Poema: Oh! Aquele menininho
Mário
Quintana
Oh! aquele menininho que dizia
“Fessora, eu posso ir lá fora?”
Mas apenas ficava um momento
Bebendo o vento azul…
Agora não preciso pedir licença a ninguém.
Mesmo porque não existe paisagem lá fora:
Somente cimento.
O vento não mais me fareja a face como um cão amigo…
Mas o azul irreversível persiste em meus olhos.
QUINTANA, Mario. Poema.
In: FERRAZ, Eucanaã (Org.). A lua no cinema e outros poemas. São Paulo:
Companhia das Letras, 2011. p. 39. © by Elena Quintana.
Fonte: Língua
Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem.
Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição.
São Paulo, 2016. p. 313.
Entendendo o poema:
01 – Observe o emprego do
pronome me no oitavo verso e responda: quem é o “menininho” de
que fala o eu lírico?
O “menininho” é o
próprio eu lírico, no passado.
02 – De que maneira se
constroem as referências temporais desse poema?
O pronome aquele
estabelece a distância do passado do eu lírico e contrasta com o advérbio agora,
de seu tempo presente.
03 – Em “Fessora, eu posso
ir lá fora?”, encontramos uma fórmula usada socialmente, em algumas
regiões, para evitar o uso de outra considerada menos educada ou meio constrangedora.
Qual seria?
O pedido para “ir
ao banheiro”.
04 – Que imagem usada no poema
traduz o prazer sentido pelo eu lírico ao sair para o espaço aberto e livre?
A imagem contida
em “bebendo o vento azul”.
05 – Que paisagem é construída
no verso “somente cimento”? De que forma se constrói essa referência?
O verso constrói
uma imagem de obstrução e monotonia pela repetição do fonema /s/ e pela
referência ao cimento, que alude às construções e cria um efeito monocromático.
06 – O verso “Agora não
preciso pedir licença a ninguém” expressa uma satisfação ou insatisfação?
Por quê?
A princípio, representaria algo
satisfatório, com a eliminação da autoridade que poderia impedir a realização
do desejo, mas torna-se insatisfatório quando se evidencia, no verso seguinte,
que a presença de uma autoridade já é irrelevante, pois as condições de
realização do desejo não existem mais.
07 – Cada ocorrência de lá
fora tem um sentido no poema. Quais são elas?
No primeiro caso,
trata-se de uma referência espacial: lá fora significa “fora da sala de
aula”. No segundo, além da referência espacial, pode também aludir a “fora do
sujeito”, fora da interioridade.
08 – Como você interpreta a
imagem final, o “azul irreversível” que persiste nos “olhos” do eu
lírico?
Resposta pessoal.
O “azul irreversível” pode ser interpretado como a sensibilidade da infância, o
gosto pela vida, o prazer, que persistem dentro do eu lírico.
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