sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

CONTO: O PLANETA DO PEQUENO PRÍNCIPE PRETO - (FRAG.ADAPT) - RODRIGO FRANÇA - COM GABARITO

 Conto: O PLANETA DO PEQUENO PRÍNCIPE PRETO

        Fragmento adaptado.     

        Rodrigo França

        Em um minúsculo planeta mora um menino preto com uma árvore Baobá.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfMxiCNvwZC77N4Z59DbHC-PTKuG_txo8cDnmkQdXLq2_ejnpeGdBIMFNuWsHhLX-waFlGs1WfeIkQuD8FBIrAPhU6vT5BpqdyUzteAujSaEW-Ys9r6nsLATRhc8weT_p5n9-Nn7CcZTLrWXHSwmB2UMYQKqkcIT-UKZrG1rlpjwbfX2nD2aH98uFrQqc/s320/BAOB%C3%81.jpg


        O menino gosta muito de regar a Baobá, que é sua única companheira.

        — Vocês só estão me ouvindo, mas não conseguem me ver. Estou atrás do tronco de uma árvore, da Baobá. É uma árvore linda, imensa, gigante. Estou de braços abertos tentando envolvê-la, mas não consigo. Precisaria de duas, três, quatro... De muita gente. Abraçar a Baobá é uma troca de força, de energia. Sabe quando a bateria está fraca? Então, eu venho aqui e recarrego.

        Ah, já ia esquecendo: eu sou o Príncipe deste planeta. A Baobá disse que sou o Pequeno Príncipe. Ela é a Grande Princesa.

        Este planeta é tão pequeno que só cabemos nós dois aqui. Em breve seremos três. Comparado a um planeta chamado Terra, aqui é tão pequeno que parece um grão de areia. Existem outros planetas espalhados por esse infinito Universo. Conheço alguns, mas o meu sonho é conhecer todos, um a um. Saber quem mora nesses lugares e o que fazem. Enquanto faço isso, deixo a semente da Baobá, porque quero espalhar por aí o que tenho de mais precioso: ela e o UBUNTU.

        Foi uma promessa que fiz para a Baobá. Mas, para sair daqui preciso aproveitar as ventanias, que só aparecem de vez em quando. Então, quando elas aparecem, eu saio voando, voando.

        Eu não sei quem veio primeiro. O planeta ou a Baobá. Ela é uma árvore sagrada, milenar. Está há tanto tempo aqui…

        A Baobá gosta do solo seco, mas eu rego todos os dias com água morna. Não gosto de ver ninguém com sede. As amizades também devem ser regadas todos os dias. Nem com muita água, nem com pouca.

        Deixe-me contar um segredo: uma vez por ano, numa única noite, nasce uma solitária flor de cabeça para baixo, e a Baobá explode de vida e alegria.

        A flor dura poucas horas e fede igual a carniça, mas é linda demais. Eu acho engraçado, porque a Baobá é ao contrário. Os galhos são secos para cima, parecem raízes. As folhas só brotam quando chove. Parece até que caiu do céu, de ponta-cabeça.

        Devo tanto à Baobá, sabe? Sabedoria é comida que nos alimenta.

        Existe uma coisa chamada ancestralidade. Antes dessa árvore, existiu outra árvore, antes existiu outra árvore, e mais outra, outra e outra… Antes de mim vieram os meus pais, os meus avós, os meus bisavós, os meus tataravós, os meus ta-ta-taravós… Todos eram reis, rainhas.

        Como pode existir o hoje, o agora, se você não conhece o seu passado, a sua origem, as suas características? É assim que a gente conhece a nossa ancestralidade. Isso é sabedoria e ancestralidade

        A minha pele é da cor desse solo. Quando eu rego fica mais escuro, cor de chocolate, de café quentinho. As cores são diferentes, iguais aos lápis de cor. Tem gente que fala que existe um lápis “cor de pele”. Como assim? A pele pode ter tantos tons…

        Eu sou negro! Um pouco mais claro que alguns negros e um pouco mais escuro que outros. É como a cor verde… Tem o verde-escuro e o verde-claro, mas nenhum dos dois deixa de ser verde. Eu gosto muito da minha cor e dos meus traços.

        Minha boca é grande e carnuda.

        Olhe o meu sorriso, como é simpático e bonito!

        Eu tenho nariz de batata. Eu adoro batata e adoro meu nariz.

        Meus olhos são escuros como a noite. Também existem olhos claros, mas gosto dos meus olhos como eles são. Porque são meus.

        Meu cabelo não é ruim. Ele não fala mal de ninguém. Antes eu cortava meu cabelo bem baixinho, mas agora estou deixando crescer. Quero que fique para cima igual aos galhos da Baobá. Vai crescer, crescer, crescer… Vai ficar forte, brilhoso, volumoso. Olhe para o céu! Ele será o limite.

Rodrigo França. O Pequeno Príncipe Preto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2020.

Fonte: Coleção Desafio Língua Portuguesa – 5° ano – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Roberta Vaiano – 1ª edição – São Paulo, 2021 – Moderna – p. MP052 – Mpo054.

Entendendo o conto:

01 – Quem é o narrador da história?

a)   A Baobá.

b)   A Grande Princesa.

c)   O Pequeno Príncipe.

02 – Quem faz companhia ao menino no planeta em que ele habita?

a)   O pai e a mãe do príncipe.

b)   Uma árvore grande e sagrada.

c)   Vários reis e rainhas, avós do príncipe.

03 – É possível perceber que a Baobá é, de fato, enorme porque:

a)   O Pequeno Príncipe não consegue envolver a árvore com os braços abertos.

b)   Apenas uma pessoa conseguiria envolver a árvore com os braços abertos.

c)   Baobás costumam ser árvores não muito grandes.

04 – A árvore chama o menino de Pequeno Príncipe porque:

a)   Esse é o apelido que outras árvores deram ao menino.

b)   Ele é o único príncipe que já existiu no planeta.

c)   Ele é uma criança de quem ela gosta muito.

05 – Quem veio primeiro: a árvore ou o planeta?

a)   O menino não sabe se quem veio primeiro foi a árvore ou o planeta.

b)   O menino tem uma certeza de que o planeta veio primeiro.

c)   O menino acha que foi a árvore, pois ela está há muito tempo no planeta.

06 – Como é a Baobá e o Pequeno Príncipe? Reconte como o menino descreve a si mesmo e a árvore.

      A Baobá é uma árvore linda e imensa, gosta de solo seco, é uma árvore sagrada, milenar. O menino é negro, tem boca grande e carnuda, sorriso simpático e bonito, nariz de batata, olhos escuros e cabelos que “não é ruim”.

07 – Releia o trecho em que o menino fala de amizade.

        “A Baobá gosta do solo seco, mas eu rego todos os dias com água morna. Não gosto de ver ninguém com sede. As amizades também devem ser regadas todos os dias. [...]”. Como o menino alimenta a amizade que tem com a árvore Baobá?

      Ele a rega todos os dias com água morna para demonstrar seu afeto.

08 – No trecho: “Meu cabelo não é ruim. Ele não fala mal de ninguém.”, podemos dizer que a segunda afirmação é inusitada porque faz uma crítica. O que o menino está criticando?

      O menino está criticando o modo preconceituoso como muitas se referem ao cabelo das pessoas negras, dizendo que é “ruim” por ser crespo ou encaracolado.

09 – Releia o trecho abaixo: “A Baobá gosta do solo seco, mas eu rego todos os dias com água morna”. Reescreva esse trecho, substituindo as palavras destacadas por sinônimos.

      A Baobá gosta do solo árido/desértico, contudo eu rego todos os dias com água morna.

10 – Releia o trecho abaixo: “A minha pele é da cor desse solo. Quando eu rego fica mais escuro, cor de chocolate, de café quentinho. As cores são diferentes, iguais aos lápis de cor. Tem gente que fala que existe um lápis “cor de pele”. Como assim?

a)   Em que situações costumamos empregar o verbo regar?

Usa-se o verbo regar ao falar da ação de molhar ou umedecer as plantas e a terra.

b)   Por que o menino não concorda com a existência de um lápis “cor de pele”?

Porque ele sabe que há muitos tons de pele, e o chamado lápis “cor de pele” refere-se a apenas um tom.

 

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