Poesia: O ACENDEDOR DE LAMPIOES
Jorge de
Lima
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!

Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se presente.
Triste ironia atroz o senso humano irrita:-
Ele que doira a noite ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!
LIMA, Jorge de.
Acendedor de lampiões. In: Poesias completas. Rio de Janeiro, Aguilar, 1974. v.
1. p. 62.
Fonte: Português. Série
novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000.
São Paulo. p. 358.
Entendendo a poesia:
01 – Qual é a principal ironia
presente no poema?
A principal
ironia é a de que o acendedor de lampiões, que ilumina a cidade, possivelmente
vive na escuridão de sua própria casa. Essa ironia serve para criticar a
hipocrisia e a desigualdade social.
02 – Como o trabalho do
acendedor de lampiões é descrito no poema?
O trabalho do
acendedor é descrito como algo constante e infatigável. Ele acende os lampiões
à medida que a noite cai, parodiando o sol e associando-se à lua, em um ciclo
repetitivo.
03 – Qual a comparação feita
no último verso do poema?
O eu lírico compara o acendedor de
lampiões àqueles que "insinuam crenças, religiões, amor, felicidade"
aos outros, sugerindo que muitas vezes oferecemos aos outros o que nós mesmos
não possuímos.
04 – Que tom o poema utiliza
para descrever a realidade do acendedor de lampiões?
O poema utiliza
um tom de melancolia e ironia para descrever a realidade do acendedor. Há uma
tristeza implícita na constatação da desigualdade e da hipocrisia presentes na
sociedade.
05 – Qual a relevância do
acendedor de lampiões como figura poética?
O acendedor de lampiões simboliza a
figura do trabalhador anônimo, que cumpre sua função sem reconhecimento, e ao
mesmo tempo representa a contradição entre a aparência e a realidade, entre o
que se oferece e o que se possui.
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