quarta-feira, 8 de junho de 2022

ARTIGO DE OPINIÃO: O PODER DA AMIZADE NA ADOLESCÊNCIA - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: O PODER DA AMIZADE NA ADOLESCÊNCIA

                                         Rosely Sayão

         Terminada a infância, os filhos querem mais é trocar de turma porque os pais e a família já não bastam como companhia para eles. Essa é a hora de eles começarem a conquistar vida própria, de iniciarem a construção de sua privacidade, de darem os primeiros passos  rumo  à  independência  e  à  liberdade  possíveis  do  mundo  adulto.  Mesmo que os  filhos  tenham  um  grupo  de amigos que se frequenta desde muito cedo – o que tem ocorrido bastante no mundo atual –, é só a partir do início da adolescência que esse processo de estabelecimento de vínculos fora da família se consolida de fato.

 Fazer amigos ajuda a combater a ideologia consumista de nosso tempo, que pega tão pesado com os jovens, já que ter amigos subverte a lógica do consumo.

 Nunca é demais lembrar que a presença firme e tuteladora dos pais ainda é imprescindível na vida dos filhos, acima de tudo por meio de palavras e condutas que orientam, limitam, impõem e reafirmam as regras e normas de vida que são valorizadas no convívio familiar.  Ao mesmo tempo, é nessa fase que os pais devem iniciar  o  processo  de  substituição  das  imposições  por propostas e sugestões naquilo que diz respeito à vida do filho.

         Entretanto esse é um processo longo, que apenas tem sua largada nessa fase e deve terminar lá pelos 17 ou 18 a nos afim de  precipitar  a  autonomia  e  a  maturidade.  Agir com urgência ou  impaciência  e  abortar  o  processo  ainda  em  andamento prejudica sua chance de bom termo.

         Muitas coisas os jovens devem aprender com educadores escolares e pais nessa fase, e hoje vamos conversar a respeito de uma delas, que é crucial para que eles tenham um norte nos relacionamentos que passam a ter com seus pares de geração: as relações de amizade. A respeito das relações de coleguismo e das impessoais e incidentais, falaremos em outra oportunidade.

        Num mundo em que se aponta a popularidade – ser conhecido por um grande número de pessoas – como característica social das mais cobiçadas e reveladoras de prestígio, nada mais importante e necessário do que esse tema na educação.

      Muitos fatores têm contribuído para que os jovens tenham um conceito pouco sólido a respeito da amizade, já que quase todas as pessoas com quem eles se relacionam são chamadas de amigos. Talvez o mau hábito de pais e professores de, desde que a criança  é  bem  pequena,  nomearem  como  amigos  todos  os  colegas  de  classe,  de  prédio  ou  de  clube,  por  exemplo,  tenha  um grande peso nessa história. O fato é que eles não têm em conta como amigos apenas aqueles a quem eles querem bem e  a  quem  têm  grande  consideração.  Então, eles precisam saber que nem todo relacionamento é de amizade.

        Fazer amigos é uma escolha, se bem que viver sem  amigos  talvez  torne  a  vida  mais  árdua  do  que    é  ou,  quem  sabe,  até impossível  de  ser  vivida.  Amigo  não  deixa  de  ser  um  recurso  para  fazer  frente  às vicissitudes  da  vida.  E  os  jovens  precisam aprender que tal escolha traz compromissos: de disponibilidade, de dedicação, de generosidade, de tolerância e de lealdade, entre outros.

        Fazer amigos ajuda a combater a ideologia consumista de nosso tempo, que pega tão pesado com os jovens, já que ter amigos subverte a lógica do consumo. Quem cultiva amizades  entende que mais importante do que ter o poder de ter algo é ter alguém ao lado, poder contar com alguém.

         Ao despedir - se da infância, o jovem se depara com uma grande empreitada: saber quem é, reconhecer o outro e suas diferenças  e  respeitá-lo.  Essa é uma questão das mais  importantes  do  início  de  adolescência,  que acompanhará  o  jovem  pelo resto da vida, pois as relações de amizade são um campo fértil de experimentações que contribuem de forma criativa para essas descobertas.

         Tudo isso e muito mais os jovens podem aprender se pais e escolas, principalmente, contribuírem para que eles encarem a amizade como um valor. Mas, pelo jeito, temos é colaborado para que tal questão seja cada vez mais banalizada.

Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2508200510.htm>. Acesso em: 26 mar 2019.

 Entendendo o texto

 01.  Releia um trecho transcrito do quarto parágrafo: “

A  respeito  das  relações  de  coleguismo  e  das  impessoais  e  incidentais, falaremos em outra oportunidade.” Refletindo acerca do enunciador do trecho, explique por que houve silepse de  número  no verbo grifado.

Houve silepse de número em “falaremos”, pois a mensagem do texto está sendo transmitida por uma única pessoa, Rosely Sayão, então não havia a necessidade de se usar o plural, mas, provavelmente, ela fez isso para dar um tom de humildade ao texto.

 02. O  terceiro  parágrafo  encerra - se  da  seguinte  forma:  “Agir  com  urgência  ou  impaciência  e  abortar  o  processo  ainda  em andamento prejudica sua chance de bom termo.”

O pronome em destaque refere-se à/ao:

( a ) urgência.        ( c ) processo.

( b ) impaciência.    ( d ) maturidade

 

03. Releia três trechos do texto e transcreva o único que serviria adequadamente de resposta ao título (entre as opções), caso fosse um questionamento: Qual é o poder da amizade na adolescência?

 I.“Entretanto esse é um processo longo, que apenas tem sua largada nessa fase e deve terminar lá pelos 17 ou 18 anos a fim de precipitar a autonomia e a maturidade.”

II)“Muitos fatores têm contribuído para que os jovens tenham um conceito pouco sólido a respeito da amizade, já que quase todas as pessoas com quem eles se relacionam são chamadas de amigos.”

III)“ Quem cultiva amizades entende que mais importante do que ter o poder de ter algo é ter alguém ao lado, poder contar com alguém.”

 04. Assinale a frase que constitui um período simples.

( a ) “Agir com urgência ou impaciência e abortar o processo ainda em andamento prejudica sua chance de bom termo.”

( b) “A respeito das relações de coleguismo e das impessoais e incidentais, falaremos em outra oportunidade.”

( c ) “Então, eles precisam saber que nem todo relacionamento é de amizade.”

( d ) “Mas, pelo jeito, temos é colaborado para que tal questão seja cada vez mais banalizada.”

 

 

 

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