Editorial: O clone
Começou. Anteontem, dia 25 de novembro
de 2001, a empresa norte-americana Advanced Cell Technology (ACT) anunciou a
criação do primeiro clone humano, num evento mais voltado para a mídia do que
para o progresso da ciência.
Embora a notícia tenha dado margem, como era
de esperar, a ácidas polêmicas, todos sabiam que era uma questão de tempo até
que alguém se arriscasse a fabricar um clone de ser humano. Assim como é uma
questão de tempo até que alguém consiga implantá-lo num útero, dando assim
origem a um bebê. Como é frequente no campo das ciências, a técnica avança mais
rapidamente do que a definição sobre o que é ou não ético.
De um lado, o Vaticano e outros setores
conservadores já se posicionaram claramente contra qualquer tipo de clonagem.
De outro, proprietários e investidores de empresas de biotecnologia defendem o
“direito” de cientistas de decidir livremente o que pesquisar e como. É
provavelmente de algo entre esses dois polos que vai surgir uma proposta que
seja considerada aceitável por setores expressivos da sociedade. A comunidade
científica já se inclina por aprovar a clonagem terapêutica (com o objetivo de
desenvolver células que, em princípio, poderão ser usadas para tratar várias
doenças) e por rejeitar, pelo menos por ora, qualquer tipo de clonagem
reprodutiva (que visa a produzir um ser humano completo).
Os debates científicos, filosóficos e
jurídicos estão abertos e será a partir deles que as sociedades encontrarão uma
fórmula para determinar o que é aceitável. É preciso, portanto, aprofundar as
discussões, que, por sua complexidade e relevância, serão extremamente longas e
difíceis.
Vários países já criaram leis para
regular biotecnologias e outros devem segui-los. Leis são necessárias, mais
aprova-las está longe de resolver o assunto. Técnicas em constante evolução e a
própria dificuldade de impor leis nesse campo são obstáculos de difícil
superação.
Folha
de São Paulo, 27 nov. 2001. Opinião, p. A2.
Fonte: Linguagem
Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 233-4.
Entendendo o editorial:
01 – Todo editorial tem como
princípio básico expor uma opinião sobre um assunto. Qual é o assunto posto em
questão pelo editorialista?
A discussão sobre
o que é ou não ético em relação a fabricação de clone humano.
02 – Quem são os
representantes das opiniões que se posicionam em polos opostos sobre esse
assunto?
De um lado, a
Igreja e setores conservadores, e, de outro, os empresários e investidores de
empresas de biotecnologia.
03 – O que o editorialista
defende?
Defende que é
preciso aprofundar as discussões em diferentes campos do conhecimento –
científico, filosófico e jurídico – para se chegar a uma fórmula que
determinará o que é aceitável para as sociedades.
04 – Qual é a opinião
exposta nesse editorial sobre as medidas tomadas em vários países para regular
a clonagem?
O autor considera
que as leis criadas para regulamentar a biotecnologia não podem resolver o
problema, porque as técnicas evoluem muito rapidamente e as leis não conseguem
acompanha-las.
05 – Das posições
encontradas na sociedade sobre o tema, com qual você concorda? Justifique ou
apresente a sua proposta.
Resposta pessoal
do aluno.
06 – Escolha um editorial
publicado num jornal da sua região. Leve-o para a classe. Escreva em poucas
linhas qual é o ponto de vista do editorialista e como ele o defende.
a)
Troque seu texto com o de um(a) colega.
Leia-o e depois leia o editorial a que ele se refere.
Resposta pessoal do aluno.
b)
Analise o texto do(a) colega, observando se
ele(a) soube delimitar bem o ponto de vista apresentado no editorial, bem como
a clareza na exposição dos argumentos.
Resposta pessoal do aluno.
Muuuuito obggg
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