Artigo de Opinião: A estupidez racial
André Petry O deputado Paulo Paim, parlamentar negro
do PT gaúcho, acha que quem é contra a criação de cotas raciais nas
universidades pertence à "elite". Além de defender as cotas raciais,
Paulo Paim é autor da proposta de instituição do Estatuto da Igualdade
Racial, uma ideia tão estapafúrdia que chega a criar uma classificação
oficial de raças – algo mais ou menos inspirado nos grandes momentos do
nazismo. Na semana passada, mais de 100 brasileiros, entre intelectuais,
acadêmicos, artistas e ativistas do movimento negro, divulgaram um manifesto
pedindo ao Congresso Nacional que rejeite o projeto que cria as cotas raciais
nas universidades e, também, o tal Estatuto da Igualdade Racial. Paulo Paim não
gostou. Seu diagnóstico foi o seguinte: "Esse é um manifesto da elite,
pois dar espaço aos negros não interessa". Pobre Paim.
Dar espaço aos negros, ao contrário do
que a paranoia do deputado sugere, interessa a todos os brasileiros. O que não
interessa aos brasileiros – brancos, negros, índios – é a estupidez
racial. O projeto das cotas raciais e o tal estatuto racial, a pretexto de
combater as imensas desigualdades sociais no país, não passam de uma
calamidade. Nem se perca tempo dizendo que, ao privilegiarem essa ou aquela
"raça", os projetos ferem o ditame constitucional segundo o qual
todos são iguais perante a lei. E nem se perca tempo dizendo que isso é uma
agressão frontal ao princípio republicano da igualdade.
É até pior: esses projetos são o ovo da
serpente. Eles forçam os brasileiros a criar uma identidade racial, numa negação
acintosa à originalidade de nossa miscigenação – dado fundador de nossa
identidade. Eles criam um conceito legal de raça. Se aprovados, o Brasil
passará a ter "raças oficiais". Com essa asneira, estarão
criadas condições ideais para gerar um clima de confrontação racial no
país. É óbvio que o Brasil precisa reverter a desvantagem de descendentes de
negros, que saíram da escravidão, e dos índios, que foram dizimados e
aculturados.
Quanto a isso, não há dúvida. Também
não há dúvida de que o país precisa reverter o descalabro em que vivem os brancos
analfabetos e miseráveis. Isso significa que a desigualdade brasileira não
é uma decorrência da tonalidade de pele, não é contra negros – é contra
pobres. A entrada de serviço nos prédios de apartamentos não é para
negros, é para pobres. As favelas e a mendicância não escolhem os negros.
Escolhem os pobres. Sim, a maioria dos pobres são negros e pardos – e a melhor
forma de combater essa desigualdade é criando oportunidades iguais, abrindo
escolas, dando boa educação, oferecendo bons hospitais, gerando empregos.
O Estado tem a missão de oferecer
oportunidades iguais e bons serviços públicos – bons e universais. Quando se
naufraga no pântano de ficar criando divisões raciais e étnicas, institui-se um
Estado capaz apenas de fazer politicazinhas que preveem a "inclusão"
de uma "minoria" aqui, outra "minoria" ali. Não queremos
ser uma federação de minorias. Queremos ser um país de cidadãos. É isso o que
interessa a todos os brasileiros.
André Petry (REVISTA VEJA,
Segunda-feira, Julho 03, 2006).
Entendendo o texto:
01 – Qual dos itens
apontados abaixo não foi citado pelo autor como um meio para se combater a
desigualdade?
a)
Gerando empregos.
b)
Abrir escolas.
c)
Oferecendo bons hospitais.
d)
Promover a distinção entre raças.
02 – “Eles forçam os
brasileiros a criar uma identidade racial, numa negação acintosa à
originalidade de nossa miscigenação
– dado fundador de nossa identidade”. A palavra destacada pode ser substituída
por qual vocábulo citado abaixo?
a)
Mistura.
b)
Movimento.
c)
Monocultura.
d)
Morbidez.
03 – “Eles forçam os
brasileiros a criar uma identidade racial.” – A que se refere o vocábulo sublinhado?
a)
Ao Estatuto do Idoso.
b)
Ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
c)
Aos Projetos das Cotas Raciais.
d)
Nenhuma das alternativas anteriores.
04 – “Queremos ser um país de cidadãos” – A frase em destaque é
atribuída:
a)
Aos brancos, negros e índios.
b)
Aos brasileiros.
c)
Aos projetos das cotas raciais.
d)
Ao autor do artigo.
05 – Qual das opções abaixo
demonstra a opinião de alguns parlamentares negros sobre a criação de cotas
raciais nas universidades?
a)
Quem é contra a criação de cotas
raciais nas universidades pertence à “elite”.
b)
O que não interessa aos brasileiros... É a
estupidez racial.
c)
A melhor forma de combater essa desigualdade
é criando oportunidades iguais.
d)
Os projetos ferem o ditame constitucional
segundo o qual todos são iguais.
06 – “O projeto das cotas
raciais e o tal estatuto racial, a pretexto de combater as imensas
desigualdades sociais no país, não
passam de uma calamidade”. A expressão sublinhada expressa:
a)
Um fato.
b)
Uma opinião.
c)
Nem um fato nem uma opinião.
d)
Uma crônica.
obg pela ajuda <3
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