Música(Atividades): O Que Será (À Flor da Pele)
Milton Nascimento
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita
O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
E nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo.
HOLLANDA, Chico Buarque de.
Chico Buarque – Letra e música. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
Fonte: Livro – Viva
Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São
Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 60-2.
Entendendo a música:
01 – De acordo com o texto,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Alquimia: a química da Idade Média, que buscava o remédio contra todos
os males físicos e morais e a pedra filosofal, que transformaria os metais em
ouro.
·
Dissimular: disfarçar.
· Quebranto: segundo a crendice popular, efeito maléfico que o olhar ou a
atitude de uma pessoa produz em outra.
·
Revelia: rebeldia; teimosia.
·
Unguento: medicamento de uso externo à base de gordura.
02 – Diante das sensações
que o envolvem, o eu lírico dessa letra fica confuso, surpreso, mas não
consegue atribuir nome a seu sentimento. Relacione essa afirmação ao título da
canção.
Mesmo sem o ponto de interrogação, é
possível que o título “O que será” seja uma pergunta; o próprio eu lírico
desejaria saber o que ele tem. Entre parênteses, portanto, está uma das chaves
para a compreensão da letra, “À flor da pele”, indicando que, seja qual for a
causa perturbadora, as manifestações seriam sensações físicas.
03 – Releia os versos das
linhas 1 a 7 e responda às questões abaixo:
a) Pode-se afirmar que nesses versos há uma gradação de sentimentos? Explique.
Sim, trata-se de uma gradação. A sensação é percebida primeiro
internamente (“por dentro”), depois da pele, no rosto, nos olhos e na fala,
ficando, assim, cada vez mais evidente, impossível de disfarçar.
b) Como se pode descrever o sentimento do eu lírico? Ele controla com facilidade o que sente?
O eu lírico não tem controle sobre o sentimento que o invade, que é
praticamente autônomo.
04 – A descrição de
sensações feita pelo eu lírico nos versos dados na atividade 3, permite uma
hipótese de resposta à pergunta “O que
será?”
a) O que está provocando todas essas sensações no eu lírico seria, aparentemente ............
·
Uma doença contagiosa.
·
Uma paixão amorosa.
·
Um segredo que ele não consegue esconder.
b)
Pensando na resposta dada ao item a, explique com suas palavras os
cinco últimos versos da primeira estrofe.
Resposta pessoal do aluno.
05 – A resposta ao item b, da questão 3, pode ser
confirmada por versos da segunda estrofe. Quais?
“Que dá dentro da
gente e que não devia / Que desacata a gente, que é revelia.”
06 – Releia os versos 16 a
18. Eles revelam que o sentimento do eu lírico é ........
a)
Contraditório e insaciável.
b)
Carnavalesco.
c)
Insatisfeito e religioso.
07 – Releia os versos 19 e
20. Esses versos da segunda estrofe retomam um da primeira, tornando-o mais
concreto. Copie esse verso no caderno.
“O que não tem remédio, nem nunca terá”.
08 – O verso identificado na
atividade anterior permite comparar o estado em que se encontra o eu lírico a
uma doença. Copie as palavras da segunda e da terceira estrofe que confirmem
essa afirmação.
Na segunda
estofe: doente, unguentos, quebrantos, alquimia, santos. Na terceira estrofe: tremores,
agitar, ardores, atiçar, suores, encharcar.
09 – A ideia de que o
sentimento do eu lírico é algo que ele não pode controlar, se repete em alguns
versos. Copie-os.
“O que não tem
medida, nem nunca terá”, “O que não tem limite”, “O que não tem governo, nem
nunca terá”.
10 – Entre as propostas a
seguir, apenas uma não serve como recurso para determinar o sentimento do eu
lírico. Complete a frase no caderno, fazendo adaptações, conforme necessário.
O sentimento que transforma o eu lírico em “O que será (À flor da pele)”, de Chico Buarque, mesmo sem ser nomeado em nenhum momento, é percebido por meio dos seguintes recursos:
a)
O eu lírico descreve as sensações que
um sentimento, que pode ser a paixão, lhe provoca.
b) Certas ideias importantes para a
compreensão do sentido do texto são repetidas de diferentes maneiras ao longo
das estrofes.
c)
Empregam-se palavras do campo
semântico da doença a fim de expressar as sensações físicas do eu lírico.
d) Empregam-se palavras relacionadas à suavidade e à doçura para expressar a felicidade do amor correspondido
e)
A ideia da ausência de controle do
eu lírico sobre suas sensações é reiterada.
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