sexta-feira, 28 de junho de 2024

CONTO: TAWANÃ E O PÁSSARO VI-VI - FRAGMENTO - DENÍZIA CRUZ - COM GABARITO

 Conto: Tawanã e o Pássaro Vi-Vi – Fragmento

            Denízia Cruz

        Dias após dias, o sol brilhava na aldeia em que Tawanã vivia. Era uma aldeia muito feliz.

        O sol brilhava tanto que Tawanã dizia:

        -- Na aldeia parece que Tupã deu a cada parente um sol para carregar na cabeça, de tão quente que é.

 
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimeMRVaopnKI-Qm_46hpCuM3T2JV6WPnlleMuyW_amzLbM4IsWYLIFyUfXD23tRpNSKQosaMvx6uADwTAS9uO-iYya9e_xqt9F8aFdEqLZ02WFotWBRkdmPc4R7uFSlL91E07r2mZ4mO_FUhPJelBT6YfZxFzbP-0Q6DarBTZE_QdqUKqS6EEckWQZq1Y/s320/INDIO.jpg


        O sol era tão quente que não dava para trabalhar.

        -- Quente para limpar a roça, arrancar feijão, pescar de cuvú, rede, jererê e tarrafa...

        Certo noite, Tawanã ouviu seu pai participando da reunião cultural sobre um pássaro chamado Vi-Vi, que canta para anunciar avisos de perigo e notícias boas na aldeia.

        Na noite seguinte, o pai de Tawanã o chamou para contar histórias do pássaro, em volta do fogo, e disse:

        -- Filho, quando estava na Opara (Rio São Francisco) pescando, o pássaro Vi-Vi começou a cantar me avisando do enorme perigo que eu estava correndo. Logo percebi que algo poderia acontecer. Lancei a tarrafa duas vezes. O Vi-Vi cantou um canto forte. Cantou... Cantou... Na terceira cantoria eu senti que deveria ir embora. [...]

        Tawanã prestou muita atenção na história de seu pai. No dia seguinte, quando o sol ainda estava brilhando. Tawanã foi pescar no Rio São Francisco. Tawanã pescou, pescou e pegou muitos peixes.

        Quando Tawanã percebeu, o Vi-Vi começou a cantar... Ele ouviu o segundo canto, ouviu o terceiro... Continuou a pescar a pescar... Lançou a rede, puxou-a e de repente sentiu a rede pesada. Tawanã, lembrando a história de seu pai, sentiu algo errado. Trouxe a rede à margem do rio e viu uma bela mulher com vários e belos peixes enormes. A mulher se afastou da rede, então, e caiu no fundo do rio. Ele começou a entender que aquela linda mulher, protetora dos peixes, chamada de Mãe-D’água, deu os peixes enormes para alimentar a aldeia inteira em troca da presença dele no rio, na lagoa ou no mar; assim, ela poderia vê-lo sempre.

        Naquele momento, Tawanã sentiu o vento empurrando as folhas das árvores e ouviu a cantoria do Vi-Vi. [...]

        Quando chegou em casa, contou para seu pai o que aconteceu no rio em sua pescaria. O pai de Tawanã ficou feliz, porque ele entendeu a função do pássaro Vi-Vi.

        Abraçou Tawanã enquanto dizia:

        -- Você nasceu guerreiro, mas tem muito a aprender...

        Tawanã, feliz, levou os peixes para sua mãe limpar e distribuir na aldeia... No momento da entrega dos peixes, os parentes ouviram o canto do pássaro e agradeceram porque teriam peixes para as cerimônias.

        Na noite em que começaram a cerimônia, o vento uivava, as nuvens cobriam a lua tudo ficou em silêncio. O silêncio pairava sobre a cerimônia; de repente ouviram, ao longe, um canto melancólico.

        Era o canto daquela mulher que oferecera os peixes. Tawanã arregalou os olhos e lembrou-se do pedido dela... Naquele instante sabia da sua tarefa. Correu até a floresta e pediu aos céus que ela fosse embora, porque ele não poderia atender a seu pedido. Tawanã fechou os olhos por um tempo e pensou estar em inúmeros lugares que jamais saberia dizer onde eram...

        Lembrou que esteve em um lugar com vários tapetes vermelhos, cheios de poltronas, e viu um belo castelo, viu várias pessoas e vários guerreiros. No meio de tanta gente, avistou ao longe aquela bela mulher sentada em uma das poltronas e um rapaz com aparência igual a sua.

        [...]

        Tawanã abriu os olhos e percebeu que sua missão era a de pescador da aldeia para não faltar peixes nas cerimônias. Todos participaram agradecendo a Tupã pelos peixes e por uma missão cumprida com um canto de agradecimento.

CRUZ, Denízia. Cariri Xocó: contos indígenas. São Paulo: Edições Sesc, 2014, p. 15-21.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 27-30.

Entendendo o conto:

01 – Diga o que você leu no texto, conte com suas próprias palavras o que aconteceu.

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Agora, conte o que o personagem principal faz na história.

      O personagem pesca e leva os peixes para sua mãe limpar e distribuir entre os parentes.

03 – Quem é o pássaro Vi-Vi e o que ele representa para os indígenas?

      O pássaro aparece para os indígenas para alertá-los de perigos e trazer boas sobre a aldeia. É um tipo de representação de proteção.

04 – Qual foi a reação do pai de Tawanã ao ouvir o pássaro Vi-Vi enquanto pescava? Conte com detalhes o que aconteceu.

      O pássaro cantou duas vezes, o pai de Tawanã se alarmou. No terceiro canto do pássaro Vi-Vi, o pai de Tawanã abandonou a pescaria e foi para casa.

05 – Por que Tawanã não fez o mesmo que seu pai ao ouvir os três cantos do pássaro Vi-Vi?

        Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Tawanã não obedeceu aos ensinamentos de seu pai, que deixou o rio no terceiro canto.

06 – No conto, acontecem dois fatos parecidos. O primeiro é que o pai de Tawanã vai ao rio pescar, ouve três cantos do pássaro Vi-Vi e volta para casa. O segundo é que seu filho Tawanã vai ao rio pescar, ouve os três cantos do pássaro Vi-Vi, mas continua pescando. O que essa decisão provocou na vida de Tawanã?

      Por causa dessa decisão, ele pegou a Mãe-D’água na rede. Ela deu muitos peixes para Tawanã, com a condição de que ele deveria ir todos os dias ao rio para que ela pudesse vê-lo, o que mudou a sua vida.

07 – Releia o trecho:

        “Na noite em que começaram a cerimônia, o vento uivava, as nuvens cobriam a lua tudo ficou em silêncio. O silêncio pairava sobre a cerimônia; de repente ouviram, ao longe, um canto melancólico.

        Era o canto daquela mulher que oferecera os peixes. Tawanã arregalou os olhos e lembrou-se do pedido dela... Naquele instante sabia da sua tarefa. Correu até a floresta e pediu aos céus que ela fosse embora, porque ele não poderia atender a seu pedido.”

a)   Por que Tawanã correu para a floresta? Por qual razão você acha que ele fez isso?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Que ele era um menino e poderia andar pela floresta, brincar com os amigos e que não poderia mais fazer isso depois da promessa.

b)   O que significou para Tawanã aceitar a promessa feita à Mãe-D’água de estar sempre presente no rio, todos os dias?

Por causa disso, ele teria de pescar o resto de sua vida.

08 – Agora que você sabe que o conto indígena é sobre a passagem da vida de Tawanã de um menino comum para o pescador da aldeia, conte ao professor e aos colegas o que você gostaria de fazer na vida um dia. Você já imaginou que profissão gostaria de exercer?

      Resposta pessoal do aluno.

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