Poema: O ilusionista
          José
Antônio Forte
Era um grande ilusionista
Engolia três rosas pequeninas
E em seguida tirava da boca
Um quilômetro de serpentinas.
 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVuOr99niis-25TL9hEGZqh_7pc5PZ7RpDUIshQkKRnJMsWE7AN_2x-plWCAOzt0U4wl3Oo74mPspqo2hhae8t1YUKnfkY2yMXywObBfWg7EprZIuG_D6vc5Zbq81vwWSft8cRnwJBOvooSMbjQTUE1uxX5yH3-R9MDTXREg1MFBK5xdPQ6Jz08sQqcxQ/s320/ROSAS.jpg
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Chegou ao meio do circo
E disse: respeitável público
De meninas e meninos
Hoje quero fazer-vos uma surpresa.
Atenção!
Mastigou as tais três rosas pequeninas
Muito bem mastigadas
Abriu a boca e em vez de serpentinas 
saíram três pombas encarnadas.
Uma foi para o Brasil
A outra voou para a China
A terceira mais pequena
Não saiu de Portugal.
E o ilusionista?
Deitou a língua de fora
E foi-se embora
Mais nada?
O respeitável público
De meninas e meninos
Deu uma grande gargalhada
Fim desta história encantada. 
FORTE, Antônio José. O
ilusionista. In: VARANDA, Maria de Lourdes; SANTOS, Maria Manuela (Sel.).
poetas portugueses de hoje e de ontem: do século XIII ao XXI – para os mais
novos. São Paulo: Martins Fontes, 2011. p. 33.
Entendendo o poema: 
01
– Qual é o truque habitual do ilusionista, e o que ele faz de diferente na
"surpresa" que apresenta ao público, gerando uma quebra de
expectativa?
      O truque habitual
do ilusionista era engolir "três rosas pequeninas" e tirar da boca
"Um quilômetro de serpentinas." A quebra de expectativa ocorre
quando, no dia da "surpresa," em vez das serpentinas, saem "três
pombas encarnadas" de sua boca após mastigar as rosas, substituindo o
objeto inanimado por seres vivos.
02
– No contexto do poema, as pombas que saem da boca do ilusionista e voam para
diferentes lugares (Brasil, China, Portugal) podem ter um significado
simbólico. Qual é esse significado?
      As pombas
encarnadas (vermelhas ou coloridas) simbolizam uma liberdade mágica e universal
que se espalha pelo mundo. O fato de cada uma voar para um lugar distante
(Brasil, China) e uma ficar em Portugal (lugar do autor e possivelmente do
público) sugere que a arte da ilusão, a poesia ou o encantamento do momento
ultrapassam fronteiras e alcançam lugares amplos, mas também se fixam no local
de origem.
03
– Após a realização do truque especial, qual é a atitude final do ilusionista,
e como ela se contrapõe à grandiosidade do espetáculo?
      A atitude final
do ilusionista é de desprendimento ou desapego em relação à performance. Ele
simplesmente "Deitou a língua de fora / E foi-se embora." Essa
simplicidade, quase irreverência, se contrapõe à grandiosidade mágica do truque
(fazer pombas voarem pelo mundo), sugerindo que o artista se contenta em
cumprir sua arte e não busca aplausos prolongados ou mistificações.
04
– Qual é a reação do "respeitável público / De meninas e meninos" ao
final do poema, e o que ela confirma sobre o sucesso do ilusionista?
      A reação do público é uma "grande gargalhada." Essa
reação confirma o sucesso do ilusionista não apenas em surpreender, mas
principalmente em encantar e divertir. O riso é a prova máxima do
deslumbramento e da alegria gerados pela "história encantada," mostrando
que o objetivo da arte (a ilusão) foi plenamente alcançado.
05
– Considerando a linguagem simples, o tema mágico e a conclusão que remete ao
público infantil ("meninas e meninos"), a que gênero literário o
poema se aproxima e qual é o seu principal propósito?
      O poema se
aproxima do gênero narrativo-infantil ou da poesia narrativa com tom de
fábula/conto, especialmente pelo uso do "Fim desta história
encantada" na conclusão. Seu principal propósito é celebrar a magia e a
surpresa no cotidiano, utilizando a figura do ilusionista como um meio de
resgatar o encantamento e a alegria simples que a arte proporciona ao público.
 
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