sexta-feira, 17 de outubro de 2025

POEMA: ESCOVA - MANOEL DE BARROS - COM GABARITO

 Poema: Escova

            Manoel de Barros

        Eu tinha vontade de fazer como os dois homens que vi sentados na terra escovando osso. No começo achei que aqueles homens não batiam bem. Porque ficavam ali sentados na terra o dia inteiro escovando osso. Depois aprendi que aqueles homens eram arqueólogos. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKb01tlr6u2qUDV_CuBD9spofHVgRDfUCc-oWsmf4u5GSad0VGt8ucPtzHlq3U0T4BPjBQwFBlQPvYLOrXKZmsuUpK3C1QSfjGIl6rf2h4TxavYpX5M0yn6TplNUihJWpxITr8drpzB-dH9JP8DBWPvGvdLvq4eZzdd0YJaR3ohyY_SlD0wafJtL4a2mQ/s1600/ESCOVA%20OSSOS.jpg


E que eles faziam o serviço de escovar osso por amor. E que eles queriam encontrar nos ossos vestígios de antigas civilizações que estariam enterrados por séculos naquele chão. Logo pensei de escovar palavras. Porque eu havia lido em algum lugar que as palavras eram conchas de clamores antigos. Eu queria ir atrás dos clamores antigos que estariam guardados dentro das palavras. Eu já sabia também que as palavras possuem no corpo muitas oralidades remontadas e muitas significâncias remontadas. Eu queria então escovar as palavras para escutar o primeiro esgar de cada uma. Para escutar os primeiros sons, mesmo que ainda bígrafos.

        Comecei a fazer isso sentado em minha escrivaninha. Passava horas inteiras, dias inteiros fechado no quarto, trancado, a escovar palavras. Logo a turma perguntou: o que eu fazia o dia inteiro trancado naquele quarto? Eu respondi a eles, meio entressonhado, que eu estava escovando palavras. Eles acharam que eu não batia bem. Então eu joguei a escova fora.

Manoel de Barros. Memórias inventadas: as infâncias de Manoel de Barros. São Paulo: Planeta, 2008, p. 21.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 6º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 49.

Entendendo o poema:

01 – Qual era a atividade inusitada que o eu lírico observou ser realizada por dois homens sentados na terra?

      O eu lírico observou dois homens sentados na terra escovando osso.

02 – Qual era a profissão e o objetivo dos homens que escovavam ossos?

      Os homens eram arqueólogos. Eles faziam o serviço de escovar ossos por amor e queriam encontrar nos ossos vestígios de antigas civilizações que estariam enterrados por séculos naquele chão.

03 – Por que o eu lírico decidiu, então, começar a "escovar palavras"? Qual era a sua justificativa para essa escolha?

      Ele decidiu escovar palavras porque havia lido que as palavras eram "conchas de clamores antigos". Seu objetivo era ir atrás dos clamores antigos e escutar o primeiro esgar (primeiros sons) de cada palavra.

04 – Onde o eu lírico realizava a atividade de "escovar palavras" e qual foi a reação das pessoas ao descobrir o que ele fazia?

      Ele realizava a atividade sentado em sua escrivaninha, passando horas e dias inteiros fechado e trancado no quarto. A reação da "turma" foi achar que ele "não batia bem" (não era normal ou estava louco).

05 – Qual foi a atitude final do eu lírico após as pessoas questionarem e duvidarem de sua sanidade mental em relação à escovação de palavras?

      Após a reação das pessoas, o eu lírico jogou a escova fora.

 

 

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