Reportagem: Os fluxos migratórios no Brasil
Amanda Polato
A todo momento, pessoas deixam sua
cidade de origem rumo a outras para ficar permanentemente ou só morar por um
tempo (determinado ou não). São os migrantes, que aqui, no Brasil, representam
40% da população, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad) de 2007, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Embora os fluxos migratórios tenham sido mais intensos nas décadas de
1960 e 70, a circulação ainda é grande: recentemente, 10 milhões de brasileiros
(5,4% da população) se mudaram para outro lugar.
[...]
Retorno
e perfis solitários caracterizam o migrante atual
Revisitando o histórico dos fluxos
migratórios, é possível compreender que ele se esgotam com o tempo. [...]
Conforme explica Fausto de Brito,
demógrafo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o movimento de
pessoas faz parte da dinâmica das sociedades. É normal, portanto, surgirem
novos fluxos.
Atualmente, o movimento que mais chama
a atenção é o de volta aos locais de origem. Muita gente, por exemplo, está
deixando o Sudeste e voltando para o Nordeste: o crescimento do volume de
migrantes nesse fluxo foi de 19% entre os períodos de 1995-2000 e 1999-2004. “É
um retorno expressivo, nunca visto antes”, diz José Marcos da Cunha. As
hipóteses apresentadas para justificar esse movimento estão relacionadas à
redução e terceirização do emprego na indústria no Sudeste, aos novos focos de
crescimento econômico no Nordeste e aos programas de transferência de renda do
governo federal.
[...]
Outra mudança é a do perfil de quem
sai. Brito explica que antes a família toda migrava. Agora, quem deixa sua
terra tende a ir sozinho. “Problemas de mordia, oferta de emprego e violência
contribuem para isso”, comenta. E as intenções também mudaram: o emigrante de
agora almeja ficar fora o tempo suficiente para ganhar um bom dinheiro.
[...].
Como
ocorrem as interações culturais
Quem muda de cidade leva um pouco de si
na bagagem: o jeito de falar e de se vestir, gostos culinários e musicais... E,
se retorna, não é mais o mesmo: traz de volta um pouco do lugar onde viveu.
“Assim, ocorre uma reconstrução cultural com os elementos de origem e os
novos”, explica Sueli Furlan. [...]
O choque entre culturas muito
diferentes pode implicar o isolamento dos migrantes, que se fecham em guetos,
para se manter firmes em sua identidade ou se proteger de preconceitos.
[...].
Migração
não é sinônimo de problema social
O senso comum diz que o movimento de
pessoas em busca de novas oportunidades sempre causa desemprego e violência.
Estudo realizado por José Marcos da Cunha e Cláudio Dedeca, que compara a
relação entre migração e trabalho, mostra que não é bem assim. Nos anos 1960 e
70, os imigrantes garantiram a força de trabalho para a expansão da região
metropolitana de São Paulo. Quando as taxas de desemprego começaram a subir em
razão de crises econômicas, muita gente julgou que eram eles que tomavam as
vagas dos paulistanos. Porém, a partir dos anos 1990, começou a redução do
fluxo migratório e era o crescimento natural da população que aumentava a
oferta de trabalhadores. Ideias como essas distorcem a imagem dos migrantes,
gente que faz parte da construção da economia e da cultura do nosso país.
Amanda Polato. Os
fluxos migratórios no Brasil. Publicado na revista Nova Escola, edição 224,
agosto de 2009, páginas 58 a 61. Crédito: Amanda.
Fonte: Língua Portuguesa – Caminhar e transformar – Aos finais do ensino
fundamental – 1ª edição – São Paulo – FTD, 2013. p. 150-3.
Entendendo a reportagem:
01 – De acordo com o texto,
quem são os migrantes e, aproximadamente, quantos existem atualmente no Brasil?
Migrantes são
pessoas que deixam suas cidades de origem rumo a outras, para nelas viver
permanente ou não. Cerca de 40% da população brasileira é formada por
indivíduos migrantes.
02 – Os fluxos migratórios
permanecem iguais ao longo do tempo? Por que isso acontece?
Não. Segundo o
texto, os fluxos migratórios se esgotam ou se modificam com o passar do tempo.
No Brasil, por exemplo, eles foram mais intensos entre as décadas de 1960 e
1970, mas ainda ocorrem atualmente. O movimento de pessoas por diferentes
lugares faz parte da dinâmica das sociedades.
03 – Com base no texto, como
podem ser caracterizados os fluxos migratórios no Brasil atual? Quais são as
principais causas desse processo?
Nota-se uma tendência ao retorno das
pessoas a seus locais de origem. Entre as principais causas, destacam-se a
redução e a terceirização do emprego nas indústrias da região Sudeste, os novos
focos de crescimento econômico no Nordeste e os programas de transferência de
renda promovidos pelo governo.
04 – Presença dos migrantes
é responsável por trocas culturais entre os vários estados do Brasil. Em que
aspectos da cultura podem ser notadas as influências dos migrantes?
É comum observar
a influência dos migrantes no vestuário, na culinária, na música e nos dialetos
característicos das várias regiões do país.
05 – Ao mesmo tempo em que
ocorrem contatos culturais positivos no processo de migração, também são
observados choques entre as diferentes culturas. Quais são as principais
consequências desses conflitos para os migrantes?
Nota-se, muitas
vezes, um isolamento dos migrantes, motivado pela choque cultural e pela
intolerância, com o objetivo tanto de manter as tradições quanto de evitar o preconceito.
06 – Pesquise a palavra
empregada para nomear o preconceito em relação a estrangeiros e migrantes, e
copie-a.
Xenofobia.
07 – Você é migrante na
cidade em que vive ou conhece pessoas que migraram para outros locais? Que
motivos foram responsáveis por essa mudança? Foram encontradas melhores
oportunidades de vida e de trabalho nas novas cidades? Como essas pessoas se
relacionam com a população local?
Resposta pessoal
do aluno.
08 – Ao relacionar migração
e trabalho, que contribuições são oferecidas pelos migrantes, de acordo com o
texto?
Os migrantes
contribuem para a construção da economia e da cultura do país.
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