Poesia: BRAZ MACACÃO – Fragmento
A Alfredo Reis Junior.
Apois sim: se o seu doutô
nhô môço e seu capitão,
nhá dôna e seu coroné
e mais o patrão quizé
a minha históra iscutá,
não faço questã... E, inté,
posso agora cumeçá.

Digo a mêcê, dende já,
que eu levei a vida intêra
pulos sertão, a viajá.
Os sertão lá do Ceará,
de Pernambuco e Bahia,
Paraíba e Maranhão,
cunhêço, cumo cunhêço
os dêdo aqui destas mão.
Mas porém sou naturá
d’outras terra, meu patrão.
N’um rancho todo cercado
d’um roçadão de mandióca,
d’um grande mandiocá,
eu naci im trinta e nove,
na serra de Ibitipóca,
que é lá prás Mina Gerá.
Apois oitenta janêro
carrégo aqui neste peito,
que é um véio jequitibá.
[...]
Catullo da Paixão Cearense. Braz Macacão. In: Guimarães Martins (Org.).
Luar do Sertão e outros poemas escolhidos. Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d.] p.
143.
Fonte: Português.
Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição –
São Paulo – 2012. FTD. p. 29.
Entendendo a poesia:
01
– Qual a origem do personagem Braz Macacão?
Braz Macacão nasceu na serra
de Ibitipoca, em Minas Gerais, em um rancho cercado por um grande plantio de
mandioca.
02
– Que tipo de vida Braz Macacão levava?
Braz Macacão
levava uma vida de viajante pelos sertões do Nordeste brasileiro, conhecendo
lugares como Ceará, Pernambuco, Bahia, Paraíba e Maranhão.
03
– Qual a idade de Braz Macacão no poema?
Braz Macacão
tinha oitenta anos no poema, como ele mesmo diz: "Apois oitenta
janêro/carrégo aqui neste peito".
04
– A quem Braz Macacão se dirige ao contar sua história?
Braz Macacão se
dirige a pessoas de diferentes posições sociais, como "doutô môço",
"capitão", "dôna", "coroné" e "patrão",
demonstrando que sua história é para todos.
05
– Como Braz Macacão descreve seu conhecimento dos sertões?
Braz Macacão compara seu
conhecimento dos sertões com o conhecimento que tem dos seus próprios dedos,
enfatizando a profundidade de sua experiência: "cunhêço, cumo cunhêço/os
dêdo aqui destas mão".
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