Poema: O tempo passa? Não passa
Carlos Drummond de Andrade
O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.

O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.
Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.
O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.
São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer toda hora.
E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama escutou
o apelo da eternidade.
Amar se aprende amando. Rio de Janeiro, Record, 1985.
Fonte: Português – 1º
grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia
Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 156.
Entendendo o poema:
01 – De acordo com o poema, o
tempo realmente passa?
Segundo o poema,
o tempo não passa "no abismo do coração". Isso sugere que, para o
eu-lírico, o tempo cronológico não afeta a essência do amor e dos sentimentos.
02 – Como o poeta descreve o
efeito do tempo sobre o relacionamento do casal?
Em vez de
separá-los, o tempo os "aproxima cada vez mais, [os] reduz a um só verso e
uma rima", simbolizando a união e a perfeita sintonia entre os dois.
03 – Que tipo de tempo o
eu-lírico considera o mais importante?
O poeta afirma
que o "tempo é todo vestido de amor e tempo de amar", indicando que o
tempo só tem valor quando é dedicado ao amor.
04 – Na penúltima estrofe, o
que o poeta quer dizer com a frase "São mitos de calendário / tanto o
ontem como o agora"?
Essa frase sugere
que as marcações do tempo (como dias, semanas e anos) são ilusões. O que
realmente importa é a presença e a eternidade do amor, que faz com que cada
momento seja um "nascer toda hora".
05 – Qual é a relação entre o
amor e a eternidade para o eu-lírico?
Para o poeta, o
amor não tem idade e transcende o tempo, pois ele é a única coisa que permite
ao ser humano "escutar o apelo da eternidade".
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