Poema: SAMBINHA
Mário de Andrade
Vêm duas costureirinhas pela rua das Palmeiras.
Afobadas, braços dados, depressinha,
Bonitas, Senhor! que até dão vontade pros homens da rua.
As costureirinhas vão explorando perigos…
Vestido é de seda.
Roupa-branca é de morim.
Falando conversas fiadas
As duas costureirinhas passam por mim.
– Você vai?
– Não vou não!
Parece que a rua parou pra escutá-las.
Nem os trilhos sapecas
Jogam mais bondes um pro outro.
E o sol da tardinha de abril
Espia entre as pálpebras crespas de duas nuvens.
As nuvens são vermelhas.
A tardinha é cor-de-rosa.
Fiquei querendo bem aquelas duas costureirinhas…
Fizeram-me peito batendo
Tão bonitas, tão modernas, tão brasileiras!
Isto é…
Uma era ítalo-brasileira.
Outra era áfrico-brasileira.
Uma era branca.
Outra era preta.
ANDRADE, Mário
de. Contos e Poemas. São Paulo: Expressão Popular, 2017. P.125-126.
Fonte: Maxi: Séries
Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas
de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 59-60.
Entendendo o poema:
01 – De acordo com o texto,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Crespo: grosso, ondulado, áspero.
·
Morim: tecido de algodão branco e fino.
·
Roupa-branca: peças íntimas do vestuário feminino.
02 – Agora, conte com suas palavras
do que trata o poema de Mário de Andrade?
Resposta pessoal do aluno.
03 – Em determinado ponto do
poema, são descritas as falas dos personagens. Indique onde estão localizadas
essas falas.
“Falando
conversas fiadas / As duas costureirinhas passam por mim / – Você vai? / – Não vou não!”.
04 – Agora, com a orientação
do professor (a), participe de uma experiência coletiva. O professor(a) vai
falar os versos, os meninos farão a primeira pergunta e as meninas responderão
(repetindo a pergunta e a resposta). Siga o roteiro abaixo.
Professor(a): Falando conversas
fiadas / As duas costureirinhas passam por mim.
Meninos: – Você vai?
Meninas: – Não vou não!
Meninos: – Você vai?
Meninas: – Não vou não!
Observe que a fala do professor(a)
funciona como “narrativa” e as perguntas dos meninos e as respostas das meninas
são o discurso direto. Esse recurso no poema dá a ele o estilo prosaico, isto
é, de conversa.
Faça a regência da turma nesta atividade
e peça que repitam a pergunta e a resposta. Veja se os estudantes notam que há
uma alusão rítmica ao samba nas perguntas e nas respostas. A alusão desse ritmo
está também nos trilhos que jogam bondes um para o outro. Não esperamos que os
estudantes entendam essa alegoria.
05 – Agora, diga aos colegas
qual é o sentido do poema para você.
Resposta pessoal
do aluno. Sugestão: O poema faz uma homenagem às origens do samba, ritmo
nascido nos morros do Rio de Janeiro e que une brancos e negros.
06 – No fim do poema, ficamos
sabendo que uma costureirinha é descendente de italianos e a outra, de
africanos. Diga se você acha que “Sambinha” quer dizer “fraternidade” entre
povos.
Resposta pessoal
do aluno.
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