quarta-feira, 9 de abril de 2025

NOTÍCIA: QUANTO MAIS POBRE, MAIS FILHOS - ALEXANDRE RODRIGUES - COM GABARITO

 Notícia: Quanto mais pobre, mais filhos

        É o que mostra estudo de economista da FGV sobre fecundidade de adolescentes de favelas e de bairros de renda mais alta no Rio

        Fecundidade – Alexandre Rodrigues

        RIO

        Um estudo do economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que a taxa de fecundidade entre adolescentes nas cinco maiores favelas do Rio é cinco vezes maior do que entre as que moram nos cinco bairros de renda mais alta da cidade.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeCy_TDhS-g2vrIVrsJXDlRntFIBC4GArhyk8QOK90cWaM4FpghzEoQ4iN5LOEAyFNV6lbr1w9WB7Q7dhi_hbB_YYw1Srz9MB_PbewuJ1GzyxoGLiKoWiAO9Y51MP0q9yYYxDYzlb4S4U74A26zs3W0Q_BeDaGQGhTcMWVww2qbuhOTunE34_vnxmqNzI/s320/LONGE.png


        A taxa média de filhos por menina de 15 a 19 anos das Favelas da Rocinha, da Maré, do Complexo do Alemão, do Jacarezinho e da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, é de 0,266. Já a dos bairros de Lagoa, Ipanema, Botafogo, Copacabana e Tijuca é de 0,054. O economista cruzou dados do Censo 2000 com os números de recém-nascidos nas regiões administrativas da prefeitura.

        A taxa média de filhos por jovem na Rocinha é de 0,266; em Ipanema, de 0,054

        “O resultado mostra que, quanto mais pobre, maior é o número de filhos das mulheres. Isso acontece em todas as faixas de idade, mas foi mais forte entre as adolescentes”, explica o pesquisador, para quem o estudo comprova que a taxa de fecundidade nas favelas está ligada à baixa renda e, consequentemente, ao baixo nível de escolaridade.

        Neri cita a Rocinha e a Barra da Tijuca. A favela, que tem um dos menores índices de escolaridade do Rio, tem taxa de fecundidade de 0,25 na faixa analisada. Ao lado, nos apartamentos voltados para o mar da Barra, a taxa é bem menor: 0,12. “Com mais filhos e menos recursos, a família não investe em educação e forma-
se um círculo vicioso. Pobreza leva a fecundidade e fecundidade leva a pobreza.”

        Enfermeira especializada em obstetrícia, Viviane Costa conta que as adolescentes grávidas já são responsáveis por cerca de 30% dos atendimentos que faz no posto do Programa de Saúde da Família da Favela do Canal do Anil, em Jacarepaguá, zona oeste. “Pré-natal tornou-se o carro-chefe do posto, como o tratamento de hipertensão. O número de adolescentes grávidas tem aumentado e a idade delas, diminuído. Recebemos cada vez mais meninas de 14, até 13 anos.”

        Baile

        Uma das pacientes de Viviane é Lídia da Silva Costa, de 16 anos. Grávida de quatro meses, ela conta que não conseguiu prevenir a gravidez porque tinha vergonha de ir ao ginecologista. “Queria ter filhos só com 18 anos, mas como veio agora não achei ruim. Quando eu tiver 26, meu filho já vai ter 10 anos. Vou poder até curtir um baile com ele”, diz.

        Para Neri, apesar de exposição a informações sobre métodos anticoncepcionais, da influência da TV e dos programas sociais, a educação é que faz a diferença entre meninas de comunidades carentes e de classe média. “A renda acaba determinando a escolaridade, que faz diferença. Não é só o acesso à informação que deve ser levado em conta, mas a capacidade de formar
opinião.”

        Jenifer Chaves da Cruz, de 16 anos, gosta da barriga de nove meses. Ela não planejou a gravidez, mas revela que sempre admirou as amigas que também se tornaram mães precoces. Obrigada pela tia que a criava a ir morar com o namorado, ela confessa que dificilmente voltará à escola. “Parei na sétima série. Até pensava em continuar e trabalhar, mas agora não dá mais.”

O Estado de S. Paulo, 20/10/2004.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 164-165.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a principal conclusão do estudo realizado pelo economista Marcelo Neri?

      O estudo concluiu que a taxa de fecundidade entre adolescentes nas favelas do Rio de Janeiro é significativamente maior do que entre aquelas que vivem em bairros de renda mais alta. Especificamente, a taxa nas favelas é cinco vezes maior.

02 – Quais são as áreas comparadas no estudo?

      O estudo comparou as cinco maiores favelas do Rio de Janeiro (Rocinha, Maré, Complexo do Alemão, Jacarezinho e Cidade de Deus) com os cinco bairros de renda mais alta da cidade (Lagoa, Ipanema, Botafogo, Copacabana e Tijuca).

03 – Qual é a relação entre pobreza e fecundidade, de acordo com o estudo?

      O estudo mostra que existe uma correlação direta entre pobreza e alta taxa de fecundidade, especialmente entre adolescentes. Quanto mais pobre a comunidade, maior o número de filhos por adolescente.

04 – Quais fatores o economista Marcelo Neri aponta como influenciadores dessa relação?

      Neri aponta a baixa renda e, consequentemente, o baixo nível de escolaridade como fatores determinantes para a alta taxa de fecundidade nas favelas. Ele também menciona que a falta de acesso à informação e a capacidade de formar opinião influenciam essa relação.

05 – Qual é a situação das adolescentes grávidas nos atendimentos de saúde nas favelas, segundo a enfermeira Viviane Costa?

      Viviane Costa relata que cerca de 30% dos atendimentos no posto de saúde da Favela do Canal do Anil são de adolescentes grávidas, e que a idade dessas jovens tem diminuído, com casos de meninas de 13 e 14 anos.

06 – Como a falta de acesso à informação sobre métodos anticoncepcionais afeta a gravidez na adolescência, segundo a notícia?

      A notícia relata o caso de Lídia da Silva Costa, de 16 anos, que engravidou por ter vergonha de ir ao ginecologista. Isso ilustra como a falta de acesso à informação e a barreiras como o constrangimento podem levar a gravidez não planejada na adolescência.

07 – Qual é o papel da educação na prevenção da gravidez na adolescência, de acordo com o estudo?

      O estudo destaca que a educação desempenha um papel fundamental na prevenção da gravidez na adolescência. A escolaridade influencia a capacidade das jovens de formar opinião e tomar decisões informadas sobre sua saúde sexual e reprodutiva.

 

 

 

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