIAS NA ANTÁRTICA - LAURA, TAMARA E MARININHA KLINK - COM GABARITO

 Relato pessoal: Férias na Antártica 

                         Laura, Tamara e Marininha Klink 

 

        Nascemos numa família que gosta de viajar de barco, e muito. Crescemos enquanto nosso pai construía um novo veleiro, o Paratii 2. Pessoas que nunca tinham visto um barco antes também participaram da sua construção, que aconteceu devagar, longe do mar e com muito esforço. Quando ficou pronto, tornou-se famoso pelas viagens que fez e por ser um dos barcos mais modernos do mundo. Nossa mãe sabia que o barco era seguro e que poderia levar toda a nossa família. Então pediu para irmos todos juntos numa próxima vez e nosso pai concordou! Ficamos felizes porque, finalmente, não ficaríamos na areia da praia dando tchau. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGjWt1XB5crZaG2ATlaU50VNjihWNSy1wIWjrY4yzuc5gA1MrfJbT-tz3iG-JhrXgHFPpFm1Mzk3VfL9MM7d05oAN3xpALI3hWXr8xf7eqLOIqBdgY6duKSkPEuDU0aYCdA5Qj03zivczNxYjo5dL8SZkaNR3xSennOEodIx3iVmUFZJvl730b2xQOH4k/s320/barco_paratii_2_6.jpg


        Partimos para uma longa viagem e deixamos nossos avós com saudades. Viajamos para um lugar que muitas pessoas nem imaginam como é.

        Para chegarmos lá, balançamos para cima e para baixo, para um lado e para o outro, com movimentos nem um pouco agradáveis, nada parecidos com os que experimentamos em terra firme. 

        Fomos para um continente que não tem dono, bandeira ou hino, onde sentimos temperaturas abaixo de zero. Dizem que ali é tudo branco e só tem gelo, mas enquanto viajávamos fomos descobrindo muitas cores e diferentes tons de branco. 

        Sempre nos perguntam: "O que vocês fazem lá?" "Tudo!" é a nossa resposta. É um lugar muito especial chamado Antártica. E por que é tão especial assim? 

        [...] 

       Kit de sobrevivência

        Todo o lugar é especial e interessante para se começar uma história. Esta começa no nosso quarto. É lá que fica o armário onde fazemos nossas primeiras “escavações” para achar tudo o que precisamos levar [...]: luvas, gorros, capas, toucas grossas, roupas de tecido que grudam no corpo (segunda pele), botas, óculos escuros, protetor solar... Nada pode ser esquecido, porque na Antártica não tem nenhuma lojinha [...].

        Aprendemos com a nossa mãe que não existe tempo ruim; existe roupa inadequada. Ela nos contou que em uma de suas viagens para lugares frios, encontrou uma moça com seu bebê na rua. Acostumada a ver crianças passearem em dias ensolarados tipicamente tropicais, ela ficou impressionada ao ver um pequeno bebê passeando tranquilamente em seu carrinho pela rua coberta de neve, que mais parecia uma imensa “geladeira” [...]. Mas não havia com o que se preocupar, pois o bebê estava com a roupa certa para aquele inverno rigoroso.

        A preparação dessa viagem exige atenção com a segurança o tempo todo. Estar seguro na Antártica é diferente de estar seguro na cidade. [...] Na Antártica, ganhamos liberdade. Mas sempre temos que ter o cuidado de nos proteger do frio e da fome. Para enfrentar o que vem pela frente temos que estar sempre bem preparados.

Laura, Tamara, Marininha Klink. Férias na Antártica.2 ed. São Paulo: Peirópolis, 2014. (Fragmento adaptado).

Fonte: Coleção Desafio Língua Portuguesa – 5° ano – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Roberta Vaiano – 1ª edição – São Paulo, 2021 – Moderna – p. MP325-327.

Entendendo o relato pessoal:

01 – Do que a família das irmãs Klink gosta?

a)   Ela gosta de bandeiras.

b)   Ela gosta de construções.

c)   Ela gosta de viajar de barco.

02 – Enquanto as irmãs Klink cresciam, o que o pai delas construía?

a)   Um navio.

b)   Um veleiro.

c)   Uma jangada.

03 – Quem acompanhou Amyr Klink em uma de suas viagens?

a)   Toda a família.

b)   Ninguém.

c)   Apenas a mãe.

04 – Para onde eles viajaram?

a)   Para a América Central.

b)   Para a Antártica.

c)   Para a Europa.

05 – Como esse lugar foi descrito pelas autoras do texto?

a)   Um lugar com lojas e grande circulação de pessoas.

b)   Um lugar sem pessoas, onde só havia gelo.

c)   Um continente que não tem dono, bandeira ou hino, com temperaturas abaixo de zero.

06 – Releia o trecho a seguir.

        “Todo o lugar é especial e interessante para se começar uma história. Esta começa no nosso quarto. É lá que fica o armário onde fazemos nossas primeiras “escavações” para achar tudo o que precisamos levar.”

a)   Onde começa a história das irmãs? Por quê?

Começa no quarto, porque é onde está tudo o que precisavam levar na viagem.

b)   O que elas pegaram no quarto para irem a esse lugar especial?

Luvas, gorros, capas, toucas grossas, roupas de tecido que grudam no corpo (segunda pele), botas, óculos escuros, protetor solar.

c)   Por que pegaram todas essas coisas?

Porque nada poderia faltar, já que não teriam onde comprar qualquer coisa.

d)   Que parte do texto comprova a sua resposta ao item c?

“Nada pode ser esquecido, porque na Antártica não tem nenhuma lojinha [...].”

07 – Releia o trecho a seguir.

        “Nascemos numa família que gosta de viajar de barco, e muito. Crescemos enquanto nosso pai construía um novo veleiro, o Paratii 2.”

·        Nesse trecho, duas palavras podem ser usadas como sinônimas uma da outra. Que palavras são essas?

Barco e veleiro.

08 – Leia o trecho abaixo com atenção às palavras destacadas.

        “Fomos para um continente que não tem dono, bandeira ou hino, onde sentimos temperaturas abaixo de zero.”

·        No trecho, o que significa a expressão “não tem dono”?

Significa que o continente não pertence a nenhum país.

09 – Reescreva o trecho a seguir no caderno substituindo “inverno rigoroso” por uma expressão do quadro abaixo com o mesmo sentido.

Inverno cheio de regras – inverno medroso – inverno rígido.

        “Mas não havia com o que se preocupar, pois o bebê estava com a roupa certa para aquele inverno rigoroso.”

      Inverno rígido.

10 – Copie as palavras abaixo no caderno, completando-as com s, ss, ç, sc, z, x.

Felizes – rigoroso – esforço – nascemos – grossas – existe – crescemos – balançamos – famoso – fazemos – interessante – exige.

 

 

 

 

 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

RELATO DE VIAGEM: BRASÍLIA - BEATRIZ SARLO - COM GABARITO

 Relato de viagem: Brasília

                Beatriz Sarlo

        Caminhamos até a praça dos Três Poderes, que era a imagem de Brasília que melhor conhecíamos por fotografias.

        Nossa ideia de espaço público havia se limitado, até pisar a praça dos Três Poderes, à praça de Maio de Buenos Aires. As diferenças são evidentes, mas apenas ali tivemos consciência delas. A praça de Maio é o produto de uma superposição de modificações, reconstruções e demolições realizadas ao longo de dois séculos. Não surge de um só gesto, mas sim de uma soma estatística e paisagística, da coexistência desigual dos edifícios neoclássicos, italianos e modernos que a rodeiam. É heterogênea, suas qualidades não provêm de uma só concepção urbanística nem arquitetônica, mas sim de acréscimos e correções. Fundamentalmente, seu sentido é dado pelos acontecimentos que ocorreram e ocorrem ali. A praça de Maio está quase sempre (inclusive sob ditaduras militares) cheia de gente, curiosos, manifestantes, vendedores, turistas, mendigos, veteranos das Malvinas.

        Em 1970, a diferença com a praça dos Três Poderes não provinha só da beleza, que, claro, nos deixou pasmos, enquanto caminhávamos de um extremo ao outro pelas esplanadas. A diferença era que a praça dos Três Poderes estava deserta. Não havia ninguém ali. Seu simbolismo se originava na potência do gesto arquitetônico e construtivo, na confiança política fundacional, não nas camadas do passado que ainda não haviam tido tempo de se depositar sobre aquelas superfícies perfeitas. Na praça dos Três Poderes, a decisão de um Estado e o gênio de Niemeyer haviam substituído a história que é a grande arquiteta das outras praças latino-americanas.

        Tudo estava vazia. Uma fotografia mostra dois de nós, distantes várias centenas de metros do palácio do Planalto. A extensão registrada é enorme. Sobre a planície de cimento estão apenas esses dois argentinos, contra a silhueta do palácio. É aproximadamente meio-dia e não se vê ninguém mais. Aposta máxima da arquitetura moderna: sustentar-se sobre vazio. Chandigarh, Brasília, autofundar-se com um duplo gesto material e simbólico.

        Hoje as imagens são bem diferentes. Centenas de presidentes, ministros e embaixadores percorreram essa extensão, registrados em milhares de fotos jornalísticas e de sequências televisivas. Quando nós chegamos, ao contrário, a fenomenal e desmesurada aposta estava nua. Então podia se formular a pergunta: o que será amanhã, dentro de vinte ou trinta anos, desta esplanada deserta?

        Não nos fizemos essa pergunta. Aparentemente simples, era, no entanto, complicada demais para nós. Discutimos outras coisas. Habituados às mobilizações em praça pública, nos esforçamos por imaginar como seria uma hipotética mobilização popular na praça dos Três Poderes. Sentados sobre o cimento, ao sol, só pensávamos a partir do que acreditávamos ser uma espécie de norma universal: as praças são projetadas para que os manifestantes as ocupem. A clareza do Plano Piloto acentuava nosso erro: como se Lucio Costa (ao contrário do barão de Haussmann) houvesse decidido um traçado urbano especialmente propício para multidões que avançassem em colunas pela avenida dos ministérios até a praça.

        Assim delirávamos, impactados por uma obra ainda desprovida das imagens que iriam rodeá-la com o passar do tempo. Simultaneamente ela tinha algo de irreal, como se estivéssemos passeando por uma cenografia da história futura. As duas cúpulas invertidas, as duas torres brilhavam com a aura do vento. Não havia acontecido ainda o lento, inexorável e desgastante processo que converte as imagens, os edifícios, as paisagens em familiares. Tudo explodia diante dos olhos.

SARLO, Beatriz. Viagens da Amazônia às Malvinas. São Paulo: E-galáxia, 2015. [s. p.].

Fonte: Práticas de Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Faraco – Moura – Maruxo – 1ª ed., São Paulo, 2020. Ed. Saraiva. p. 44-6.

Entendendo o relato:

01 – É possível que você já tenha visto imagens da praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), em meios de comunicação impressos e digitais. Em sua opinião, essa praça, na situação atual, aproxima-se ou não da imagem construída por Beatriz Sarlo? Por quê? Responda no caderno.

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Na opinião da escritora Beatriz Sarlo, que característica da praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), dificultaria a ocupação do espaço?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Segundo Sarlo, a concepção arquitetônica da praça Três Poderes, muito ampla, dificulta a percepção do entorno da praça, dos limites do perímetro.

03 – De acordo com o relato de Sarlo, que aspectos da praça de Maio, em Buenos Aires, na Argentina, e da praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), ajudam o leitor a compreender a diferença entre esses locais?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Em sua opinião, o relato de viagem de Sarlo permite entender a diferença entre as cidades de Buenos Aires e Brasília? Explique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As alterações sofridas pela praça de Maio ao longo de dois séculos são consequências de momentos históricos pelos quais a Argentina e também sua capital passaram. Em contrapartida, à época da visita de Sarlo à praça dos Três Poderes, em Brasília, não existiam marcas históricas e temporais como em outras cidades do Brasil, uma vez que a própria cidade fora projetada pouco antes de 1960.

05 – Muitas manifestações populares já aconteceram na praça dos Três Poderes nos mais de cinquenta anos da construção de Brasília.

a)   Ao tentar definir a Brasília que visitava nos anos 1970. Sarlo utiliza uma imagem que reflete a impressão de uma cidade construída do nada. Que imagem é essa?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A ideia de uma cidade vazia. Uma das possibilidades é o trecho “aposta máxima da arquitetura moderna: sustentar-se sobre o vazio”.

b)   Em que essa impressão de Sarlo contrasta com a imagem das manifestações populares já ocorridas na capital do Brasil?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Ao longos dos anos, desde a construção de Brasília, as muitas manifestações ocorridas na capital do país permitiram a ocupação dos espaços vazios da cidade pela multidão, incluindo a praça dos Três Poderes.

06 – Que adjetivo você empregaria para caracterizar a impressão que Beatriz Sarlo teve da cidade de Brasília? Esse adjetivo expressa a característica que você, hoje, atribui a essa cidade? Explique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Após refletir com os colegas e o professor sobre o relato de viagem, como você responderia à seguinte pergunta de Beatriz Sarlo: “O que será amanhã, dentro de vinte ou trinta anos, desta esplanada deserta”? Socialize a resposta oralmente com os colegas.

      Resposta pessoal do aluno.