Poesia: Igreja
Carlos Drummond de Andrade
Tijolo
areia
andaime
água
tijolo.
O canto dos homens trabalhando trabalhando
mais perto do céu
cada vez mais perto
mais
— a torre.

E nos domingos a litania dos perdões, o murmúrio das invocações.
O padre que fala do inferno
sem nunca ter ido lá.
Pernas de seda ajoelham mostrando geolhos.
Um sino canta a saudade de qualquer coisa sabida e já esquecida.
A manhã pintou-se de azul.
No adro ficou o ateu,
no alto fica Deus.
Domingo...
Bem bão! Bem bão!
Os serafins, no meio, entoam quii ieleisão.
Carlos Drummond de Andrade. Igreja. In:_____. Reunião: 10 livros de
poesia. 5 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.
Fonte: Português.
Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição –
São Paulo – 2012. FTD. p. 68.
Entendendo a poesia:
01
– Qual a temática principal do poema?
O poema explora a
dualidade entre o trabalho árduo da construção da igreja e a espiritualidade
presente nos rituais religiosos que ali ocorrem.
02
– Como o poema descreve o processo de construção da igreja?
O poema descreve
o processo de construção da igreja de forma concisa e objetiva, listando os
materiais e ações envolvidos: "Tijolo / areia / andaime / água / tijolo. /
O canto dos homens trabalhando trabalhando / mais perto do céu / cada vez mais
perto / mais — a torre."
03
– Qual a crítica presente na fala do padre?
A crítica presente na fala
do padre é que ele fala do inferno sem nunca ter estado lá, sugerindo uma
desconexão entre a teoria religiosa e a experiência real.
04
– O que representa a figura do ateu no adro da igreja?
A figura do ateu no adro da
igreja representa a presença da dúvida e da descrença em um ambiente religioso,
contrastando com a fé dos demais presentes.
05
– Qual a atmosfera predominante nos versos finais do poema?
Os versos finais
do poema criam uma atmosfera de tranquilidade e aceitação, com a expressão
"Bem bão! Bem bão!" e o canto dos serafins, sugerindo uma conciliação
entre o humano e o divino.
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