domingo, 9 de junho de 2024

CRÔNICA: MORRERAM MAIS TRÊS OPERÁRIOS? SEM PROBLEMA. É SÓ REPOR. (FRAGMENTO) - LEOANRDO SAKAMOTO - COM GABARITO

 Crônica: Morreram mais três operários? Sem problema. É só repor – Fragmento

              Leonardo Sakamoto

        Três trabalhadores morreram, neste sábado (30), nas obras da hidrelétrica de Belo Monte. Um silo para armazenamento de cimento com capacidade para 1.200 toneladas caiu sobre Denivaldo Soares Aguiar, José da Conceição Ferreira da Silva e Pedro Henrique dos Santos Silva. Um inquérito foi instaurado para identificar as causas do acidente.

        O Consórcio Construtor Belo Monte afirmou que se “solidariza com a dor dos familiares e está prestando todo o apoio às famílias”. Aliás, deve haver um Modelo de Aviso de Óbito à Imprensa usado por toda a empresa de construção civil quando questionada sobre trabalhadores mortos sob sua responsabilidade.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhNEs7VpWP_aQe27oBFGll1D1AtUn2bZFH3rjzcbUh-rtweWm0GLYJayn51E0TT8wcf6MTK0kMFH2qtW0qT9B93d7Mb2N8NhNB6W6aqFg4WB_C9Plr80onhkwtWhGYS9Wp-RKMb0-Qj4WIaRNmSg65R9k43HcxhnXXhH6EZCHsg7H79ibZpFn7j5P7Kiw/s1600/BELO.jpg


        É incrível como as notas públicas são iguais.

        Ou são as empresas que são sempre as mesmas?

        Bem, daí você lê a informação, pensa “puxa, que coisa” e segue.

        Operários morrem em “acidentes” em obras de Norte a Sul do país. Mas é mais fácil se indignar com denúncias de (desavergonhada) corrupção envolvendo empresas de construção civil do que com as mortes de seus operários. Elas são vistas como efeitos colaterais. Afinal de contas, é um pequeno custo a pagar diante do progresso.

        Pois a ponte precisa ficar pronta. O estádio precisa ficar pronto. A fábrica precisa ficar pronta. A hidrelétrica precisa ficar pronta. Meu apartamento novo precisa ficar pronto.

        [...].

SAKAMOTO, Leonardo. Publicado em: 30 maio 2015. Disponível em: http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2015/05/30/morreram-mais-tres-operarios-sem-problema-e-so-repor. Acesso em: 14 out. 2015. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 324-325.

Entendendo a crônica:

01 – Que fato motivou a escrita dessa crônica?

      A morte de três operários nas obras de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.

02 – A crônica associa o fato particular citado a uma análise mais geral da sociedade. O que o texto destaca?

      O texto destaca que, embora as mortes de operários estejam sendo frequentes, elas não comovem a sociedade.

03 – A ironia é o principal recurso de construção da crônica. Que palavra do título ajuda o leitor a perceber esse uso?

      A palavra mais indica que a morte é frequente e contrasta com a sugestão insensível de mera reposição.

04 – Por que o cronista empregou aspas em "acidentes"?

      As aspas chamam a atenção para o caráter irônico da palavra acidentes; o cronista não concorda com o uso dela para indicar mortes tão frequentes.

05 – No penúltimo parágrafo, o cronista analisa a relação que os brasileiros têm tido com as notícias sobre a área da construção civil. O que ele demonstra?

      O cronista demonstra que os brasileiros se indignam com notícias sobre a corrupção, mas veem com maturidade a morte de operários.

06 – Releia o último parágrafo do trecho transcrito. O que o cronista provavelmente pretende ao empregar o pronome meu?

      O cronista pretende levar a discussão das mortes na construção civil para a realidade próxima do cidadão comum, dele mesmo e do leitor.

07 – Explique por que o parágrafo de introdução revela um comportamento inverso aquele que é criticado na crônica.

      O cronista, no primeiro parágrafo, cita o nome completo dos operários mortos, evitando trata-los apenas como números, como tem feito a sociedade.

 

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