Poesia: Soneto do maior amor
Vinicius
de Moraes
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.
Louco amor meu que quando toca, fere
E quando fere, vibra, mas prefere
Ferir a fenecer — e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
MORAES, Vinícius de.
Soneto do maior amor. In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro, Nova
Aguilar, 1985. p. 202.
Fonte: Português. Série
novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000.
São Paulo. p. 362.
Entendendo a poesia:
01 – Qual a principal
característica do amor descrito no poema?
O amor descrito
no poema é paradoxal e contraditório. O eu lírico expressa um amor que se
manifesta de forma incomum, onde a alegria do amado causa tristeza e a
tristeza, alegria.
02 – Como o eu lírico descreve
a relação entre o amor e a dor?
O eu lírico
descreve uma relação intensa entre amor e dor. Ele afirma que seu amor fere
quando toca, mas que essa ferida gera uma vibração, e que prefere ferir a
definhar.
03 – Qual a importância da
contradição na expressão do amor no poema?
A contradição é
essencial para expressar a complexidade do amor descrito. Ela revela um amor
que não se encaixa em padrões convencionais, um amor que desafia a lógica e se
manifesta de forma intensa e paradoxal.
04 – Como o eu lírico se sente
em relação à "eterna aventura" do amor?
O eu lírico se
agrada mais da "eterna aventura" do amor, mesmo com suas dores e
contradições, do que de uma vida sem essa paixão. Ele valoriza a intensidade do
amor, mesmo que essa intensidade traga sofrimento.
05 – Qual a imagem final que o
poema constrói do amor?
A imagem final é
de um amor "desassombrado, doido, delirante", que vive "numa
paixão de tudo e de si mesmo". Essa imagem reforça a ideia de um amor
intenso, avassalador e que se basta em sua própria complexidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário