Autobiografia: Bartolomeu C. Queiroz e Carolina M. de Jesus
Texto 1
Bartolomeu C. Queiroz
...
das saudade que não tenho
Nasci com 57 anos. Meu pai me legou
seus 34, vividos com duvidosos amores, desejos escondidos. Minha mãe me
destinou ser 23, marcados com traições e perdas. Assim, somados, o que herdei
foi a capacidade de associar amor ao sofrimento... Morava numa cidade pequena
do interior de Minas, enfeitada de rezas, procissões, novenas e pecados. Cidade
com sabor de laranja-serra-d’água, onde minha solidão já pressentida era tomada
pelo vigário, professora, padrinho, beata, como exemplo de perfeição.
[...]
Bartolomeu Campos
Queiroz. In: Fanny Abramovich (Org.). O mito da infância feliz. São Paulo:
Summus, 1983. p. 27.
Texto 2
Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus morava em uma
favela e escreveu um livro de muito sucesso na década de 1960, Quarto de
despejo.
Carolina Maria de Jesus foi uma figura ímpar. Viveu sozinha, com três filhos – um de cada pai – em uma favela na cidade de São Paulo, desde 1947. Descendente de africanos, nasceu em 1914, em Sacramento, um vilarejo rural no Estado de Minas Gerais, e foi à escola apenas até o segundo ano primário. Trabalhou na roça com a mãe, desde muito cedo. Depois, ambas foram empregadas domésticas. Já em São Paulo, na favela do Canindé, como catadora de papel e mãe de três filhos, escrevia folhas e folhas de histórias reais e imaginadas. Um dia, um jovem jornalista teve acesso a estes escritos e conseguiu ajudá-la a publicar seu Quarto de despejo, em 1960. O sucesso foi imediato. Vendeu o equivalente, naquele ano, a Jorge Amado. Seu livro foi publicado em 13 línguas, em mais de 40 países.
[...]
José Carlos Sebe Bom
Meihy e Robert M. Lvine. Cinderela negra: A saga de Carolina Maria de Jesus.
Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1994. p. 17.
Fonte: Língua
Portuguesa – Caminhar e transformar – Aos finais do ensino fundamental – 1ª
edição – São Paulo – FTD, 2013. p. 44-46.
Entendendo a autobiografia:
01 – Em qual dos textos:
a) Autor e biografado são as mesmas pessoas?
Texto 1.
b) O autor é diferente do biografado?
Texto 2.
02 Assinale com A as palavras que indicam que o autor é
o biografado e com B as que indicam
que o autor não é o biografado.
(B) Trabalhou.
(A) Meu.
(A) Nasci.
(B) Seu.
(B) Nasceu.
(A) Herdei.
03 – Releia o texto 1 e responda.
a) De que período da vida o autor relata fatos?
Da infância.
b) Como foi para ele esse período de sua vida? Selecione um trecho que comprove sua resposta.
Foi um tempo de infelicidade: “[...] o que herdei foi a capacidade
de associar amor ao sofrimento...” / “[...] minha solidão já pressentida
[...]”.
04 – Releia o texto 2 e numere as informações na
ordem em que aparecem.
(6) Publicou o livro Quarto de
despejo.
(2) Carolina de Jesus estudou até o
segundo ano.
(4) Morava na favela do Canindé,
catava papel e escrevia suas histórias.
(1) Nasceu em Sacramento, Minas
Gerais, em 1914.
(5) Um jovem jornalista teve acesso
aos seus escritos.
(3) Trabalhou na roça e foi empregada
doméstica.
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