quarta-feira, 2 de agosto de 2017

CONTO: O CABOCLO, O PADRE E O ESTUDANTE - LUÍS DA CÂMARA CASCUDO - COM GABARITO

CONTO: O CABOCLO, O PADRE E O ESTUDANTE
                 Luís da Câmara Cascudo
 

        Um estudante e um padre viajavam pelo sertão, tendo como bagageiro um caboclo. Deram-lhe numa casa um pequeno queijo de cabra. Não sabendo dividi-lo, mesmo porque chegaria um pequenino pedaço para cada um, o padre resolveu que todos dormissem e o queijo seria daquele que tivesse, durante a noite, o sonho mais bonito, pensando engabelar todos com os seus recursos oratórios. Todos aceitaram e foram dormir. À noite, o caboclo acordou, foi ao queijo e comeu-o.
        Pela manhã, os três sentaram à mesa para tomar café e cada qual teve de contar o seu sonho. O frade disse ter sonhado com a escada de Jacob e descreveu-a brilhantemente. Por ela, ele subia triunfalmente para o céu. O estudante, então, narrou que sonhara já dentro do céu à espera do padre que subia. O caboclo sorriu e falou:
        --- Eu sonhei que via seu padre subindo a escada e seu doutor lá dentro do céu, rodeado de amigos. Eu ficava na terra e gritava:
        --- Seu doutor, seu padre, o queijo! Vosmincês esqueceram o queijo.
        Então, Vosmincês respondiam de longe, do céu:
        --- Come o queijo, caboclo! Come o queijo, caboclo! Nós estamos do céu, não queremos queijo.
        O sonho foi tão forte que eu pensei que era verdade, levantei-me enquanto vosmincês dormiam e comi o queijo...

          CASCUDO, Luís da Câmara. Contos tradicionais do Brasil.           Belo Horizonte/São Paulo, Itatiaia/Edusp. 1986. p. 213.

1 – O primeiro parágrafo nos mostra todo um percurso narrativo. Divida-o nas partes estudadas.
     Apresentação: primeiro período.
     Complicação: de “Deram-lhe numa casa um pequeno queijo de cabra” até “Todos aceitaram e foram dormir”.
     Clímax: o caboclo comeu o queijo.
     O desfecho: coincide com o clímax.

2 – Os tempos verbais utilizados nesse primeiro parágrafo estabelecem um jogo temporal semelhante ao que ocorre no texto “Segura a onça que eu sou caçador de preá”? Comente.
     Essencialmente, o jogo temporal é o mesmo, baseando-se no perfeito e no imperfeito do indicativo. O aluno deve observar, no entanto, que nesse texto surge o futuro do pretérito, outro tempo típico da narração.

3 – Que tipo de narrador o texto utiliza? Retire dele uma passagem em que se perceba a profundidade com que são apresentados os personagens.
     O narrador é de terceira pessoa, onisciente. O aluno deve perceber que ele é capaz de relatar até mesmo pensamentos íntimos do padre (“... pensando engabelar todos com seus cursos oratórios...”).

4 – No segundo parágrafo surge a forma verbal sonhara. Justifique o emprego desse tempo analisando-o no período em que aparece.
     Sonhara (assim como ter sonhado) é forma do mais-que-perfeito do indicativo, apropriada para exprimir um fato passado em relação a outro dato passado. No caso o ato de sonhar foi anterior ao ato de narrar.

5 – Em que partes do texto ocorre discurso direto? Releia atentamente as manifestações desse tipo de discurso e responda:
     O discurso direto surge no final do texto, no momento em que o caboclo conta seu sonho.

a)   Elas servem para a caracterização mais completa de algum personagem?
Sem dúvida, o discurso direto acentua o caráter “caipira” do caboclo.

b)   Há uma relação entre o uso dos discursos direto e indireto e o papel de cada um dos personagens do texto?
O narrador utilizou o discurso direto para apresentar a fala do personagem que centraliza as atenções. Dessa forma, o narrador conta o que o padre e o estudante disseram, mas mostra aquilo que o caboclo disse.

6 – Aponte o início do trecho em que o caboclo assume o papel de narrador do próprio sonho dando início a uma narrativa em primeira pessoa dentro da narrativa maior.
     “Eu sonhei que via...”

7 – O desfecho do texto é surpreendente em relação ao que se esperava que acontecesse entre três personagens apresentados e caracterizados? Comente.
     Sem dúvida, o desfecho é surpreendente. Deve-se comentar com o aluno que se trata de uma narrativa popular bastante comum, em que a sabedoria “caipira”, aparentemente ingênua, consegue superar as artimanhas da escolaridade.


7 comentários:

  1. Obrigada. Mais eu queria meamo era saber a resposta de . Qualém o assunto do texto

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  2. Esse é totalmente diferente do meu questionário

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  3. Esse é totalmente diferente do meu questionário

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  4. Perguntei: No conto " O caboclo, o padre,o estudante"há evidências que comprovem os cuidados do autor quanto a presevação da cultura brasileira? Escreva a respeito.

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