Biografia Romanceada: O jovem Luiz Gonzaga
Manhã
de sábado, 18 de junho de 1988. Uma camioneta Chevrolet Veraneio 1984, de cor
bege, cruza a ponte Presidente Dutra – a divisa das cidades de Petrolina, em
Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia. Sopra um vento frio vindo das margens do rio
São Francisco, de época de inverno, mas o calor que chega de outra direção, das
terras áridas da caatinga, ao norte, logo vai aquecer o asfalto da estrada de
rodagem.
Os
cinco passageiros que lotam o veículo são músicos. Entre eles está Luiz
Gonzaga, o mais famoso sanfoneiro do país, que vai se apresentar à noite na
abertura das festas juninas de Senhor do Bonfim, a cerca de 120 quilômetros de
distância. A Veraneio segue devagar. Desde que sofrera dois acidentes de carro,
muitos anos atrás, Gonzaga sempre reclama quando o motorista pisa forte no
acelerador.
–
Aqui é pior do que Exu – comenta.
Um
dos músicos gargalha. – Pensa que é brincadeira?
A
estrada corta o meio da caatinga, de vegetação árida, de solo seco e pedregoso.
De vez em quando, se vê um bode ou uma cabra que pasta perto do acostamento ou
um raro pássaro em busca de água e comida.
–
Se Exu fosse assim eu não teria sobrevivido – diz Gonzaga.
O carro
passa por um entroncamento, à esquerda, que segue para as minas de cobre da
Caraíba Metais.
Por
ali dá para se chegar a Euclides da Cunha. E também em Canudos, terra do
Conselheiro – ensina Gonzaga, que conhecia meio mundo. – Sem asfalto, estrada
de terra.
Bem
mais adiante, os passageiros cruzam com a pequena cidade de Jaguarari, próxima
a Senhor do Bonfim.
Dali
em diante, a natureza muda de água para vinho. Em lugar de chão pedregoso e
vegetação catingueira, surgem terras férteis, morros verdejantes, nessa hora
cobertos de nuvens de chuva.
Exu
é assim – diz Gonzaga, depois gargalha e aponta o dedo para o agrupamento de
morros e grotas da serra do Gado Bravo, extensão da Chapada Diamantina, na
cordilheira do Espinhaço, e segue em direção a Minas Gerais.
Pé
de serra.
A
Veraneio passa pela rodoviária de Senhor do Bonfim.
– O
movimento aqui já está grande – diz um dos músicos. – À noite o show vai lotar
– completa Gonzaga.
JATOBÁ, Roniwalter. O jovem Luiz Gonzaga. São Paulo: Nova Alexandria,
2009.
Entendendo
o texto
01. Após a leitura do trecho da biografia romanceada O
jovem Luiz Gonzaga, responda: qual é o tipo de narrador que o texto apresenta?
O texto apresenta narrador-observador.
02. Localize, no texto, informações que indicam:
- o tempo em que os
fatos narrados acontecem.
Os fatos narrados acontecem no dia 18 de junho de 1988, em uma manhã de
sábado.
- o espaço em que os fatos narrados
acontecem.
Os fatos
acontecem em uma camioneta Chevrolet Veraneio 1984, a caminho da cidade de
Senhor do Bonfim, a 120 quilômetros da ponte Presidente Dutra, divisa das
cidades de Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia, primeira referência
de lugar mencionada no texto.
03. Considerando as informações apresentadas no texto,
assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.
( F ) O
sanfoneiro Luiz Gonzaga narra a própria história.
( F ) A
linguagem do texto é objetiva.
( V ) A
linguagem do texto apresenta subjetividade.
( V ) O
narrador relata os fatos como se estivesse presente.
04. Explique o sentido da expressão destacada no trecho
“Dali em diante, a natureza muda de água para vinho”,
justificando sua resposta com base nas informações apresentadas no texto.
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos expliquem a expressão “mudar
de água para vinho” como uma mudança radical.
No texto, a expressão é utilizada para se referir à mudança que ocorre
na paisagem, antes seca e cheia de pedras, para terras férteis e morros
verdejantes.
05. O biografado, Luiz Gonzaga, nasceu na fazenda
Caiçara, no município de Exu, interior de Pernambuco, em dezembro de 1912. A
respeito das informações apresentadas no texto, é possível concluir que essa
cidade se caracteriza por apresentar:
( ) solo
seco e pedregoso.
( )
terras férteis e morros verdejantes.
( X )
morros e vales.
06.
A biografia romanceada:
a. narra acontecimentos da vida de
alguém.
b. conta histórias fictícias ou
inspiradas na vida real.
c. reúne fatos e
a liberdade imaginativa do autor.
d. reúne ficção e a objetividade do
autor.
07. Uma das diferenças entre o público-alvo de
uma biografia e de uma biografia romanceada é que:
a. o público de uma biografia não se
interessa por informações técnicas.
b. o público de uma biografia espera uma
narrativa mais promissora.
c. o público de uma biografia romanceada
não se identifica com informações fantasiadas pelo autor.
d. o público de
uma biografia romanceada espera fatos, diálogos, pensamentos e descrições.
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