sexta-feira, 22 de maio de 2020

POEMA: PELA RUA - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

Poema: Pela Rua
                                                                     Ferreira Gullar

Sem qualquer esperança
Detenho-me diante de uma vitrina de bolsas
Na avenida nossa senhora de Copacabana, domingo,
Enquanto o crepúsculo se desata sobre o bairro.

Sem qualquer esperança
Te espero.
Na multidão que vai e vem
Entra e sai dos bares e cinemas
Surge teu rosto e some
Num vislumbre
E o coração dispara.
Te vejo no restaurante
Na fila do cinema, de azul
Diriges um automóvel, a pé
Cruzas a rua
Miragem
Que finalmente se desintegra com a tarde acima dos edifícios
E se esvai nas nuvens.

A cidade é grande
Tem quatro milhões de habitantes e tu és uma só.
Em algum lugar estás a esta hora, parada ou andando,
Talvez na rua ao lado, talvez na praia
Talvez converses num bar distante
Ou no terraço desse edifício em frente,
Talvez estejas vindo ao meu encontro, sem o saberes,
Misturada às pessoas que vejo ao longo da avenida.
Mas que esperança! tenho
Uma chance em quatro milhões.
Ah, se ao menos fosses mil
Disseminada pela cidade.

A noite se ergue comercial
Nas constelações da avenida.
Sem qualquer esperança
Continuo
E meu coração vai repetindo teu nome
Abafado pelo barulho dos motores
Solto ao fumo da gasolina queimada.
                                                                       GULLAR, Ferreira.

Entendendo o poema

1)   Quem fala no poema?
O eu lírico é um homem à espera de sua amada.

2)   Qual é o assunto do poema?
É uma busca desesperada pelas ruas da pessoa amada.

3)   A busca do homem é bem-sucedida? Por quê?
Não, pois ele a cada rosto que vê pela rua vislumbra e o coração dispara imaginando ser ela.

4)   Desde o início, o homem tem um sentimento em relação ao que busca. Qual é esse sentimento? Copie o verso que indica esse sentimento.
Desde o começo se mostra sem qualquer esperança.
“Sem qualquer esperança
continuo.”

5)   O poema de Ferreira Gullar apresenta vários recursos da linguagem figurada. Há trechos que apresentam ideias ou palavras de sentidos contrários, chamadas de antíteses.
Encontre esses trechos no poema.
“...abafado pelo barulho dos motores.”
“Na multidão que vai e vem”.
“...entra e sai dos bares e cinemas”.
“...parada ou andando”.

6)   Quais as duas palavras que se opõem, entre o início e o final do poema?
No início ... te espero
No final...continuo.

7)   O poeta usa uma metáfora muito criativa nos versos:
A noite se ergue comercial
Nas constelações da avenida

a)   Qual a ligação entre “noite” e “constelações”?
São opostas, pois a noite é escura e constelações são agrupamentos de estrelas.

b)   O que significa algo que é “comercial”?
É algo que é para ser vendido ou comprado.

c)   Agora escreva, o que seriam as “constelações da avenida”, em uma “noite que se ergue comercial”?
Muitas luzes na avenida em uma noite de grandes vendas.

8)   A hipérbole é o exagero de expressão. Encontre essa figura no poema.
“Ah, se ao menos fosses mil
disseminada pela cidade”.


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