domingo, 7 de agosto de 2022

POEMA: IMORTAL ATITUDE - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

Poema: Imortal Atitude

              Cruz e Sousa


Abre os olhos à Vida e fica mudo!
Oh! Basta crer indefinidamente
Para ficar iluminado tudo
De uma luz imortal e transcendente.

Crer é sentir, como secreto escudo,
A alma risonha, lúcida, vidente...
E abandonar o sujo deus cornudo,
O sátiro da Carne impenitente.

Abandonar os lânguidos rugidos,
O infinito gemido dos gemidos
Que vai no lodo a carne chafurdando.

Erguer os olhos, levantar os braços
Para o eterno Silêncio dos Espaços
e no Silêncio emudecer olhando.

             Disponível em: http://dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000078.pdf. Acesso em: 19 jan. 2016.

      Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 125-6.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Sátiro: devasso, luxurioso.

·        Impenitente: pecador, vicioso.

·        Lânguidos: voluptuosos, sensuais.

·        Chafurdando: remexendo, revolvendo.

02 – No Simbolismo, é comum o uso de inicial maiúscula para atribuir valor absoluto, simbólico às palavras.

a)   Transcreva do poema as palavras em que isso ocorre.

Palavras do poema com inicial maiúscula: “Vida”, “Carne”, “Silêncio dos Espaços” e “Silêncio”.

b)   Que valores absolutos são atribuídos a essas palavras e que justificam sua grafia com inicial maiúscula?

“Vida”: refere-se a toda a existência humana; “Carne”: remete a todo desejo físico humano; “Silêncio dos Espaços” e “Silêncio”: referem-se ao Nada, à morte como início da “luz imortal” e da transcendência.

03 – No primeiro quarteto, o eu lírico dá um conselho ao seu interlocutor e depois defende um determinado ponto de vista.

a)   Desfaça o hipérbato presente na primeira estrofe para facilitar sua compreensão do texto.

Abre os olhos à Vida e fica mudo! Oh! Basta crer indefinidamente para tudo ficar iluminado de uma luz imortal e transcendente.

b)   Que conselho é dado ao interlocutor?

Aconselha-se ao leitor que abra os olhos para a existência e fique mudo.

c)   Que ponto de vista é defendido no primeiro quarteto após o aconselhamento?

O eu lírico defende que basta que se creia indefinidamente para que tudo se ilumine de uma luz imortal e transcendente.

04 – No segundo quarteto, o eu lírico explica o que é “crer”. Transcreva a definição que é dada para esse verbo.

      “Crer” seria “sentir”, como um secreto escudo, a alma risonha, lúcida, vidente, e abandonar o “sujo deus cornudo”, o “sátiro da Carne impenitente”.

05 – Para responder às questões seguintes, relacione as informações do boxe abaixo ao conteúdo do poema.

        Sátiro ou fauno

        Sátiro é um ser mitológico do sexo masculino, presente na cultura grega antiga. Com cabeça humana e corpo de bode, costumava vagar pelos bosques com uma flauta, acompanhando Dionísio (deus do vinho e das festas). Nos mitos gregos, é referido como um ser relacionado aos instintos sexuais. Na mitologia romana, é conhecido como fauno.

SCHWABE, Carlos. O fauno. 1923. Giz, carvão e lápis de cor, 115 x 146 cm.

a)   Segundo o eu lírico, o que o homem deve abandonar a fim de conseguir crer com plenitude?

O eu lírico aconselha que o homem abandone sua porção carnal, sexual, seus instintos mais primitivos, simbolizados pela figura pagã do sátiro grego, ente relacionado à pulsão sexual humana.

b)   No seu ponto de vista, por que o eu lírico pede esse tipo de renúncia ao seu interlocutor?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Nesse poema, os desejos sexuais humanos são vistos como sujos e, por isso, distanciariam o homem do “eterno Silêncio dos Espaços”.

06 – Depois de abrir os olhos para a “Vida”, de emudecer e de abandonar os desejos carnais, para onde iria o homem, segundo o eu lírico?

      Agindo dessa forma, crendo verdadeiramente, o homem encontraria o “eterno Silêncio dos Espaços”, ou seja, o retorno ao Nada, à transcendência.

 

 


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