Poema: SE EU MORRESSE AMANHÃ
Álvares
de Azevedo
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudade morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! Que céu azul! Que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
AZEVEDO, Álvares de.
Cadernos Poesia brasileira: Romantismo. São Paulo: Instituto Cultural Itaú,
1995. p. 18.
Fonte: Língua
portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição –
Curitiba – 2010. p. 79-80.
Entendendo o poema:
01 – De acordo com o texto,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Louçã: bela, viçosa.
·
Afã: trabalho, empenho.
02 – Identifique como estão
distribuídas as rimas no poema.
Apenas os
segundos versos do poema rimam com o quarto, que funciona como um refrão,
repetido ao final de cada estrofe.
03 – Qual é a métrica
apresenta no poema?
O poema é composto por versos
decassílabos, à exceção do refrão, que é composto por uma redondilha maior: Se
eu/mor/res/se a/ma/nhã, vi/ri/a ao /me/nos; Fe/char/meus/olhos/mi/nha/tris/te
ir/mã (dez cada); Se/eu/mor/res/se a/ma/nhã (sete).
04 – O título do poema
funciona também como refrão. Que efeito de sentido essa repetição, associada ao
ritmo, produz no poema?
O ritmo do refrão
é diferente dos demais versos, como se constata no item 3. Aliada a isso, a
repetição do título na forma de refrão faz com que a frase “Se eu morresse
amanhã” se torne uma ladainha, uma lamentação, mas também uma espécie de desejo,
muitas vezes repetido.
05 – O eu lírico
apresenta-se dividido: de um lado lamenta perder a vida, de outro, vislumbra
algumas vantagens em sua morte. O que ele lamenta perder e o que vê como
vantagem?
O eu lírico
lamenta causar sofrimento à mãe e à irmã, perder as glórias futuras e o contato
com a natureza; por outro lado, acredita que a morte seria capaz de terminar
com a “dor no peito”.
06 – Relacione esse poema às
características do ultrarromantismo.
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