Poema: SENTIMENTO DO MUNDO
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.
Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.
Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.
Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer
esse amanhecer
mais noite que a noite.
Carlos Drummond de
Andrade.
Entendendo o poema:
01 – Qual é o sentimento
predominante no poema?
O sentimento
predominante no poema é de desolação e alienação em relação ao mundo.
02 – Que metáfora é usada para
descrever a sensação de solidão no poema?
A metáfora usada
é a de "ficar sozinho desfiando a recordação", o que sugere uma
sensação de isolamento.
03 – O que o autor expressa
sobre o estado do mundo e sua própria condição no poema?
O autor expressa
um sentimento de desamparo e desconexão em relação ao mundo. Ele se sente
impotente diante das injustiças e da degradação do mundo e da sociedade.
04 – Por que o autor menciona
"escravos" no início do poema?
O autor menciona
"escravos" no início do poema para simbolizar a sensação de
sobrecarga e opressão que ele sente, como se estivesse sobrecarregado com as
preocupações do mundo.
05 – O que os camaradas do
autor não disseram e por que isso é significativo?
Os camaradas não
disseram que havia uma guerra e que era necessário trazer fogo e alimento. Isso
é significativo porque sugere que o autor se sente despreparado e não informado
em um momento crítico, o que aumenta seu sentimento de impotência.
06 – Qual é o significado da
última estrofe, que menciona o "amanhecer mais noite que a noite"?
A última estrofe
sugere um amanhecer sombrio e desolador, simbolizando a falta de esperança e a
escuridão que o autor sente em relação ao mundo e à sua própria vida.
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