Notícia: CERCO À PICHAÇÃO
Embora pautado pela ideia correta de
frear a impunidade, o projeto de combate à pichação da Prefeitura de São Paulo
peca por ser essencialmente calcado na repressão aos infratores. O cerne da
proposta, ainda em fase de elaboração, é a discutível determinação de que a
família de cada pichador apanhado em flagrante ficaria obrigada a pagar ao
município o montante despendido para limpar o local. Além disso, os autores
teriam de remover seus rabiscos dos muros pichados.

Não
há dúvida de que todo tipo de vandalismo praticado contra o patrimônio público
e privado deve ser punido com rigor exemplar. A pichação constitui uma agressão
intolerável, além de ser um fator de degradação do já bastante inóspito espaço
urbano de São Paulo. Ademais, pichar e conspurcar edifício público são crimes
previstos em lei.
Um plano para enfrentar o problema,
porém, precisaria reconhecer a pichação como um fenômeno complexo, que também
demanda medidas socioeducativas. Os grupos ou gangues que se reúnem em torno
dessa atividade são, em sua maioria, compostos por jovens de baixa renda que
buscam canais de expressão e algum grau de notoriedade, deixando suas marcas na
paisagem da cidade.
A experiência tem demonstrado que
medidas repressivas, embora eficazes em alguns casos, são insuficientes. Outras
soluções devem e podem auxiliar na tentativa de banir essa prática. Na gestão
passada já houve iniciativas positivas -algumas realizadas em parceria com
organizações não-governamentais- que buscavam oferecer aos pichadores novas
possibilidades, como educação voltada para a arte e o desenho gráfico, além da
demarcação de espaços para a grafitagem.
A prefeitura nada teria a perder se
ampliasse e intensificasse ações dessa natureza em seus esforços para combater
a praga da pichação e estimular o respeito pela cidade.
Folha de São Paulo,
30/3/2005.
Fonte: Livro –
Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar
Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 57-58.
Entendendo a notícia:
01 – Qual é o principal
problema do projeto da Prefeitura de São Paulo para combater a pichação,
segundo o texto?
O projeto foca
excessivamente na repressão, penalizando financeiramente as famílias dos
pichadores, em vez de incluir medidas socioeducativas.
02 – Por que a pichação é
considerada um problema grave?
Ela é vista como
vandalismo que agride o patrimônio público e privado, além de contribuir para a
degradação do espaço urbano.
03 – Qual é o perfil dos pichadores,
de acordo com o texto?
São, em sua
maioria, jovens de baixa renda que buscam expressão e reconhecimento através de
suas marcas na cidade.
04 – As medidas repressivas
são suficientes para resolver o problema da pichação?
Não. O texto argumenta que, embora sejam
eficazes em alguns casos, são insuficientes e precisam ser complementadas por
outras soluções.
05 – Que tipo de medidas
socioeducativas são sugeridas como alternativas?
O texto menciona
iniciativas como educação voltada para arte e desenho gráfico, além da criação
de espaços para a prática de grafite.
06 – O que a prefeitura
poderia ganhar ao ampliar ações socioeducativas?
A prefeitura
poderia ter mais sucesso no combate à pichação e promover o respeito pela
cidade.
07 – Qual a diferença entre
pichação e grafite, segundo o texto?
O texto mostra
que a pichação é um ato de vandalismo, enquanto o grafite e uma forma de
expressão artística. O texto sugere que a prefeitura crie espaços para o
grafite.
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