Poema: Imortal
Atitude
Cruz e Sousa
Abre os olhos à Vida e fica mudo!
Oh! Basta crer indefinidamente
Para ficar iluminado tudo
De uma luz imortal e transcendente.
Crer é sentir, como secreto escudo,
A alma risonha, lúcida, vidente...
E abandonar o sujo deus cornudo,
O sátiro da Carne impenitente.
Abandonar os lânguidos rugidos,
O infinito gemido dos gemidos
Que vai no lodo a carne chafurdando.
Erguer os olhos, levantar os braços
Para o eterno Silêncio dos Espaços
e no Silêncio emudecer olhando.
Disponível em: http://dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000078.pdf.
Acesso em: 19 jan. 2016.
Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na
língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição
– São Paulo, 2016 – Moderna – p. 125-6.
Entendendo o poema:
01 – De acordo com o texto,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Sátiro: devasso, luxurioso.
·
Impenitente: pecador, vicioso.
·
Lânguidos: voluptuosos, sensuais.
·
Chafurdando: remexendo, revolvendo.
02 – No Simbolismo, é comum
o uso de inicial maiúscula para atribuir valor absoluto, simbólico às palavras.
a) Transcreva do poema as palavras em que isso ocorre.
Palavras do poema com inicial maiúscula: “Vida”, “Carne”, “Silêncio
dos Espaços” e “Silêncio”.
b) Que valores absolutos são atribuídos a essas palavras e que justificam sua grafia com inicial maiúscula?
“Vida”: refere-se a toda a existência humana; “Carne”: remete a todo
desejo físico humano; “Silêncio dos Espaços” e “Silêncio”: referem-se ao Nada,
à morte como início da “luz imortal” e da transcendência.
03 – No primeiro quarteto, o
eu lírico dá um conselho ao seu interlocutor e depois defende um determinado
ponto de vista.
a) Desfaça o hipérbato presente na primeira estrofe para facilitar sua compreensão do texto.
Abre os olhos à Vida e fica mudo! Oh! Basta crer indefinidamente
para tudo ficar iluminado de uma luz imortal e transcendente.
b) Que conselho é dado ao interlocutor?
Aconselha-se ao leitor que abra os olhos para a existência e fique
mudo.
c) Que ponto de vista é defendido no primeiro quarteto após o aconselhamento?
O eu lírico defende que basta que se creia indefinidamente para que
tudo se ilumine de uma luz imortal e transcendente.
04 – No segundo quarteto, o
eu lírico explica o que é “crer”. Transcreva a definição que é dada para esse
verbo.
“Crer” seria
“sentir”, como um secreto escudo, a alma risonha, lúcida, vidente, e abandonar
o “sujo deus cornudo”, o “sátiro da Carne impenitente”.
05 – Para responder às
questões seguintes, relacione as informações do boxe abaixo ao conteúdo do
poema.
Sátiro ou fauno
Sátiro
é um ser mitológico do sexo masculino, presente na cultura grega antiga. Com
cabeça humana e corpo de bode, costumava vagar pelos bosques com uma flauta,
acompanhando Dionísio (deus do vinho e das festas). Nos mitos gregos, é
referido como um ser relacionado aos instintos sexuais. Na mitologia romana, é
conhecido como fauno.
SCHWABE, Carlos. O
fauno. 1923. Giz, carvão e lápis de cor, 115 x 146 cm.
a) Segundo o eu lírico, o que o homem deve abandonar a fim de conseguir crer com plenitude?
O eu lírico aconselha que o homem abandone sua porção carnal,
sexual, seus instintos mais primitivos, simbolizados pela figura pagã do sátiro
grego, ente relacionado à pulsão sexual humana.
b) No seu ponto de vista, por que o eu lírico pede esse tipo de renúncia ao seu interlocutor?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Nesse poema, os desejos sexuais
humanos são vistos como sujos e, por isso, distanciariam o homem do “eterno
Silêncio dos Espaços”.
06 – Depois de abrir os
olhos para a “Vida”, de emudecer e de abandonar os desejos carnais, para onde
iria o homem, segundo o eu lírico?
Agindo dessa
forma, crendo verdadeiramente, o homem encontraria o “eterno Silêncio dos
Espaços”, ou seja, o retorno ao Nada, à transcendência.
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