terça-feira, 25 de agosto de 2020

CRÔNICA: EU VI! EU SEI! EU LI! - JOBA TRIDENTE - COM GABARITO

 Crônica: Eu vi! Eu sei! Eu li!   

                    Joba Tridente

 

Eu vi! Eu sei! Eu li!

Da coletânea de crônicas: Catarse Tardia

 Um homem foi preso, ontem. Eu vi! Tentava roubar uma bandeira nacional, do pavilhão, na praça do governo. Os homens que o prenderam eram brutos. Eram montes enormes. Eu sei! Usavam armas de última geração. Dessas que matam sem deixar marcas. Eu li!

        O homem desapareceu no meio dos grandes. Como um afogado. Depois voltou a aparecer. Só a cabeça. Como um afogado. Os prendedores eram como ondas. Não havia salva-vidas, ali. Só grandes ondas e um pequeno homem se debatendo no meio delas. Alguns pombos voavam. Corujas também. O homem resistia à tormenta das ondas. Parecia não aguentar nadar por muito mais tempo. Faltava-lhe o ar. Engasgava-se. Dizem que o sangue é doce. Também salgado. Talvez acre-doce. Assim como o mar.

        Um náufrago morreu na praia, hoje. Eu vi! Dizem que estava bêbado e saiu pra pescar tubarões, em alto mar, além das 200 milhas. Foi atacado por orcas e peixes-espada. Eu sei! Os jornais disseram outra coisa. É difícil saber a verdade. É palavra de pescador contra de informador. Um colunista disse ouvir dizer de uma fonte confiável que, antes de morrer na praia, o homem cuspiu algumas palavras. Elas foram gravadas, por um anônimo e estão sendo analisadas por peritos, em um Laboratório de Fonética Forense. A sua fonte adiantou que os técnicos estão confusos. O que o homem parece dizer não bate com a explicação dos pescadores. A gravação diz que ele saiu pra pescar uma bandeira nacional. Como é que alguém pode ir pescar uma bandeira em alto mar? A voz, na fita, diz que a bandeira era pra fazer roupa pros seus filhos. Entre outras coisas o náufrago morto alega que seus filhos, depois, vestidos de bandeira, seriam uma bandeira viva andando pelas ruas. E não um simples pedaço de pano voando ao léu... Eu li!

                                                                Joba Tridente: 16.04.1998

Entendendo a crônica:

01 – O texto é construído com base nas informações que o cronista colhe nos lugares que percorre cotidianamente. De acordo com isso responda:

a)   Que fato desencadeou os acontecimentos narrados na crônica?

Um homem foi preso, ontem.

b)   Em que parágrafo o autor menciona o acontecimento que derivou essa crônica?

No primeiro parágrafo.

02 – Qual o lugar onde ocorreu o fato?

      Na praia.

03 – Em que pessoa verbal o narrador conta o fato?

      Na terceira pessoa do singular.

04 – O narrador fazia parte da história contada ou estava como observador, de fora?

      O narrador estava como observador.

05 – Explique o título “Eu vi! Eu sei! Eu li!”

      O narrador diz que viu um homem ser preso. Ele diz que sabe que os homens que prenderam o homem eram brutos, e leu que eles usavam armas de última geração.

06 – Que motivo levou o homem a ser preso?

      Estava tentando roubar uma bandeira nacional, do pavilhão, na praça do governo.

07 – Que pretendia o homem fazer com a bandeira?

      Fazer roupas para seus filhos.

 

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