Poema: O CAMINHO NA FLORESTA
Rudyard
Kipling
Fecharam a estrada através da floresta
Setenta anos atrás.
O mau tempo a desmanchou outra vez
E hoje ninguém mais sabe
Que existia uma estrada através da floresta
Antes de plantarem as árvores.

Está sob a charneca o urzal
E as anêmonas esparsas.
Só o caseiro percebe
Que, onde se aninha a pomba-pedrês
E a fuinha corre em paz,
Existia uma estrada através da floresta.
Todavia, ao entrarmos na floresta
Tarde numa noite de verão,
Quando o ar esfria o lago que a truta espirala
E onde a lontra chama o companheiro
(Não teme os homens na floresta
Porque vê poucos deles),
Ouvimos o bater dos cascos de um cavalo
E o frufru de uma saia no sereno
Que passam a meio galope através
Do ermo enevoado,
Como se conhecessem perfeitamente
A perdida estrada através da floresta...
Mas não há estrada através da floresta!
Rudyard Kipling. In:
Harold Bloom. Contos e Poemas para Crianças Extremamente Inteligentes de Todas
as Idades. Tradução de José Antônio Arantes. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003.
Fonte: Livro –
Português: Linguagens, 5ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar
Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 10.
Entendendo o poema:
01 – Há quanto tempo a estrada
através da floresta foi fechada, segundo o poema?
Segundo o poema,
a estrada através da floresta foi fechada setenta anos atrás.
02 – O que aconteceu com a
estrada ao longo do tempo e quem ainda guarda a memória de sua existência?
Com o tempo, o
mau tempo desmanchou a estrada, e a maioria das pessoas esqueceu sua
existência, pois a floresta cresceu sobre ela. Apenas o caseiro ainda percebe,
pelos sinais da natureza (onde a pomba-pedrês se aninha e a fuinha corre), que
ali existia uma estrada.
03 – Que fenômeno estranho
ocorre quando os narradores entram na floresta numa noite de verão?
Ao entrarem na
floresta numa noite de verão, os narradores ouvem o bater dos cascos de um
cavalo e o frufru de uma saia passando a meio galope através do ermo enevoado,
como se ainda estivessem usando uma estrada conhecida.
04 – Por que a lontra não teme
os homens na floresta, de acordo com o poema?
De acordo com o poema, a lontra não teme
os homens na floresta porque vê poucos deles, o que sugere que a área se tornou
isolada e pouco frequentada.
05 – Qual é a ironia ou o
mistério presente no final do poema em relação à estrada?
A ironia ou o
mistério reside no fato de que, apesar de o poema afirmar categoricamente na
última linha ("Mas não há estrada através da floresta!") que a estrada
não existe mais, os narradores vivenciam uma cena sonora que evoca claramente a
passagem de pessoas a cavalo por essa mesma estrada perdida. Isso sugere uma
persistência da memória da estrada, talvez no tempo ou na imaginação, mesmo
após seu desaparecimento físico.
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