domingo, 19 de setembro de 2021

NOTÍCIA: PROFESSOR USA FAKE NEWS PARA ENSINAR CIÊNCIA NA ESCOLA - PAULA ADAMO IDOETA - COM GABARITO

 Notícia: Professor usa fake news para ensinar ciência na escola

Paula Adamo Idoeta – Da BBC Brasil em São Paulo – 21 abril 2018

     

   Alvo de debate ao redor do mundo por seu possível impacto na democracia, as fake news – notícias inventadas geralmente com o objetivo de viralizar na internet e influenciar consumidores e eleitores – têm sido usadas em uma escola particular do interior paulista para ensinar pensamento crítico e pesquisa científica.

        A iniciativa é do professor de ciências Estêvão Zilioli, de Ourinhos (a 360 km de São Paulo), que desenvolveu um curso semanal voluntário no contraturno para alunos do ensino médio. Os próprios estudantes buscam as notícias de cunho duvidoso para análise em sala de aula.

        A ideia é que eles próprios se perguntem: essa notícia tem fontes e dados confiáveis? Merece ser acreditada – e compartilhada?

        "Eles trazem as notícias das quais ficam desconfiados. Começamos com notícias de ciências e saúde, mas os alunos se interessaram também por notícias de entretenimento e política, por estarmos em um ano eleitoral", conta Zilioli à BBC Brasil.

        "O método de checagem é o mesmo para todas: buscar informações de fontes confiáveis. Estou falando de método científico, de busca de informações seguras que possam ser demonstradas, até para eles entenderem que não é simples provar as coisas."

        A aula se centra em discutir as notícias e em encontrar formas de checar as informações online – buscando as fontes originais dos fatos ou pesquisando em artigos acadêmicos, periódicos científicos, IBGE e sites de tribunais eleitorais, por exemplo.

        Entre as notícias já analisadas, estão:

        -- Uma de que frutas ingeridas em jejum curam câncer, que os alunos perceberam que não tinha fontes seguras para garantir a afirmação do título;

        -- A de uma mãe que teria aplicado botox na filha pequena (os jovens foram atrás das imagens da mãe, que é participante de um reality show nos EUA, e estão tentando tirar suas próprias conclusões pelos vídeos);

        -- Uma do cientista Stephen Hawking, morto em março, falando sobre vida extraterrestre (os alunos descobriram que a notícia em si não era falsa, mas tinha um título exagerado);

        -- Uma de que o juiz Sergio Moro seria orador em cerimônia de universidade americana, a qual, apesar de ter algumas informações verdadeiras, trazia declarações falsamente atribuídas a um pesquisador da instituição;

        -- Uma sobre terraplanismo, difícil de ser analisada justamente por colocar em xeque premissas científicas.

        As nuances das notícias têm sido úteis para os alunos entenderem a categorizá-las, diz Zilioli. "Vimos que há notícias falsas, mas também as que são baseadas em fatos verdadeiros, porém com títulos exagerados ou sensacionalistas", explica o professor, notando uma mudança no comportamento dos estudantes.

        "Eles já estão mais treinados a ver o que é falso ou não do que recebem do grupo da família (no WhatsApp) e pensam duas vezes antes de acreditar. Antes, se uma matéria era compartilhada muitas vezes, eles achavam que necessariamente era real. Agora, estão percebendo que esse critério numérico não vale. E mesmo que eles percebam logo de cara que a notícia é fake, têm de confirmar isso com a metodologia."

        A ideia fez o professor ser selecionado para o projeto Inovadores, do Google, que o ajudou a idealizar um site – batizado pelos alunos de Ourinhos de HoaxBusters, ou Caça-boatos –, que terá uma espécie de "termômetro" para identificar o quanto cada notícia analisada tem de veracidade.

        As aulas vêm ajudando a estudante Giovana Domiciano Sanches, 16, a identificar notícias falsas que circulam nos grupos virtuais nas e redes sociais.

        "Algumas são notícias velhas – quando vamos checar as datas e horários, vemos que tem gente que posta links de 2013, por exemplo", conta Giovana à BBC Brasil.

        "Pensando em como o mundo avançou, com os meios de comunicação e a eleição do (presidente americano Donald) Trump, é importante para a gente saber como verificar as informações e compartilhar só depois de ver o conteúdo na íntegra, não só pelas chamadas."

IDOETA, Paula Adamo. Professor usa fake News para ensinar ciência na escola. BBC Brasil, São Paulo, 21 abr. 2018. Disponível em: https://bbc.in/2v4E5hs. Acesso em: 29 set. 2018.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 9º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 185-8.

Entendendo a notícia:

01 – Volte à notícia e releia os dois parágrafos iniciais. Depois, responda às questões.

a)   Que fato é noticiado?

Fake News têm sido usadas em uma escola particular do interior paulista para ensinar pensamento crítico e pesquisa científica.

b)   Onde e quando ocorreu?

Em um colégio particular em Ourinhos (SP), durante o ano letivo de 2018.

c)   Como e por que aconteceu?

O professor de ciências Estevão Zilioli desenvolveu um curso semanal voluntário no contraturno para alunos do ensino médio. Os alunos buscam as notícias de cunho duvidoso para análise em sala de aula. Essa iniciativa surgiu em decorrência do debate mundial que tem sido feito sobre as fake News e por seu possível impacto na democracia e na manipulação dos usuários da internet.

d)   Você considera essa iniciativa relevante? Por quê?

Resposta pessoal do aluno.

02 – Releia este trecho da notícia:

        "Eles trazem as notícias das quais ficam desconfiados. Começamos com notícias de ciências e saúde, mas os alunos se interessaram também por notícias de entretenimento e política, por estarmos em um ano eleitoral", conta Zilioli à BBC Brasil.”

a)   Como os alunos do professor Estevão fazem a checagem dessas informações trazidas para a aula? Você já faz esse procedimento? Comente.

Os alunos trazem as notícias de caráter duvidoso, buscam informações em fontes confiáveis e seguras que possam ser demonstradas e justificadas por método científico. Resposta pessoal do aluno.

b)   Segundo o professor, em quais fontes os alunos precisam checar as informações? Você já usou essas fontes para pesquisa? Comente.

Nas fontes originais dos fatos ou por meio de pesquisa em artigos acadêmicos, periódicos científicos, IBGE, sites de tribunais eleitorais, entre outros.

c)   Que outras fontes, além das citadas no texto, podem ser pesquisadas para checar a veracidade da notícia? Pesquise na internet, se precisar.

Em agências de checagem de fatos, como e-farsas, boatos, org. agência Lupa, Aos Fatos, entre outras, e portais de notícias que têm seções específicas para esse tipo de consulta.

03 – Leia as informações do quadro e responda às questões:

        Fake News é o nome dado ao fenômeno da disseminação de notícias falsas nas redes sociais ou por mensagens instantâneas. Essas notícias falsas podem ser dos seguintes tipos:

·        Conteúdo criminosamente fabricado, ou seja, 100% falso, para enganar o leitor.

·        Sátira ou paródia descontextualizada e apresentada como se fosse notícia verdadeira.

·        Conteúdo manipulado, com notícias e imagens diferentes do ocorrido.

·        Contexto falso, imagens e fatos descontextualizados para levar o leitor a acreditar em uma situação diferente da que ocorreu.

·        Conteúdo enganoso, com uso de dados reais, mas interpretação falsa ou exagerada.

·        Conexão falsa, com uso de fotos, títulos ou legendas sem conexão com o conteúdo.

a) a) Quais notícias analisadas pelos alunos do colégio de Ourinhos podem se enquadrar em conteúdo enganoso? Explique.

A notícia sobre as frutas ingeridas em jejum que curam câncer pode ser considerada enganosa porque o consumo de determinados alimentos previne vários tipos de doença, inclusive o câncer, mas não há comprovação sobre o fato noticiado. Em relação à notícia sobre o cientista Stephen Hawking, morto em março, falando sobre vida extraterrestre, os alunos descobriram que a notícia em si não era falsa, mas tinha um título exagerado. À notícia sobre terraplanismo colocava em xeque diferentes premissas científicas.

b)   Em qual das notícias analisadas pelos alunos pode ter ocorrido conexão falsa? Explique.

A notícia de que o juiz Sergio Moro seria orador em cerimônia de universidade americana, a qual, apesar de ter algumas informações verdadeiras, trazia declarações falsamente atribuídas a um pesquisador da instituição.

c)   Qual das notícias pode ter disseminado conteúdo manipulado? Explique.

A notícia de uma mãe que teria aplicado botox na filha pequena. Como os alunos estavam pesquisando vídeo, pode ser que tenha sido manipulado.

d)   Em sua opinião, por que muitas vezes pode ser difícil identificar uma fake News? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

e)   Segundo o professor Zilioli, a quantidade de compartilhamento não prova que uma notícia é verdadeira. Você concorda com ele? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

04 – Releia o depoimento da estudante Giovana e responda às questões a seguir:

        "Pensando em como o mundo avançou, com os meios de comunicação e a eleição do (presidente americano Donald Trump), é importante para a gente saber como verificar as informações e compartilhar só depois de ver o conteúdo na íntegra, não só pelas chamadas."

a)   Que acontecimento a estudante atribuiu à disseminação de fake News? Em sua opinião, que outros acontecimentos no Brasil e no mundo podem ter sofrido grande influência de notícias falsas?

A estudante comenta que a eleição de Donald Trump ocorreu em decorrência da disseminação de fake News. Resposta pessoal do aluno.

b)   Em suas redes sociais ou grupos de aplicativo de mensagem instantânea, é comum as pessoas compartilharem conteúdo só pela chamada? Comente.

Resposta pessoal do aluno.

c)   Você acha que as pessoas, de modo geral, sabem quais são as consequências de compartilhar notícias falsas? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

d)   Você concorda ou discorda da opinião apresentada pela estudante Giovana? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

05 – O que o professor Estevão conquistou com a ideia de criar esse curso no colégio onde trabalha? Qual é a relevância dessa iniciativa para a sociedade? Comente.

      A iniciativa do professor foi selecionada para o projeto inovadores, que o ajudou a idealizar um site, que terá uma espécie de “termômetro” para identificar quanto cada notícia analisada tem de veracidade. Com essa iniciativa, mais um site de checagem de fatos pode ajudar a identificar notícias falsas.

       

 

 

 

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