quarta-feira, 9 de abril de 2025

REPORTAGEM: UM NÃO BEM SONORO AO RACISMO - (FRAGMENTO) - TRIBUNA IMPRESSA - COM GABARITO

 Reportagem: Um não bem sonoro ao racismo – Fragmento

        Na semana passada, durante partida de futebol no estádio do Morumbi entre os times do São Paulo e do Quilmes, pela Copa Libertadores, a atitude racista do zagueiro argentino Desábato, que xingou e ofendeu o atacante do São Paulo, Grafite, não acabou em pizza. Por um acaso, Grafite jogou pela nossa Ferroviária em 2002. O delegado Oswaldo Gonçalves prendeu em flagrante o jogador argentino pelo crime de injúria racial. O zagueiro chegou a ficar preso dois dias, depois foi solto sob pagamento de fiança. Ainda assim, será processado pelo crime que cometeu.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijUsrnvcLqGQ7MQ-_Hk9MB8cxZ1uERJt-WrUjeRdJzra2cHOrLJCpGA5SGHsve9I1ieQZmf8sIU9y7mTOT_-WEBzGTG2HgSMtK9ciK2X5gOqdVPChl2swFSOKqqNk_Pqj6yyWnxLvj-YRLuACmT0tpT51-F6ZHGPkfWax6Q1KbhmF-EO79iyFCz7NFnPI/s1600/JOGADOR.jpg


        A ofensa de caráter racista contra Grafite já havia acontecido na primeira partida entre os dois times, realizada na Argentina. A diretoria do Quilmes chegou a mandar uma carta pedindo desculpas ao brasileiro. Mas o fato se repetiu no Brasil e felizmente não ficou só no papel. Como bem definiu o técnico Emerson Leão, “isso está acontecendo em todos os lugares, alguém tinha de tomar uma decisão”.

        Por isso mesmo, a atitude do delegado em cumprir a lei e punir o zagueiro argentino foi exemplar. O racismo vem ganhando força em muitos países. O que vem acontecendo no futebol é apenas a ponta de um iceberg. Se este tipo de comportamento não é coibido de imediato, corremos o risco de voltar atrás nas relações humanas, no respeito e nos direitos humanos, já conquistados, depois de uma História repleta de casos de escravidão e segregação.

        Desta vez, uma atitude racista, como a do argentino Desábato, não acabou em pizza

        Os recentes casos de racismo no futebol levaram o atacante francês Thierry Henry, do Arsenal, a iniciar uma campanha contra o preconceito racial. Vem ganhando cada vez mais adeptos, entre eles jogadores que não escaparam desse tipo de agressão, como Ronaldo, Roberto Carlos e Juan.

        [...]

        Um grande passo é ver que a reação contra o racismo hoje parte dos próprios ofendidos. Não basta haver uma lei se não há vítimas que reclamem seus direitos. No passado, Pelé, assim como outros jogadores, foram vítimas de racismo. Mas optaram por se calar. O atacante Grafite, por outro lado, já admitiu que aceita o pedido d desculpas de Desábato, mas prometeu que não irá retirar a queixa: “cabia a mim como cidadão tomar uma atitude e procurei os meus direitos. Agora deixo para a Justiça fazer o seu trabalho”. O jogador espera que essa atitude seja um “pontapé” para o fim do racismo no futebol.

        [...]

        Um grande passo é ver que a reação contra o racismo hoje parte dos próprios ofendidos

        A punição do jogador Desábato também deu pontos para o Brasil, visto lá fora e aqui dentro como um país com alto grau de impunidade. O Brasil tem mostrado determinação no combate ao preconceito racial. Outro exemplo recente de racismo no futebol não ficou sem punição. Em março, em jogo entre América-MG e Atlético-MG, o zagueiro Wellington Paulo xingou o colega André Luiz de macaco. Não foi feita denúncia criminal, mas o ofensor foi julgado pelo Código Brasileiro Disciplinar de Futebol e o Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Mineira de Futebol suspendeu-o por 30 dias.

        Infelizmente, ainda há lugares em que as próprias autoridades fazem corpo mole para um problema tão sério como o racismo, que no passado já ajudou a provocar grandes guerras no mundo.

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        Mudar o comportamento social e cultural de um povo é muito difícil. Não só em relação ao racismo, mas ao preconceito em geral, que é estúpido e condenável em todas as suas facetas, seja de raça, cor, credo, idade, aparência física, etc. Isso só se consegue com a igualdade de direitos e com muita educação para a cidadania, desde muito cedo.

        Mas também se consegue, até certo ponto, pela punição e exemplo. E pelo engajamento. Esperamos que o futebol, esporte popular que une e emociona multidões, possa emocionar e unir as pessoas na luta contra o racismo.

Tribuna Imprensa, 24/5/2005.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 181-182.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual foi o incidente que desencadeou a prisão do jogador Desábato?

      Desábato, zagueiro argentino, proferiu ofensas racistas contra o atacante Grafite durante uma partida de futebol no estádio do Morumbi, pela Copa Libertadores.

02 – Qual a importância da atitude do delegado Oswaldo Gonçalves nesse caso?

      O delegado agiu de forma exemplar ao prender Desábato em flagrante pelo crime de injúria racial, demonstrando que o racismo não seria tolerado e que a lei seria aplicada.

03 – Como o jogador Grafite reagiu às ofensas racistas?

      Grafite decidiu prestar queixa contra Desábato, afirmando que era seu dever como cidadão buscar seus direitos, e esperava que sua atitude servisse como um "pontapé" para o fim do racismo no futebol.

04 – Qual a relevância da punição de Desábato para a imagem do Brasil?

      A punição de Desábato ajudou a melhorar a imagem do Brasil, demonstrando que o país está determinado a combater o preconceito racial e que a impunidade não seria mais aceita.

05 – Quais outros jogadores de futebol foram mencionados na reportagem por se engajarem na luta contra o racismo?

      A reportagem menciona Thierry Henry, Ronaldo, Roberto Carlos e Juan como jogadores que se engajaram em campanhas contra o preconceito racial.

06 – Qual a diferença de comportamento entre Pelé e Grafite em relação ao racismo?

      Pelé, assim como outros jogadores do passado, optou por se calar diante de ofensas racistas. Grafite, por outro lado, decidiu denunciar o crime e buscar seus direitos.

07 – Quais medidas a reportagem aponta como necessárias para combater o racismo?

      A reportagem destaca a importância da punição, do exemplo, do engajamento, da igualdade de direitos e da educação para a cidadania desde cedo como medidas cruciais para combater o racismo.

 

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