CONTO: Chuchu
Manuel Bandeira
Joanita, em sua última carta
escrita de Haia: "Mas que saudades de chuchu com molho branco".
Eu sei que toda gente despreza o
chuchu, a coisa mais bestinha que Deus pôs no mundo, “Cucurbitácea” reles que
medra em qualquer beirada de quintal. Não tenho também nenhuma ternura especial
pelo chuchu, mas já reparei que há uma certa injustiça em considerar insípido
um prato que é insípido só porque raras são as cozinheiras que sabem prepará-lo.
Sei ainda que os médicos nutricionistas
banem o chuchu de todas as suas dietas, dizem que o chuchu não vale nada, é uma
mistura de água e celulose, desprovida de qualquer vitamina ou sal. O chuchu é
meu eterno ponto da discórdia com meu querido amigo Dr. Rui Coutinho. Quando
ele desfaz do chuchu em minha presença, salto logo em defesa do humilde caxixe.
Argumento assim: "Antigamente, antes da descoberta das vitaminas, se dizia
o mesmo da alface. Mas o sabor da planta, a boniteza de sua folha verdinha, ou
talvez o instinto secreto da espécie sempre levará o homem a comer a
aristocrática Lactucasativa. Um dia se descobriu que a alface é rica em
vitamina A, cálcio e ferro. Então a alface deixou de ser água e celulose, e
entrou nos menus autorizados e recomendados pelos
nutricionistas.
Quem me dirá que um dia, próximo ou
distante, não se descobrirá no chuchu um elemento novo, indispensável à
economia orgânica? O que me parece inexplicável é que nós brasileiros
persistamos em comer sem quase nenhum deleite essa coisinha verde e mole que se
derrete na boca sem deixar vontade de repetir a dose.”
-- Rui Coutinho sorri cético.
Enquanto isso, na Holanda, Joanita,
podendo comer os pratos mais saborosos do mundo, tem saudade é de chuchu com
molho branco. Que desforra para o chuchu!
Manuel Bandeira.
Entendendo o texto:
01 – A passagem destacada no
início do texto pode ser considerada uma frase? Justifique sua resposta:
Sim, a passagem
destacada no início do texto pode ser considerada uma frase, embora seja uma
citação direta. Ela é uma sentença completa que expressa um pensamento, e é
seguida de dois-pontos, o que a torna uma frase completa.
02 – Ainda com relação à
passagem que abre o texto, nela há dois segmentos. O segundo, sozinho, pode ser
considerado uma frase? Por que ele vem isolado por aspas?
O segundo
segmento, isolado por aspas, pode ser considerado uma frase independente, pois
também expressa um pensamento completo. As aspas são usadas para destacar essa
fala de Joanita e separá-la da narrativa do autor.
03 – Explique por que
"Lactucasativa" e "menus" aparecem destacados no
texto:
"Lactucasativa"
e "menus" aparecem destacados no texto porque são termos em latim e
em francês, respectivamente, usados pelo autor para dar um toque erudito ao
texto. Isso é comum em textos literários e tem o objetivo de enriquecer a
linguagem.
04 – Quanto ao gênero, como
você classificaria o texto? Que fato serviu de motivo para o autor
escrevê-lo?
O texto pode ser classificado como um
ensaio pessoal ou uma crônica literária. O autor, Manuel Bandeira, escreveu o
texto para expressar sua opinião sobre o chuchu e questionar a injustiça em
considerá-lo insípido. O motivo para escrever o texto é sua reflexão sobre a
culinária e a percepção do chuchu como um alimento subestimado.
05 – No texto, há um trecho
dissertativo. Que palavra introduz a dissertação?
A palavra que
introduz a dissertação no texto é "Argumento."
06 – Qual é o principal
argumento utilizado na defesa do chuchu? O que você pensa a respeito dele?
Convenceu?
O principal
argumento utilizado na defesa do chuchu é a ideia de que, assim como aconteceu
com a alface, que antes era considerada insípida e depois foi reconhecida como
rica em vitaminas, o chuchu pode ser redescoberto como um alimento importante
para a saúde. O autor sugere que o chuchu pode conter elementos benéficos à
saúde que ainda não foram identificados. Este argumento pode ser considerado
válido, uma vez que a pesquisa em nutrição constantemente faz novas descobertas
sobre os benefícios de diferentes alimentos.
07 – Encerrado o texto, o
autor afirma: "Que desforra para o chuchu!". Esse enunciado constitui
uma frase? Justifique:
Sim, o enunciado
"Que desforra para o chuchu!" constitui uma frase. É uma exclamação
que expressa a ideia de que Joanita, ao sentir saudades de chuchu com molho
branco na Holanda, está valorizando o chuchu, o que é irônico, considerando a
desvalorização anterior do alimento.
08 – Qual é o significado do
adjetivo "insípida" em cada uma das frases seguintes: "O chuchu
é uma comida insípida" e "Era uma insípida noite de
verão"?
Em "O chuchu
é uma comida insípida," o adjetivo "insípida" significa que o
chuchu não tem sabor ou gosto pronunciado. Em "Era uma insípida noite de
verão," o adjetivo "insípida" se refere a uma noite monótona,
sem interesse ou emoção.
09 – Na linguagem coloquial, a
expressão "pra chuchu" tem sentido de abundância. Que expressão do
texto comprova esse sentido dessa expressão popular?
A expressão do
texto que comprova o sentido de abundância da expressão popular "pra
chuchu" é a seguinte: "Era uma insípida noite de verão."
10 – Na frase "O chuchu é
meu pomo da discórdia com meu querido amigo Dr. Rui Coutinho",
qual é o sentido da expressão destacada?
Na frase "O
chuchu é meu pomo da discórdia com meu querido amigo Dr. Rui Coutinho," a
expressão "ponto da discórdia" é usada de forma figurativa para
indicar que o chuchu é um tópico de desacordo ou discussão constante entre o
autor e seu amigo Dr. Rui Coutinho. É uma referência à maçã da discórdia da
mitologia grega, que levou à queda de Troia, simbolizando algo que causa
conflitos ou desentendimentos.
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