segunda-feira, 17 de junho de 2024

LENDA: O UAPÉ - LENDA INDÍGENA DO UAPÉ - COM GABARITO

 Lenda: O Uapé – Lenda indígena do Uapé.

        Pita e Moroti amavam-se muito; e, se ele era o mais esforçado dos guerreiros da tribo, ela era a mais gentil e formosa das donzelas. Porém, Nhandé Iara não queria que eles fossem felizes. Por isso, encheu a cabeça da jovem de maus pensamentos e instigou a sua vaidade.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhJXYPBUdIQhg60MzMKtLCpaqjaFvafCSRkY2XZjRV0UVXHKF0xOv_cUL2NmLccssC5evLHYZzddymjoa1MnX7JwHLZQGXopZbM_SNBwdz0Z5g9djb9ltMH20DgHwcAAVeb_VeGAaI6lp9bBnsrc55t_qUKqcZXHoel8Latb31LQ5sIxz2HQOj5uLITJg/s320/UAP%C3%89.jpg


        Uma tarde, na hora do pôr do sol, quando vários guerreiros e donzelas passeavam pelas margens do rio Paraná, Moroti disse:

        — Querem ver o que este guerreiro é capaz de fazer por mim? Olhem só!

        E, dizendo isso, tirou um de seus braceletes e atirou-o na água. Depois, voltando-se para Pita, que como bom guerreiro guarani era um excelente nadador, pediu-lhe que mergulhasse para buscar o bracelete. E assim foi.

        Em vão esperaram que Pita retornasse à superfície. Moroti e seus acompanhantes, alarmados, puseram-se a gritar. Mas era inútil, o guerreiro não aparecia.

        A desolação logo tomou conta de toda a tribo. As mulheres choravam e se lamentavam, enquanto os anciãos faziam preces para que o guerreiro voltasse. Só Moroti, muda de dor e de arrependimento — como que alheia a tudo —, não chorava.

        O pajé da tribo, Pegcoé, explicou o que ocorria. Disse ele, com a certeza de quem já tivesse visto tudo:

        — Agora Pita é prisioneiro de I Cunhã Pajé. No fundo das águas, Pita foi preso pela própria feiticeira e conduzido ao seu palácio. Lá, Pita esqueceu-se de toda a sua vida anterior, esqueceu-se de Moroti e aceitou o amor da feiticeira; por isso não volta. É preciso ir buscá-lo. Encontra-se agora no mais rico dos quartos do palácio de I Cunhã Pajé. E se o palácio é todo de ouro, o quarto onde Pita se encontra agora, nos braços da feiticeira, é todo feito de diamantes. E dos lábios da formosa I Cunhã Pajé, que tantos belos guerreiros nos tem roubado, ele sorve esquecimento. É por isso que Pita não volta. É preciso ir buscá-lo.

        — Eu vou! — exclamou Moroti — Eu vou buscar Pita!

        — Você deve ir, sim — disse Pegcoé. — Só você pode resgatá-lo do amor da feiticeira. Você é a única! Se de fato o ama, é capaz de vencer, com esse amor humano, o amor maléfico da feiticeira. Vá, Moroti, e traga Pita de volta!

        Moroti amarrou uma pedra aos seus pés e atirou-se ao rio.

        Durante toda a noite a tribo esperou que os jovens aparecessem; as mulheres chorando, os guerreiros cantando e os anciãos esconjurando o mal.

        Com os primeiros raios da aurora, viram flutuar sobre as águas as folhas de uma planta desconhecida: era o uapé (vitória-régia). E viram aparecer uma flor muito linda e diferente, tão grande, bela e perfumada como jamais se vira outra na região.

        As pétalas do meio eram brancas e as de fora, vermelhas. Brancas como o nome da donzela desaparecida: Moroti. Vermelhas como o nome do guerreiro: Pita. A bela flor exalou um suspiro e submergiu nas águas.

        Então, Pegcoé explicou aos seus desolados companheiros o que ocorria:

        — Alegria, meu povo! Pita foi resgatado por Moroti! Eles se amam de verdade! A malévola feiticeira, que tantos homens já roubou de nós para satisfazer o seu amor, foi vencida pelo amor humano de Moroti. Nessa flor que acaba de aparecer sobre as águas, eu vi Moroti nas pétalas brancas, que eram abraçadas e beijadas, como num rapto de amor, pelas pétalas vermelhas. Estas representam Pita.

        E são descendentes de Pita e Moroti estes belos uapés que enfeitam as águas dos grandes rios. No instante do amor, as belas flores brancas e vermelhas do uapé aparecem sobre as águas, beijam-se e voltam a submergir.

        Elas surgem para lembrar aos homens que, se para satisfazer um capricho da mulher amada um homem se sacrificou, essa mulher soube recuperá-lo, sacrificando-se também por seu amor. E, se a flor do uapé é tão bela e perfumada, isso se deve ao fato de ter nascido do amor e do arrependimento.

BRASIL. Contos tradicionais, fábulas, lendas e mitos. Brasília: MEC, 2000, p. 123-125. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001614.pdf. Acesso em: 18 fev. 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 76-78.

Entendendo a lenda:

01 – Qual era a relação de Pita e Moroti?

      Pita e Moroti eram um casal que se amava muito.

02 – O que Nhandé Iara fez para que Pita e Moroti não fossem felizes?

      Nhandé Iara encheu a cabeça de Moroti de maus pensamentos e instigou a sua vaidade.

03 – Em sua opinião, qual seria o provável motivo para Nhandé Iara não querer que o casal fosse feliz?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Provavelmente, ela tinha inveja da felicidade do casal e, por isso, não queria mais que fossem felizes.

04 – Por que Moroti atirou seu bracelete na água?

      Moroti, movida por sua vaidade, queria provar que Pita faria tudo por ela. assim, jogou o bracelete na água para que ele mergulhasse e resgatasse o objeto de sua amada.

05 – O que aconteceu com Pita quando mergulhou no rio?

      Ele foi feito prisioneiro por I Cunhã Pajé, uma feiticeira malévola.

06 – Por que Moroti era a única que poderia salvar Pita?

      Porque ela o amava e, segundo a lenda, somente o amor humano seria capaz de vencer o amor maléfico da feiticeira.

07 – De acordo com a lenda, por que as pétalas do uapé são brancas e vermelhas?

      As pétalas brancas fazem referência ao nome de Moroti e as vermelhas fazem referência ao nome de Pita.

08 – Quais palavras foram usadas na lenda para caracterizar Pita?

      Esforçado, bom, excelente nadador.

09 – Quais palavras foram usadas na lenda para caracterizar Moroti?

      Gentil, formosa.

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