Soneto XXXII
Guilherme de Almeida
Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada,
eu saía a brincar, pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.
Fazia, de papel, toda uma armada;
e, estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada...
Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são feitos de papel, são como aqueles,
Perfeitamente, exatamente iguais...
– Que os meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltam mais!
Guilherme de Almeida. Disponível
em: www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?
Infoid=6055&sid=186. Acesso em: 10 out. 2012.
Fonte: Livro – Viva
Português 1° – Ensino médio – Língua portuguesa – 2ª edição 1ª impressão – São
Paulo – 2014. p. 140-1.
Entendendo o poema:
01 – Lendo o “Soneto XXXII”,
percebemos que, em relação ao conteúdo, ele poderia ser dividido em duas
partes: uma representada pelas duas primeiras estrofes e outra pelas duas
últimas.
a) Do que trata cada parte do poema?
Na primeira, o eu lírico fala de seus tempos felizes de menino,
quando fazia barquinhos de papel e os soltava pela enxurrada. Na segunda, o eu
lírico já é moço, adulto, e compara seus ideais a barquinhos de papel, que vão
com a enxurrada e não voltam mais.
b) Que tempo verbal predomina em cada parte e qual a relação dele com o conteúdo do texto?
Na primeira parte, predomina o pretérito imperfeito do indicativo,
empregado na descrição do passado do eu lírico. Na segunda parte, predominam o
presente do indicativo na terceira estrofe (em que o eu lírico traz o assunto
para o presente e constata a semelhança entre seus ideais e os barquinhos) e o
pretérito perfeito do indicativo na última estrofe (quando ele compara a perda
dos ideais à ida dos barquinhos).
02 – Na primeira parte do
texto, predominam as ideias de felicidade (“tempos felizes de menino”), de
realização (“Fazia, de papel, toda uma armada”) e de confiança no futuro (“eu
soltava os barquinhos, sem destino”). Que ideias predominam na segunda parte?
Na segunda parte
predominam as ideias de desilusão, de desencantamento (“lá se foram eles!”) e
de esperança (“Foram-se embora e não voltaram mais!”).
03 – Transcreva no caderno
as alternativas corretas.
a)
Na primeira parte do poema, as
frases são mais longas e menos interrompidas pela pontuação.
b) Na primeira parte, há vários pontos-finais no interior dos versos, o que favorece o suspense da descrição.
c)
A segunda parte traz mais frases
curtas que a primeira e outros sinais de pontuação, além das vírgulas e das
reticências.
d)
A leitura da primeira parte é mais
fluida (fácil, fluente) que a da segunda.
e)
A extensão das frases e a pontuação
contribuem para reforçar as ideias expressas em cada parte.
f)
Não se pode afirmar que exista relação entre
a pontuação e as ideias expressas no poema.
04 – Esse poema, escrito na
primeira metade do século XX, é comovente porque trata de uma questão comum a
grande parte das pessoas: a oposição entre um momento de clara felicidade
(muitas vezes localizado na infância) e um momento de perda dos ideais, dos
sonhos.
a) Na sua opinião, o que são ideais?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Cada sociedade, em cada época,
tem seus ideais: hoje vemos a preponderância dos ideais individualistas e
daqueles relacionados à aparência e ao consumo.
b) Para o eu lírico do poema, a felicidade da infância e os ideais construídos nela seriam muito difíceis de alcançar na vida adulta. Você se identifica com esses pensamentos? O que pensa sobre seus sonhos de infância e seu futuro?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Peça aos alunos se seus sonhos
mudaram ou se ainda desejam que aqueles velhos ideais se realizem.
c) Hoje em dia é comum as pessoas prolongarem a adolescência, adiando o momento de ingressar no mercado de trabalho e sair da casa dos pais. Qual é sua opinião sobre essa atitude?
Resposta pessoal do aluno.
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