segunda-feira, 11 de maio de 2020

EDITORIAL: O CLONE - FOLHA DE SÃO PAULO - COM GABARITO

Editorial: O clone

        Começou. Anteontem, dia 25 de novembro de 2001, a empresa norte-americana Advanced Cell Technology (ACT) anunciou a criação do primeiro clone humano, num evento mais voltado para a mídia do que para o progresso da ciência.
        Embora a notícia tenha dado margem, como era de esperar, a ácidas polêmicas, todos sabiam que era uma questão de tempo até que alguém se arriscasse a fabricar um clone de ser humano. Assim como é uma questão de tempo até que alguém consiga implantá-lo num útero, dando assim origem a um bebê. Como é frequente no campo das ciências, a técnica avança mais rapidamente do que a definição sobre o que é ou não ético.
        De um lado, o Vaticano e outros setores conservadores já se posicionaram claramente contra qualquer tipo de clonagem. De outro, proprietários e investidores de empresas de biotecnologia defendem o “direito” de cientistas de decidir livremente o que pesquisar e como. É provavelmente de algo entre esses dois polos que vai surgir uma proposta que seja considerada aceitável por setores expressivos da sociedade. A comunidade científica já se inclina por aprovar a clonagem terapêutica (com o objetivo de desenvolver células que, em princípio, poderão ser usadas para tratar várias doenças) e por rejeitar, pelo menos por ora, qualquer tipo de clonagem reprodutiva (que visa a produzir um ser humano completo).
        Os debates científicos, filosóficos e jurídicos estão abertos e será a partir deles que as sociedades encontrarão uma fórmula para determinar o que é aceitável. É preciso, portanto, aprofundar as discussões, que, por sua complexidade e relevância, serão extremamente longas e difíceis.
        Vários países já criaram leis para regular biotecnologias e outros devem segui-los. Leis são necessárias, mais aprova-las está longe de resolver o assunto. Técnicas em constante evolução e a própria dificuldade de impor leis nesse campo são obstáculos de difícil superação.
                       Folha de São Paulo, 27 nov. 2001. Opinião, p. A2.
Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 233-4.

Entendendo o editorial:

01 – Todo editorial tem como princípio básico expor uma opinião sobre um assunto. Qual é o assunto posto em questão pelo editorialista?
      A discussão sobre o que é ou não ético em relação a fabricação de clone humano.

02 – Quem são os representantes das opiniões que se posicionam em polos opostos sobre esse assunto?
      De um lado, a Igreja e setores conservadores, e, de outro, os empresários e investidores de empresas de biotecnologia.

03 – O que o editorialista defende?
      Defende que é preciso aprofundar as discussões em diferentes campos do conhecimento – científico, filosófico e jurídico – para se chegar a uma fórmula que determinará o que é aceitável para as sociedades.

04 – Qual é a opinião exposta nesse editorial sobre as medidas tomadas em vários países para regular a clonagem?
      O autor considera que as leis criadas para regulamentar a biotecnologia não podem resolver o problema, porque as técnicas evoluem muito rapidamente e as leis não conseguem acompanha-las.

05 – Das posições encontradas na sociedade sobre o tema, com qual você concorda? Justifique ou apresente a sua proposta.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Escolha um editorial publicado num jornal da sua região. Leve-o para a classe. Escreva em poucas linhas qual é o ponto de vista do editorialista e como ele o defende.
a)   Troque seu texto com o de um(a) colega. Leia-o e depois leia o editorial a que ele se refere.
Resposta pessoal do aluno.

b)   Analise o texto do(a) colega, observando se ele(a) soube delimitar bem o ponto de vista apresentado no editorial, bem como a clareza na exposição dos argumentos.
Resposta pessoal do aluno.

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