Poema: PARA
REPARTIR COM TODOS
Thiago de Mello
Com este canto te chamo,
porque dependo de ti.
Quero encontrar um diamante,
sei que ele existe e onde está.
porque dependo de ti.
Quero encontrar um diamante,
sei que ele existe e onde está.
Não me acanho de pedir
ajuda: sei que sozinho
nunca vou poder achar.
Mas desde logo advirto:
para repartir com todos.
ajuda: sei que sozinho
nunca vou poder achar.
Mas desde logo advirto:
para repartir com todos.
Traz a ternura que escondes
machucada no teu peito.
machucada no teu peito.
Eu levo um resto de infância
que meu coração guardou.
Vamos precisar de fachos
para as veredas da noite,
que oculta e, às vezes, defende
o diamante
que meu coração guardou.
Vamos precisar de fachos
para as veredas da noite,
que oculta e, às vezes, defende
o diamante
Vamos juntos.
Traz toda a luz que tiveres,
não te esqueças do arco-íris
que escondeste no porão.
Eu ponho a minha poronga,
de uso na selva, é uma luz
que se aconchega na sombra.
Traz toda a luz que tiveres,
não te esqueças do arco-íris
que escondeste no porão.
Eu ponho a minha poronga,
de uso na selva, é uma luz
que se aconchega na sombra.
Não vale desanimar,
nem preferir os atalhos
sedutores que nos perdem,
para chegar mais depressa.
nem preferir os atalhos
sedutores que nos perdem,
para chegar mais depressa.
Vamos achar o diamante
para repartir com todos.
Mesmo com quem não quis vir
ajudar, pobre de sonho.
Com quem preferiu ficar
sozinho bordando de ouro
o seu umbigo engelhado.
para repartir com todos.
Mesmo com quem não quis vir
ajudar, pobre de sonho.
Com quem preferiu ficar
sozinho bordando de ouro
o seu umbigo engelhado.
Mesmo com quem se fez cego
ou se encolheu na vergonha
de aparecer procurando.
Com quem foi indiferente
e zombou das nossas mãos
infatigadas na busca.
ou se encolheu na vergonha
de aparecer procurando.
Com quem foi indiferente
e zombou das nossas mãos
infatigadas na busca.
Mas também com quem tem medo
do diamante e seu poder,
e até com quem desconfia
que ele exista mesmo.
do diamante e seu poder,
e até com quem desconfia
que ele exista mesmo.
E existe:
o diamante se constrói
quando o procuramos juntos
no meio da nossa vida
e cresce, límpido, cresce,
na intenção de repartir
o que chamamos de amor.
o diamante se constrói
quando o procuramos juntos
no meio da nossa vida
e cresce, límpido, cresce,
na intenção de repartir
o que chamamos de amor.
MELLO, Thiago de. Mormaço na
floresta. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1981. p. 55-6.
Fonte: Linguagem
Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 66-9.
Entendendo o poema:
01 – A quem o poeta se
dirige?
Ao leitor.
02 – Com que finalidade?
O poeta convida todos para ajudá-lo a
encontrar um diamante.
03 – Que advertência ele
faz?
Ele adverte que o
diamante deve ser repartido com todos.
04 – Segundo o poeta, a
busca é longa, difícil e não há como simplifica-la. Em que estrofe aparece essa
ideia?
Na 5ª estrofe.
05 – Na sexta estrofe,
fala-se dos que foram convidados para a busca e não aceitaram o convite. O
poeta classifica-os em alguns tipos. Quais?
O que não tem
sonhos ou expectativas (“... falto de sonho”); o egoísta (“... preferiu ficar
sozinho...”); o que se dá por vencido; o indiferente; o medroso; e o
desconfiado.
06 – Depois de assegurar que
o tal diamante existe, o poeta explica de que se trata. Trata-se de uma pedra,
de um objeto material? Explique sua resposta.
Não, trata-se da solidariedade que
deveria unir todos os homens; da construção de uma sociedade mais justa,
voltada para o bem comum, sustentada pela intenção de repartir o amor.
07 – Esse diamante já existe
ou se constrói à medida que os homens o procuram?
A segunda
alternativa é a verdadeira.
08 – Portanto, o que mais
vale para o poeta: o encontro do diamante ou a sua procura?
Pelo texto percebe-se
que a procura é mais importante que o encontro do próprio diamante.
09 – Considerando a maneira
como interpretamos o poema, o que seriam os “atalhos/sedutores que nos
perdem/para chegar mais depressa” (5ª estrofe)?
Se a
solidariedade é o objetivo da busca, a metáfora “atalhos sedutores” pode
referir-se a egoísmo, ausência de ética, falta de amor ao próximo, pressa na
realização individual quando esta se sobrepõe à coletiva.
10 – “Eu levo um resto de
infância / que meu coração guardou”. Na sua opinião, por que o poeta faz
referência à infância?
A infância é
quase sempre idealizada como época de pureza, inocência, disponibilidade,
resistência à corrupção do meio e sinceridade.
11 – “(...) não te esqueças
do arco-íris / que escondeste no porão”.
a)
O termo destacado está empregado em sentido
próprio ou figurado?
O termo está empregado em sentido figurado.
b)
Se aceitasse o convite do poeta, que
arco-íris você levaria para a jornada?
Resposta pessoal do aluno.
12 – O poeta escolheu o
diamante e não outra pedra preciosa par construir sua metáfora. Que
características desta pedra justificariam a escolha?
A resistência, a
transparência e a beleza.
13 – No seu poema-convite,
que pronome o poeta utiliza para dirigir-se ao leitor? Esse pronome é de uso
comum na sua região?
O poeta emprega o
pronome de segunda pessoa do singular (tu).
14 – A árvore simbólica que
resulta da dança da fita, o diamante de que trata o poema e a ideia de sonho da
epígrafe tem um ponto em comum. Qual?
Dependem da
participação de todos.
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