domingo, 6 de março de 2022

ARTIGO DE OPINIÃO: (Des) CONECTAR - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

 Artigo de Opinião:(Des)Conectar

          Rosely Sayão

Muitas pessoas criticam essa nossa mania de ficarmos o tempo todo conectados para nos comunicar com filhos, conhecidos, colegas de trabalho, amigos e parentes. Programas de mensagens instantâneas em aparelhos celulares fazem enorme sucesso, talvez por serem de baixo custo e permitirem a formação de grupos de família, de pais de alunos da classe do filho, de amigos, de colegas que realizam algum trabalho, de chefes e seus auxiliares diretos, de alunos com seus professores etc.


Por outro lado, há piadas, vídeos institucionais, campanhas com mensagens melosas e até um pouco dramáticas apontando o quão pouco é saudável essa nossa ligação com os aparelhos, que ocupam tanto de nosso tempo e nos afastam das pessoas em nossa volta.

Alguns locais, como restaurantes, por exemplo, incentivam, de modo bem-humorado, seus frequentadores a renunciar aos aparelhos enquanto lá estão para uma refeição compartilhada.

Mas esses recursos não têm conseguido abalar nosso apego a esse tipo de comunicação. Creio até que a coluna cervical de muita gente anda reclamando por causa disso. E como o que pode provocar mudanças é mais a ação do que a falação, conto a você, caro leitor, a experiência vivida por uma amiga.

Ela é uma dessas pessoas quase viciadas em comunicação a distância e internet, com suas redes variadas. Tanto que passou a sentir-se culpada por ver seu tempo com os filhos ser engolido por sua dedicação ao celular. Resolveu, então, com o marido e os três filhos, ter um final de semana em que ficariam totalmente desconectados.

Encontraram um hotel que não tinha sinal de celular nem de internet, e para lá foram, tanto animados quanto temerosos, para viver dois dias inteiros sem conexão alguma, a não ser entre eles, e diretamente, olho no olho. Logo na chegada, colocaram todos os aparelhos em uma caixa, que só seria aberta ao final da estadia.

E aí começou uma aventura. No início, foi difícil, reconheceu ela, mas aos poucos eles se envolveram entre si: leram livros, contaram histórias, divertiram-se com jogos de tabuleiro, conversaram.

Ela disse que o marido, os filhos e ela gostaram tanto da experiência de "desconectar para conectar" que adotaram o ritual de guardar os aparelhos de todos em uma caixa pelo menos por algumas horas nos finais de semana.

Considerei essa uma boa sugestão para famílias com filhos que se sentem distantes dos pais. Nem sempre crianças e jovens conseguem perceber o quanto é bom trocar ideias e afetos com os pais e conviver com eles para fortalecer o vínculo, porque também estão muito envolvidos com suas traquitanas tecnológicas e com as redes sociais.

Mas, quando eles descobrem –ou redescobrem– que o relacionamento com os pais e os irmãos, fora das questões administrativas do cotidiano, lhes faz bem, eles se entregam, e o resultado costuma ser visível no humor e até mesmo na busca de uma maior proximidade.

Se nós não dermos a eles oportunidades e chances de se tornar mais sensíveis aos relacionamentos interpessoais humanizados, a vida deles certamente será mais árdua, mais difícil, mais áspera. Algumas horas desconectados nos finais de semana podem lhes fazer um bem enorme!

ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)

Matéria publicada na Folha de São Paulo, 24 de Março de 2015.

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.

Entendendo o texto

 1. Na opinião da autora, o uso de celular é saudável para as relações entre as pessoas? Por quê?

 Não, pois, segundo ela, o uso exagerado de celulares ocupa muito nosso tempo e nos afasta das pessoas.

2. Releia o seguinte trecho. “Creio até que a coluna cervical de muita gente anda reclamando por causa disso”?

a)   Qual a figura de linguagem presente nele? Justifique sua resposta.

Personificação, pois é atribuída à cervical uma caraterística humana.

b)   O que se pode inferir dessa afirmação feita pela autora do artigo no trecho?

É possível inferir que usar o celular exageradamente pode ocasionar dores, pois ficamos com a cervical voltada para baixo.

 3. Relacione as colunas de acordo com o sentido das palavras destacadas.

a)   Companhia    ( d  ) para viver dois dias.

     b) Ausência        ( b ) dois dias inteiros sem conexão alguma

c) Tempo            ( f ) eles se envolveram entre si

d) Finalidade       ( c) no início, foi difícil

e) Modo               ( e) divertiram-se com jogos

    f) Posição entre dois limites        (a) conviver com eles

4. Identifique se as palavras destacadas nestes dois trechos do artigo classificam-se em preposições, em combinações ou em contrações.

a) Encontraram um hotel que não tinha sinal de celular nem de internet, e para lá foram, tanto animados quanto temerosos, para viver dois dias inteiros sem conexão alguma, a não ser entre eles, e diretamente, olho no olho. Logo na chegada, colocaram todos os aparelhos em uma caixa, que só seria aberta ao final da estadia.

Preposições: de, de, para, para, sem, a, entre, em; Combinações: ao; Contrações: no, na, da

b)   E aí começou uma aventura. No início, foi difícil, reconheceu ela, mas aos poucos eles se envolveram entre si: leram livros, contaram histórias, divertiram-se com jogos de tabuleiro, conversaram.

Preposições: entre, com, de;

Combinações: aos; Contrações: no.

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