segunda-feira, 11 de maio de 2020

POEMA: PARA REPARTIR COM TODOS - THIAGO DE MELLO - COM GABARITO

Poema: PARA REPARTIR COM TODOS
              Thiago de Mello

Com este canto te chamo,
porque dependo de ti.
Quero encontrar um diamante,
sei que ele existe e onde está.

Não me acanho de pedir
ajuda: sei que sozinho
nunca vou poder achar.
Mas desde logo advirto:
para repartir com todos.

Traz a ternura que escondes
machucada no teu peito.

Eu levo um resto de infância
que meu coração guardou.
Vamos precisar de fachos
para as veredas da noite,
que oculta e, às vezes, defende
o diamante

Vamos juntos.
Traz toda a luz que tiveres,
não te esqueças do arco-íris
que escondeste no porão.
Eu ponho a minha poronga,
de uso na selva, é uma luz
que se aconchega na sombra.

Não vale desanimar,
nem preferir os atalhos
sedutores que nos perdem,
para chegar mais depressa.

Vamos achar o diamante
para repartir com todos.
Mesmo com quem não quis vir
ajudar, pobre de sonho.
Com quem preferiu ficar
sozinho bordando de ouro
o seu umbigo engelhado.

Mesmo com quem se fez cego
ou se encolheu na vergonha
de aparecer procurando.
Com quem foi indiferente
e zombou das nossas mãos
infatigadas na busca.

Mas também com quem tem medo
do diamante e seu poder,
e até com quem desconfia
que ele exista mesmo.

E existe:
o diamante se constrói
quando o procuramos juntos
no meio da nossa vida
e cresce, límpido, cresce,
na intenção de repartir
o que chamamos de amor.
                                 MELLO, Thiago de. Mormaço na floresta. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1981. p. 55-6.
Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 66-9.

Entendendo o poema:

01 – A quem o poeta se dirige?
      Ao leitor.

02 – Com que finalidade?
      O poeta convida todos para ajudá-lo a encontrar um diamante.

03 – Que advertência ele faz?
      Ele adverte que o diamante deve ser repartido com todos.

04 – Segundo o poeta, a busca é longa, difícil e não há como simplifica-la. Em que estrofe aparece essa ideia?
      Na 5ª estrofe.

05 – Na sexta estrofe, fala-se dos que foram convidados para a busca e não aceitaram o convite. O poeta classifica-os em alguns tipos. Quais?
      O que não tem sonhos ou expectativas (“... falto de sonho”); o egoísta (“... preferiu ficar sozinho...”); o que se dá por vencido; o indiferente; o medroso; e o desconfiado.

06 – Depois de assegurar que o tal diamante existe, o poeta explica de que se trata. Trata-se de uma pedra, de um objeto material? Explique sua resposta.
      Não, trata-se da solidariedade que deveria unir todos os homens; da construção de uma sociedade mais justa, voltada para o bem comum, sustentada pela intenção de repartir o amor.

07 – Esse diamante já existe ou se constrói à medida que os homens o procuram?
      A segunda alternativa é a verdadeira.

08 – Portanto, o que mais vale para o poeta: o encontro do diamante ou a sua procura?
      Pelo texto percebe-se que a procura é mais importante que o encontro do próprio diamante.

09 – Considerando a maneira como interpretamos o poema, o que seriam os “atalhos/sedutores que nos perdem/para chegar mais depressa” (5ª estrofe)?
      Se a solidariedade é o objetivo da busca, a metáfora “atalhos sedutores” pode referir-se a egoísmo, ausência de ética, falta de amor ao próximo, pressa na realização individual quando esta se sobrepõe à coletiva.

10 – “Eu levo um resto de infância / que meu coração guardou”. Na sua opinião, por que o poeta faz referência à infância?
      A infância é quase sempre idealizada como época de pureza, inocência, disponibilidade, resistência à corrupção do meio e sinceridade.

11 – “(...) não te esqueças do arco-íris / que escondeste no porão”.
a)   O termo destacado está empregado em sentido próprio ou figurado?
O termo está empregado em sentido figurado.

b)   Se aceitasse o convite do poeta, que arco-íris você levaria para a jornada?
Resposta pessoal do aluno.

12 – O poeta escolheu o diamante e não outra pedra preciosa par construir sua metáfora. Que características desta pedra justificariam a escolha?
      A resistência, a transparência e a beleza.

13 – No seu poema-convite, que pronome o poeta utiliza para dirigir-se ao leitor? Esse pronome é de uso comum na sua região?
      O poeta emprega o pronome de segunda pessoa do singular (tu).

14 – A árvore simbólica que resulta da dança da fita, o diamante de que trata o poema e a ideia de sonho da epígrafe tem um ponto em comum. Qual?
      Dependem da participação de todos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário