História: Da Origem dos Remédios da Mata
Os índios de antigamente, com pouco
tempo que apareceram no mundo, pensaram e discutiram juntos sobre a vida cicies
dali para frente:
─ Como será quando as pessoas
adoecerem: Como vamos fazer para curar os doentes?
─ Um bocado de nós vai morrer para
surgir como remédio da mata. Os outros poderão viver usando estes remédios em
que vamos nos transformar.
Yushã Kuru, uma mulher chamada Fêmea
Roxa, falou assim:
─ Eu acho muito importante a ideia de
vocês. Melhor é virar remédio. Vocês poderão. Eu vou ensinar a vocês. Vou
ensinar aos nossos parentes.
Os outros concordaram com essa ideia:
─ Isso é verdade. Se você conhece bem,
você vai nos ensinar. Vai ensinar para nossos filhos e nossos netos.
Yushã Kuru, a Fêmea Roxa, deu muitos
conselhos e surgiram os remédios. Uns eram venenos para matar: olho forte, Beru
Paepa . Mijo amargo, Isü Muka. Outro para coceira, Nui. A velha Fêmea Roxa
observava bem as folhas e os pés das árvores:
─ Esse mato não é remédio forte.
E assim foi. Surgiram muitos remédios,
todos os remédios que têm na mata. Remédio bom que cura as pessoas. Bom para
picada de cobra, picada de escorpião, aranha, reumatismo e fígado.
A Fêmea Roxa, Yushã Kuru, conhecia bem todas
as folhas desses remédios. Depois não ensinava vira mais ninguém. Usava todos
esses remédios sempre escondida de todo mundo. Até que um dia, a velha Fêmea
começou a ensinar para neto dela, o tubo de sua filha. Ensinava a ele todos os
remédios da mata que sabia. Ensinava também como preparar estes remédios.
Também ensinava o remédio forte e venenoso para colocar feitiço no outro. E
experimentava com ele para saber se ele tinha aprendido tudo que sua avó sabia.
Aprendeu a preparar o veneno para botar feitiço no outro. E, ás vezes, com mato
venenoso, tirar o espírito da pessoa.
Quando a mulher moça ou o homem rapaz
crescia bonito, ela botava feitiço. Quando o homem era trabalhador, a mulher
fazia artesanato e quando esculhamhava com a velha Fêmea Roxa ela também botava
feitiço para essas pessoas morrerem. Na aldeia, o povo nau sabia o que a Fêmea
Roxa fazia. Passou muito tempo sem ninguém perceber a situação.
Um dia, o genro da velha Yushã Kuru foi
caçar na mata. Quando saiu da caçada, resolveu ir pegar barro para fazer panela
e tigela. O lugar onde pegavam barro para fazer cerâmica era o mesmo da caçada.
Lá, o genro encontrou a velha Yushã
Kuru e fez amor com ela. O genro veio escondido para pegar a velha sem avisar e
fez o serviço com ela, que gritava:
─ Me solta. Quem é que faz esse mal
comigo?
Quando o genro acabou, botou a velha
Fêmea dentro do buraco onde tiravam o barro e correu pela mata. Yushã Kuru
ficou lutando para sair. Até que conseguiu. Nessa hora, ela viu as costas cio
genro e falou assim:
─ E homem morto aquele que me fez mal.
Voltou para sua casa chorando. E pegou
o mato venenoso no caminho para matar o genro. Quando chegou em casa, foi
pescar no igarapé. Pegou piaba e mandim mole, temperou com o veneno e embrulhou
na palha de Sororoca para muquinhar.
Quando o genro chegou da caçada, ela
deu o peixe para ele comer. No dia seguinte, ele morreu. Todo mundo chorava de
dó. Até que o filho dele, neto dela, descobriu e disse assim:
─ Olha, meu pai morreu porque minha avó
envenenou ele. O nosso pai está morrendo por causa da minha avó. Ela é que sabe
botar feitiço no outro.
O neto foi pegar o cesto da avó. O
cesto estava cheio de coração, tudo em fileirinha. Quando a velha Fêmea pegava
o coração para botar feitiço e veneno, a pessoa morria. Ela colocava dentro do
cesto arrumado em carreirinha. Cada um tinha um nome: um era aquele do homem
trabalhador, outro da moça bem bonita. Tinha muita carreira no cesto grande da
velha Femea, Yushã Kuru.
O neto descobriu todos os segredos da
velha e contou para o povo, que ficou todo assustado.
─ Ah, essa velha feiticeira! Desse
jeito, não presta para viver com nosso povo. Se ela mesmo não morrer, vai
acabar com nosso povo.
Então, resolveram matar Yushã Kuru.
Muitos homens ajeitaram suas armas. Quando a velha Fêmea soube dessa conversa,
fugiu para a mata. Eles caçaram, caçaram e nada de Yushã Kuru. Falaram com
outro rapaz chamado de grilo zarolho, Teima Xliii Bata, e convidaram para
ajudar na caçada da velha. Este rapaz era muito danado. Ele enxergava até muito
distante.
O rapaz grilo pulou no terreiro, olhou
e falou:
─ Lá está a velha Yushã sentada. Vocês
podem ir, que vão encontrar com ela.
As pessoas foram procurando, até que
encontraram. Ela estava bem escondida, sentada. Falaram com ela. Ela acreditou
na conversa e desistiu de fugir e acompanhou as pessoas no rumo da sua casa.
Quando já estavam peno de sua casa, a velha Fêmea Roxa falou assim:
─ Eu vou no mato cagar.
E fugiu de novo. As pessoas caçaram e
procuraram novamente. Não acharam. Então, voltaram para casa.
De novo, convidaram o rapaz grilo para
dar informação sobre a velha. O rapaz sempre dizia onde ela estava. As pessoas
foram buscar a velha muitas vezes e ela fugiu muitas vezes.
Até que combinaram de enganar essa
velha. O outro genro dela resolveu enganar. Quando encontrou a velha novamente,
falou assim:
─ Olha, minha tia, eu vim buscar a
senhora, porque eu vou batizar seus netos e netas e queria que cantasse as
nossas músicas para eles.
A velha Yushã Kuru animou-se. Aceitou o
convite do seu genro e voltou para casa. Quando estava chegando em casa, bem na
chegada, o pessoal, que já estava esperando, matou a velha Fêmea Roxa. Dizem
que foi assim.
Organização dos
professores indígena do Acre. Shenipabu Miyui. História dos antigos.
Entendendo a história:
01 – Quem foi Yushã Kuru na
história da origem dos remédios da mata?
Yushã Kuru,
também conhecida como Fêmea Roxa, foi uma mulher indígena que conhecia
profundamente as plantas e folhas da mata, sendo responsável por descobrir e
ensinar os remédios naturais para curar diversas enfermidades.
02 – Como Yushã Kuru
contribuiu para a medicina tradicional indígena?
Ela ensinou aos
seus pais os conhecimentos sobre as plantas medicinais e como preparar os
remédios a partir delas, fornecendo uma base para o tratamento de diferentes
doenças e picadas de animais venenosos.
03 – Quais foram alguns dos
remédios que Yushã Kuru ensinou a seus pais?
Entre os remédios
recomendados na história estão o olho forte, Beru Paepa, mijo amargo, Isü Muka,
e outros para experiências, picadas de cobra, escorpião, aranha, reumatismo e
fígado.
04 – Como Yushã Kuru usava seu
conhecimento sobre plantas venenosas?
Além de ensinar
sobre remédios, ela também conhecia plantas venenosas para fazer feitiços e, em
alguns casos, para tirar o espírito de uma pessoa.
05 – O que aconteceu quando o
genro de Yushã Kuru descobriu suas práticas?
O genro descobriu que Yushã Kuru envenenava pessoas usando
plantas venenosas, e após a morte de seu pai, revelou suas atividades ao povo
da aldeia.
06 – Como Yushã Kuru
armazenava os corações das pessoas sobre as quais ela lançava feitiços?
Ela mantinha os corações das vítimas
enfileiradas em um cesto, organizadas em fileiras, cada um representando alguém
sobre quem ela colocou feitiço.
07 – Como a comunidade reagiu
quando descobriu as práticas de Yushã Kuru?
O povo ficou
chocado e decidiu que ela não poderia mais viver entre eles, pois representava
uma ameaça à comunidade devido às suas ações.
08 – O que aconteceu quando
buscou capturar Yushã Kuru?
Apesar das várias tentativas de captura,
Yushã Kuru conseguiu escapar da comunidade várias vezes, graças ao seu
conhecimento da mata e da região.
09 – Como a comunidade
finalmente conseguiu capturar Yushã Kuru?
Usando uma
estratégia, um dos genros atraía de volta à aldeia, e quando ela retornava, era
morta pela comunidade que a aguardava.
10 – Qual foi o papel do rapaz
chamado Grilo Zarolho na história?
Ele ajudou a
comunidade a localizar Yushã Kuru várias vezes, fornecendo informações sobre
seu paradeiro na mata, até que finalmente um dos genros conseguiu enganá-la e
ela foi capturada e morta.
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