Texto: Os músicos de Bremen
Era uma vez um burrinho que nasceu em
uma fazenda e sempre pertenceu ao fazendeiro. Todos os dias ele trabalhava
duro, desde o amanhecer até o cair da noite.
Certa tarde, o burrinho ouviu o
fazendeiro dizer à esposa:
— O burro já está ficando velho, acho
melhor vendê-lo para um mercador que conheço. Da pele do burro, ele fará alguns
tamborins e assim ganharemos algum dinheiro.
O burrinho ficou muito triste e
resolveu fugir para a cidade de Bremen. Lá, tentaria participar da banda da
cidade. Quando a noite caiu e os donos estavam dormindo, o burro fugiu.
O burrinho já tinha andado bastante
pela estrada de terra, quando encontrou um cachorro cansado e ofegante.
— Puxa, você deve ter corrido muito
para estar assim, sem fôlego — disse o burrinho.
— Fugi, pois escutei meu dono dizer que
iria me levar para o canil porque estou ficando velho — informou o cachorro.
— Não me fale mais nada! Comigo
aconteceu algo parecido. É por isso que estou indo para Bremen; lá serei
músico. Você não quer vir comigo?
O cachorro aceitou e, juntos, seguiram
caminho.
Mais adiante, encontraram um gato
desanimado, miando baixinho e triste. Começaram a conversar e descobriram que o
gato havia fugido de casa porque sua dona o maltratava pelo fato de ele estar
velho e não ter mais fôlego para caçar os ratos da casa.
O gato juntou-se a eles e seguiram na
direção de Bremen. Andaram um pouco e se depararam com um galo sobre a porteira
de uma chácara, cantando com toda a força que tinha.
— Amigo, por que canta com tanta força
se ainda estamos no início da noite e o amanhecer ainda demorará?
— Estou desesperado! — disse o galo — Como
estou ficando velho, minha patroa pretende me assar amanhã, pois receberá
convidados importantes. Por isso, canto enquanto posso.
— Vamos para Bremen! Uma voz tão bela
como a sua certamente será apreciada.
O galo aceitou a proposta do grupo e
seguiu com os outros animais.
Eles andaram por muito tempo. A uma
certa altura, viram bem longe uma cabana com as luzes acesas. Como estavam
cansados, resolveram ir até lá para descansar e seguir viagem no dia seguinte.
Quando chegaram perto da casa, o burro,
que era o mais alto, olhou pela janela e percebeu que aquela casa era um ponto
de encontro dos ladrões da região.
— O que você está vendo lá dentro? —
perguntou o cachorro, demonstrando ansiedade.
— Vejo uma mesa farta de alimentos e
alguns ladrões comendo, bebendo e comemorando.
— Como eu gostaria de estar lá dentro e
me alimentar também — suspirou o gato.
O burro teve uma ideia. Pediu ao
cachorro que subisse em suas costas. Depois, pediu ao gato que subisse sobre as
costas do cachorro e por fim, que o galo subisse sobre as costas do gato.
Todos juntos começaram a fazer um
grande barulho. O burro relinchava, o cachorro latia, o gato miava e o galo
cocoricava.
Em seguida, o burro saltou sobre a
janela, arrebentando-a. Ao ver aquele amontoado de patas, rabos e cabeças, os
ladrões imaginaram que eram uma assombração e fugiram apavorados para a mata.
Satisfeitos, os animais comeram até se
fartar e, depois, apagaram as lamparinas e foram dormir, exceto o galo, que
montou guarda no teto da cabana.
Enquanto isso, os ladrões tremiam de
frio na mata. Quando olharam para a cabana e viram tudo escuro, acreditaram que
não havia mais ninguém por lá. Tiraram a sorte e escolheram o mais novo no
bando para averiguar se o perigo havia acabado.
Ao ver o homem se aproximando, o galo
avisou aos amigos e estes acordaram. O ladrão entrou pelo buraco da janela e
viu algo brilhando no escuro. Eram os olhos do gato. Quando o malfeitor chegou
mais perto, o gato arranhou o rosto dele. Apavorado, o bandido tentou alcançar
a porta para sair, mas, no meio da escuridão, o cachorro mordeu-lhe a perna e o
burrinho o acertou com vários coices, enquanto o galo não parava de cantar,
assustando o ladrão.
O ladrão correu até perder o fôlego e
ao encontrar o grupo foi logo gritando:
— Estamos arruinados. Nossa cabana foi
invadida por várias assombrações monstruosas. Meu rosto foi arranhado por um
monstro de unhas pontiagudas. Outro monstro feriu minha perna com dentes
cortantes e levei muitos coices de uma espécie de dragão... tudo isso ao mesmo
tempo... e ainda havia um monstro que soltava um som assustador. Não volto mais
naquela cabana. Estou todo machucado.
Os bandidos ficaram desesperados.
Acreditavam que era impossível voltar à cabana e recuperar o dinheiro que havia
escondido lá. Imaginavam que o local agora era ocupado por um exército de
assombrações monstruosas e impiedosas. Para eles, melhor era sumir daquele
lugar. E foi o que fizeram. Partiram naquela mesma noite e nunca mais ninguém
os viu.
O burro, o cachorro, o gato e o galo
sentiam-se tão bem-instalados naquela cabana que decidiram ficar lá mesmo,
desistindo de seguir até Bremen.
Em pouco tempo, eles encontraram a
fortuna que os ladrões haviam escondido em um buraco na parede e puderam viver
uma vida farta por muitos e muitos anos.
O tempo passou e eles envelheceram
felizes, com dignidade e companheirismo entre eles.
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Entendendo o texto:
01 – Identifique o assunto
do texto:
a)
A literatura infanto-juvenil.
b)
O trabalho dos Irmãos Grimm.
c)
O livro “Os músicos de Bremen”.
02 – No segmento: “[...]
poderão se tornar músicos, graças aos
seus incríveis talentos sonoros”, a expressão grifada introduz:
a)
Um motivo.
b)
Uma finalidade.
c)
Uma consequência.
03 – Releia este fragmento
do texto:
“Mas, durante uma pernoite no meio do
caminho, nosso quarteto animal descobre uma casa onde um belíssimo jantar está
sendo desfrutado por uma trupe...”. Nesse fragmento, o autor do texto expõe:
a)
O início da história. “Os músicos de Bremen”.
b)
A complicação da história “Os
músicos de Bremen”.
c)
A desfecho da história “Os músicos de
Bremen”.
04 – “Apesar do perigo
iminente, nossos heróis vão dar um jeitinho para afugentar os larápios [...]”.
O que significa “perigo iminente”?
Significa o
perigo que está prestes a acontecer.
05 – No trecho: “[...]
nossos heróis vão dar um
jeitinho para afugentar os larápios [...]”, a locução sublinhada equivale ao
verbo:
a)
Deram.
b)
Dão.
c)
Darão.
06 – Na frase: “[...] e
tomar para si aquela refeição frugal
e imperdível!”, as palavras
grifadas foram usadas para:
a)
Explicar “aquela refeição”.
b)
Caracterizar “aquela refeição”.
c)
Complementar “aquela refeição”.
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