Crônica: Quando o amor acaba
José Roberto Torero
Não foi fácil perceber o fim
deste amor. Primeiro, dei-me conta de que tinha virado amizade. Depois,
indiferença
SIM, EU SEI, enamorado leitor e
namoradeira leitora, esse não é um título para uma coluna de futebol. Mas há
coisas que há que se dizer, e às vezes não há como escolher hora ou lugar. Pois
a verdade, a dura e cruel verdade, é que eu já não a amo mais.
Não quero ser aquele tipo de homem covarde que diz que a culpa foi dela, mas
acho que tudo começou, ou acabou, porque eu a senti mais distante. Era como se,
pouco a pouco, ela fosse deixando de fazer parte da minha vida. Eu já não
queria saber como era o seu dia e já não me importava com os mínimos detalhes
da sua existência. Já não fazia diferença como ela se vestia, o que ela bebia,
se estava feliz ou não. E, acho, ela sentia o mesmo em relação a mim. No
começo, eu sacrificava mundos e fundos para vê-la, para estar com ela. Mas,
depois, parei de fazer questão de estar ao seu lado em todos os momentos. Se
fosse possível ficar com ela, tudo bem. Se não fosse, fazer o quê? Ela não era
mais a única coisa importante no mundo. E isso é triste.
Quando um amor morre, é como se
morresse um pedaço de nós. Todo aquele passado que construímos juntos parece
escoar pelo ralo. Todas as viagens, as alegrias, as tristezas, tudo se torna
parte de um passado inútil, que não levou a nada. E todo o futuro que sonhamos,
já não importa. O futuro que não virá também se transforma em passado.
Não foi fácil para mim perceber o fim
deste amor. Primeiro, dei-me conta de que ele tinha se tornado em amizade.
Depois, tornou-se em indiferença. E, quando isso acontece, você fica pensando:
"Para onde terá ido tudo aquilo que eu sentia por ela? Porque meu peito
não bate mais rápido quando a vejo entrar? Terei eu mudado ou mudou ela? Eu
devia ter feito algum gesto desesperado para salvar o que sobrava entre nós? De
quem é a culpa?" Falando em culpa, o que me deixa com mais remorso é que às
vezes ela parece se importar comigo, parece lutar para que o amor não morra. Há
dias em que está especialmente bela, põe uma roupa nova e diz palavras doces.
Fala que me respeita, que eu tenho o direito de estar chateado, fala que tudo o
que faz, faz por mim.
Mas
pouco adianta. Eu já não acredito nela. Até gostaria de acreditar, mas o amor é
uma planta delicada, que tem que ser regada dia a dia. E ela já não fazia isso.
Pronto, cá estou dizendo novamente que a
culpa é dela. Mas não, não seria honesto. Também sou culpado. Eu devia ter
feito alguma coisa. Devia ter brigado, exigido mudanças, talvez até dar-lhe um
tapa.
Sim, às vezes, só às vezes, poucas
vezes, um tapa reaproxima, reacende a chama. Se o leitor não me crê, é porque
nunca levou um tapa de amor. Mas nem este tapa eu lhe dei. Dei-lhe apenas
desprezo, o seco e estéril desprezo.
Sei que muitos dos leitores que
chegaram até esta linha já sentiram o mesmo. Já deixaram de amar aquela que
parecia ser o sal da vida, o motivo de suas maiores alegrias. É decepcionante,
não é? Mas, enfim, o amor acabou. Tanto que, no fim de semana, por várias vezes
me vi distraído, olhando para o lado, lendo alguma coisa e até mudando de
canal. Não, já não amo mais a seleção como antigamente...
Entendendo a crônica:
01 – Qual é o título da
crônica?
O título da
crônica é "Quando o amor acaba".
02 – Quem é o autor da
crônica?
O autor da crônica é José Roberto Torero.
03 – Como o autor descreve a
mudança em seus sentimentos em relação à pessoa amada?
O autor descreve
que ele começou a sentir a pessoa amada mais distante e gradualmente deixou de
se importar com os detalhes da sua vida.
04 – O que o autor sente
quando percebe que o amor acabou?
O autor sente que
um pedaço de si morreu, que todo o passado que compartilhou com a pessoa amada
se torna inútil e que o futuro que sonharam já não importa.
05 – Qual a evolução dos
sentimentos do autor em relação à pessoa amada ao longo do tempo?
Primeiro, o amor se transformou em
amizade, depois em indiferença.
06 – Como o autor reage à
tentativa da pessoa amada de manter o amor vivo?
O autor afirma
que mesmo quando a pessoa amada tenta se importar e reacender a chama do amor,
ele já não acredita nela.
07 – Quais são os sentimentos
de culpa expressos pelo autor?
O autor sente culpa por não ter feito
mais para salvar o relacionamento, por não ter brigado, exigido mudanças ou
dado um tapa emocional para tentar reacender o amor.
08 – Como o autor descreve a
importância de cuidar do amor?
O autor compara o
amor a uma planta delicada que precisa ser regada diariamente para sobreviver.
09 – Qual é a referência à
seleção no final da crônica?
No final da
crônica, o autor menciona que já não ama a seleção como antigamente, indicando
uma mudança em suas prioridades e interesses.
10 – O que a crônica aborda
além do término de um relacionamento amoroso?
Além do término
do relacionamento, a crônica também toca em temas como culpa, mudanças nos
sentimentos ao longo do tempo e a necessidade de cuidar do amor para mantê-lo
vivo.
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