sábado, 12 de fevereiro de 2022

CONTO: LUNA, MINHA HEROÍNA - HELOÍSA PRIETO - COM GABARITO

 Conto: Luna, minha heroína

             Heloísa Prieto

        Quando se fala em um herói, sempre se pensa em um homem alto e forte, uma espécie de guerreiro, com uma espada ou arma na mão.

        Mas agora, que já tenho quarenta e cinco anos, sei que todos nós podemos ser heróis. E que muitos daqueles que nos ajudaram durante a vida, nossos heróis íntimos, quase sempre ficam guardados anônimos, em uma lista secreta no fundo de nossa memória.

        Luna foi uma das heroínas da minha infância, minha querida amiga da espécie canina dos dobermanns. Linda, negra, brilhante, musculosa, rápida como ninguém, Luna era nossa babá. Dormíamos, minha irmã Sandra e eu, com a cabeça apoiada em sua barriga macia.

        Passávamos a maior parte do tempo metidos em brincadeiras malucas no quintal, ainda não tínhamos uma televisão, e, às vezes a folia ia longe demais. Como no dia em que resolvemos dar um susto em nossa mãe e costuramos com muito cuidado uma longa “cobra” de pano verde, amarramos uma linha nela e a fizemos rastejar lentamente pelo meio do gramado.

        Mamãe ficou louca. Apanhou a vassoura para matar a “cobra” e, quando descobriu que era tudo brincadeira, virou-se furiosa, com a vassoura ainda levantada, e saiu correndo atrás de nós. No começo não conseguíamos parar de rir, mas depois ficamos com medo – mamãe estava tão brava que quase não a reconhecíamos. Foi nesse momento atroz que Luna se colocou entre nós e mamãe, protegendo-nos da vassoura. Sentou-se na nossa frente a não deixou que ela nos tocasse.

        Hoje sei que mamãe não bateria em nós com a vassoura. Jamais apanhamos. Ela sempre nos disse: “Quem bate está ensinando a bater.” Mas daquele dia em diante, sempre que mamãe ficava brava, antes de nos pôr de castigo ou simplesmente nos dar uma bronca, ela trancava Luna no canil, só para prevenir. Assim, durante boa parte de minha infância, mãe brava virou sinônimo de cachorro preso.

                       Heloísa Prieto – “Minhas três heroínas”. In: Heróis e guerreiros. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1995.

                    Fonte: Língua Portuguesa – Coleção Mais Cores – 5° ano – 1ª ed. Curitiba 2012 – Ed. Positivo p. 128-131.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a diferença entre a imagem de herói que as pessoas geralmente fazem e a heroína desse texto?

      O herói que as pessoas falam, não existe. Mas, já o da história é um personagem real, que quando precisamos ele está pronto a nos ajudar.

02 – Ao contar a história, a narradora resgata de sua memória fatos de sua infância. Que parte do texto comprova essa afirmação?

      “Mas agora, que já tenho quarenta e cinco anos, sei que todos nós podemos ser heróis.”

03 – Relate, resumidamente, como Luna se tornou a heroína das crianças daquela casa.

      Luna defendeu-as quando sua mãe iria bater nelas.

04 – Você concorda com as palavras da mãe das crianças? Justifique sua resposta.

          “Quem bate está ensinando a bater.”

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não, porque ela só queria ensina-las que o que fizeram foi errado.

05 – Analise os dois trechos em que as aspas foram usadas. A seguir, justifique o uso desse sinal de pontuação em ambos os casos.

        [...] e costuramos com muito cuidado uma longa “cobra” [...] (4° parágrafo). Apanhou a vassoura para matar a “cobra” [...] (5° parágrafo).

        Ela sempre nos disse: “Quem bate está ensinado a bater”. (6° parágrafo).

      Ela é usada para ressaltar o tema empregado (não tem significado real).

a)   Que outro sinal de pontuação poderia substituir as aspas no 2° caso apresentado anteriormente?

Travessão.

b)   Reescreva esse trecho, usando o sinal de pontuação indicado por você na resposta do item anterior. Faça as devidas adequações.

Ela sempre nos disse: -- Quem bate está ensinado a bater.

06 – Nem sempre o travessão é usado para indicar a fala direta de personagens. Analise o uso da travessão no trecho a seguir. Depois, explique por que foi usado.

        “No começo não conseguíamos parar de rir, mas depois ficamos com medo – mamãe estava tão brava que quase não a reconhecíamos.”

      Porque isso é tipo um diálogo.

07 – A que substantivo do texto se referem estes adjetivos?

a)   Linda, negra, brilhante, musculosa, rápida.

Luna.

b)   Malucas.

As brincadeiras.

c)   Louca, furiosa, brava.

Mãe.

08 – Observe os pronomes em destaque no parágrafo abaixo. A seguir, resolva as questões propostas.

        “Mamãe ficou louca. Apanhou a vassoura para matar a “cobra” e, quando descobriu que era tudo brincadeira, virou-se furiosa, com a vassoura ainda levantada, e saiu correndo atrás de nós. No começo não conseguíamos parar de rir, mas depois ficamos com medo – mamãe estava tão brava que quase não a reconhecíamos. Foi nesse momento atroz que Luna se colocou entre nós e mamãe, protegendo-nos da vassoura. Sentou-se na nossa frente a não deixou que ela nos tocasse.”

a)   A quem se refere o pronome se de “virou-se”?

A mãe.

b)   Que expressão está sendo substituída pelo pronome a?

A mãe.

c)   A quem se refere o pronome nos?

As meninas.

d)   A quem se refere o pronome se de “sentou-se”?

Luna.

e)   O pronome ela está no lugar de que palavra?

Mãe.

 

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