Notícia: Novo papel dificulta estudos – Fragmento
Psicanalistas
dizem que ajuda da família é fundamental para que meninas não se tornem “irmãs”
de seus filhos. Reincidência da gravidez entre as adolescentes e abandono da
escola são outras preocupações dos especialistas
A maioria das adolescentes grávidas só
se dá conta do novo papel quando o bebê nasce. Na maioria dos casos, elas são
dependentes e precisam do apoio dos pais no cuidado com os filhos. Para a
psicóloga Maria Helena Alves Pereira, coordenadora do Programa de Atendimento à
Adolescente Grávida do Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth (ex-Praça XV), no
Rio de Janeiro, quando as famílias participam desse momento delicado é mais
fácil para os jovens lidar com a situação, retomar os estudos e, muitas vezes,
o trabalho.

“[...] No programa, estimulamos os pais
e as mães adolescentes a não abandonarem os estudos e a levarem adiante os seus
objetivos profissionais. O que não podemos esquecer é que eles são pais e mães
adolescentes e não há como exigir que se comportem como adultos”, diz.
Mas a realidade, pelo menos até agora,
é bem diferente desse ideal. Pesquisa realizada pelo Serviço de Pré-Natal de
Gravidez na Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com 40
adolescentes grávidas, por exemplo, revelou que apenas 5% delas continuaram a
estudar durante o período de gestação. “Elas não completam o ensino médio e,
como mais de 60% nunca trabalhou, acabam ocupando subempregos”, revela Marisa
Pascale.
[...]
Educação
Parar os estudos leva também a
reincidência na gravidez adolescente, problema que já afeta 25% das meninas
mães. Pesquisa realizada no Rio de Janeiro revelou que mulheres que estudaram
apenas um ano ou nunca estudaram tiveram, em média, 4,12 filhos, enquanto
aquelas que estudaram pelo menos 11 anos tiveram 1,48 filho.
A situação verificada no Estado do Rio
não é muito diferente do que se vê no resto do país. Em São Paulo, por exemplo,
estudo do Hospital das Clínicas também demonstrou que metade das meninas
pararam a escola antes de engravidar. Isso significa uma relação direta entre
educação e possibilidade de gravidez precoce. “A baixa autoestima é o fator
principal que leva essas meninas a abandonar a escola como seu projeto de
vida”, explica o ginecologista Marco Aurélio Galleta, do HC. “Por isso, muitas
delas, mesmo que de forma inconsciente, acabam optando pela formação de uma
família para preencher esse espaço”, completa o especialista.
Diário de São Paulo,
11/5/2003.
Fonte: Livro –
Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar
Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 166.
Entendendo a notícia:
01 – Qual é a principal
dificuldade enfrentada pelas adolescentes grávidas, de acordo com o texto?
A principal
dificuldade é a transição para o novo papel de mãe, que muitas vezes ocorre sem
que elas estejam preparadas, e a necessidade de apoio familiar para lidar com a
situação.
02 – Qual é a importância do
apoio familiar para as adolescentes grávidas, segundo a psicóloga Maria Helena
Alves Pereira?
O apoio familiar
é fundamental para que as adolescentes consigam lidar com a situação, retomar
os estudos e, em muitos casos, o trabalho.
03 – Qual é a realidade enfrentada
pelas adolescentes grávidas em relação aos estudos, de acordo com a pesquisa da
Unifesp?
A pesquisa
revelou que apenas 5% das adolescentes grávidas continuam estudando durante a
gestação, o que leva à baixa escolaridade e, consequentemente, a subempregos.
04 – Qual é a relação entre a
gravidez na adolescência e a reincidência da gravidez, segundo o texto?
A interrupção dos
estudos está diretamente relacionada à reincidência da gravidez na
adolescência, com 25% das mães adolescentes engravidando novamente.
05 – Como a escolaridade
influencia o número de filhos que as mulheres têm, de acordo com a pesquisa
mencionada no texto?
Mulheres com baixa escolaridade (um ano
ou nenhum estudo) têm, em média, 4,12 filhos, enquanto aquelas com pelo menos
11 anos de estudo têm 1,48 filho.
06 – Qual é a relação entre
educação e gravidez precoce, segundo o ginecologista Marco Aurélio Galleta?
Segundo o
ginecologista, há uma relação direta entre a falta de educação e a
probabilidade de gravidez precoce. A baixa autoestima leva muitas adolescentes
a abandonar a escola e buscar a formação de uma família para preencher esse
vazio.
07 – Qual é o papel da baixa
autoestima na gravidez precoce, de acordo com o texto?
A baixa
autoestima é apontada como um fator crucial que leva as adolescentes a
abandonar a escola e buscar na maternidade uma forma de preencher o vazio
emocional.
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