Cordel: Cordel em versos - Fragmento
“EU resolvi escrever
Um cordel sobre CORDEL
Porque o cordel tem sido
Meu companheiro fiel,
E pra tirar do leitor
Alguma dúvida cruel”.
O cordel em minha vida
Esteve sempre presente;
Esteve, está e estará
Na vida de muita gente!
Comigo ele sempre foi
Um professor excelente.
É que nasci no sertão
Onde havia pouca escola.
Por lá os divertimentos
Eram: um joguinho de bola,
Forrós, vaquejadas e
Versos ao som da viola.
E as leituras de folhetos
Dos poetas do sertão.
Quando aparecia um.
Os jovens da região
Se reuniam e, atentos,
Ouviam a narração.
Pois o povo era sensível,
E, apesar de ser pacato,
De ter pouca informação
E, de residir no mato,
A leitura de folhetos
Foi sempre o grande barato.
Era comum na fazenda
A gente se reunir
Ao redor de uma fogueira
Pouco antes de dormir
Para ler versos rimados,
Cantar e se divertir.
O Pavão Misterioso,
Coco Verde e Melancia
E o de Pedro Malazarte
A gente com gosto lia.
Logo se emocionava
Com cada autor que surgia.
José Pacheco, a meu ver,
Foi um poeta moderno.
O seu folheto A chegada
De Lampião no inferno
É um dos mais bem-compostos,
Nasceu para se eterno.
E nesse clima poético
Pude me desenvolver.
Sempre lendo, sempre atento,
E depois de tanto ler
E de tanto ouvir, senti
Que precisava escrever.
Mas para escrever direito
Era preciso estudar,
Dominar a arte de
Rimar e metrificar.
E pra botar conteúdo
Eu tinha que pesquisar.
E li muitos e bons livros:
O Dicionário, a Gramática!
Devorei livros de História,
De Redação, Matemática,
E tudo que eu aprendia
Ia colocando em prática.
Fiz meus primeiros versinhos
Com quinze anos de idade;
Mas uns versos primitivos,
Sem muita propriedade,
Pois nessa idade ninguém
É poeta de verdade.
Mas prossegui pesquisando,
Lendo isso, lendo aquilo,
Questionando, indo atrás,
Curioso e intranquilo.
E escrevendo muito, até
Desenvolver meu estilo.
E li poesia branca,
Li poesia rimada,
Li poesia matuta,
Moderna, metrificada,
E descobri que pra ler
Qualquer estilo me agrada.
Mas na hora de escrever
Foi que eu pude constatar
Que minha paixão maior
Era mesmo o popular.
E as origens do cordel
Eu resolvi pesquisar.
[...].
Moreira de Aropiara. Cordel em arte e
versos. Xilogravuras de Erivaldo Ferreira da Silva. São Paulo: Acatu/Duna
Dueto, 2008, p. 6-10.
Fonte: Língua Portuguesa – Caminhar e
transformar – Aos finais do ensino fundamental – 1ª edição – São Paulo – FTD,
2013. p. 25-7.
Entendendo o cordel:
01 – Observe a forma como o
texto Cordel em versos se apresenta na página.
a) Cada estrofe é formada por quantos versos?
Cada estrofe é formada por seis versos.
b) O trecho é formado por quantas estrofes?
O trecho é formado por 15 estrofes.
c) O que separa uma estrofe da outra?
Há um espaço em branco entre uma estrofe e outra.
d) Considerando a forma como ocupam o espaço da página, o texto Cordel em versos e uma carta são parecidos? Por quê?
Não, porque o texto Cordel em versos está organizado em versos. Uma
carta é organizada em parágrafos.
02 – Numere cada verso da
primeira estrofe do texto Cordel em versos.
a) Leia os versos 2, 4 e 6 dessa estrofe e observe as palavras finais de cada um deles. O que você percebeu?
Que o final de cada deles se rimam.
b) Sua observação também se aplica às outras estrofes?
Sim. Em todas as estrofes o segundo, o quarto e o sexto verso rimam.
c) Escolha mais uma estrofe e pinte com a mesma cor as palavras de cada verso que apresentam finais semelhantes.
Resposta pessoal do aluno.
03 – Assinale as
alternativas que estão de acordo com o poema de cordel que você leu: Por que o
cordel era importante no sertão?
(X) Porque havia poucos
divertimentos.
( ) Porque os poetas ganhavam dinheiro com
ele.
(X) Porque o povo se divertia com os
versos.
04 – Converse com seus
colegas: Por que o poeta afirma que o cordel foi para ele “um professor
excelente”?
Porque a
literatura de cordel no sertão tinha a função de levar não só histórias como
também informações que não chegariam por outros meios, já que havia poucas
escolas.
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