domingo, 25 de agosto de 2024

REPORTAGEM CIENTÍFICA: O QUE DIZEM OS CIENTISTAS SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS? (FRAGMENTO) - COM GABARITO

 Reportagem científica: O que dizem os cientistas sobre as mudanças climáticas? – Fragmento

        Segundo relatório do IPCC, o planeta está atingindo temperaturas críticas, que podem afetar desde paisagens naturais a sistemas econômicos e humanos

        Divulgado em agosto [de 2019], o relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês) apontou uma situação alarmante: se o aumento de temperatura da Terra passar de 2ºC enfrentaremos crises ambientais alarmantes nos próximos anos. Oriundas de processos naturais, as mudanças climáticas passaram a ocorrer com mais frequência devido à interferência humana, iniciada com o processo de industrialização.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifgAOtCAVg4TGTE4Cs1KK5d2TdHX0rrK-V6otuj-l6udQ-Ebg4hcN-feuCqVuER0f7esxNnB36Yyl5U3KW0Vz3BnDQF-ZQ9K62fbqIRja5BpI0iQjBgQh9O33Ru-QiaPJTYCia6PVV_RwNIYZaMoaTCqirAhN3TK2V4b1W12a0Ux2lcS-WA6Yo0Oc9c9o/s320/CLIMA.jpg


        “Quando falamos de mudanças climáticas, englobamos tanto aquelas de origem natural quanto as de origem antropogênica”, explica Paola Bueno, meteorologista e mestranda do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP). “[...] [As mudanças] ocorriam de forma muito lenta, ao longo de centenas a milhares de anos. No último século houve aumento abrupto da temperatura média, de forma muito rápida e intensa. E a principal responsável foi a atividade humana, que tem atuado até mais do que as variabilidades naturais”.

        O aumento das temperaturas globais se dá pela intensificação do efeito estufa, um fenômeno natural causado por moléculas – como CO2, H2O e CH4 – que absorvem radiação solar infravermelha, transferindo e aquecendo as camadas atmosféricas mais baixas. De acordo com o físico e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Renato Ramos, [...] “É possível observar essa tendência de aquecimento ao longo do tempo pelo aumento das temperaturas meteorológicas, pela diminuição da quantidade de gelo nos polos (derretimento), por dados coletados pelas boias marinhas etc.”.

        Por conta desse cenário, esforços internacionais estão dando origem a tratados, como o Acordo de Paris, para tentar conter as temperaturas globais. [...].

        Os acordos, metas e tratados internacionais são elaborados com base nos relatórios do IPCC, órgão da ONU responsável por analisar e sintetizar as informações obtidas por diversos estudos e modelos climáticos. As produções mais recentes são um documento de 2018 sobre as tendências de temperaturas do aquecimento global, e outro de 2019 acerca dos impactos no oceano e na criosfera.

        O relatório especial de 2018, dedicado ao aquecimento global, [...] estimou que as atividades humanas causaram cerca de 1°C de aquecimento global acima dos níveis pré-industriais. Além disso, é provável que as temperaturas atinjam 1,5°C entre os anos 2030 e 2052, caso continuem a aumentar no ritmo atual.

        O estudo também listou que os riscos atuais associados ao clima, tanto para os sistemas naturais como para a humanidade, dependem da magnitude e do ritmo de aquecimento, da localização geográfica, dos níveis de desenvolvimento e de vulnerabilidade, além da implementação de opções de adaptação e mitigação. Para os cientistas responsáveis pelo documento, atingir e sustentar níveis zero de emissões globais de gases do efeito estufa (GEE) interromperiam o aquecimento global antrópico, mas ainda assim a acumulação de emissões persistirá por séculos e milênios, e continuará causando mudanças a longo prazo no sistema climático.

        [...] Para o cientista [Paulo Nobre, Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] o processo de dúvida sobre as mudanças climáticas também é consequência de um discurso publicado sem respaldo científico. “[...] Nos invernos muito mais rigorosos, particularmente na Europa e nos Estados Unidos, alguns tabloides publicaram fotos daquele montão de neve e perguntaram: cadê as mudanças climáticas? E o aquecimento global? Mas [...] ficaram quietos quando viram aquelas ondas de calor que mataram milhares de pessoas na França, depois na Rússia, ou os incêndios florestais [...]”.

        O especialista conclui [...]. “[...] A sociedade tem o pensamento de que a Terra é muito grande, e não vai acabar, mas esse modo de viver, multiplicado por 8 bilhões de pessoas, exaure a quantidade de água potável, e materiais disponíveis. A chamada sociedade de consumo não é uma sociedade durável”.

REVADAM, Rafael; LIMA, Júlia Ramos de; SILVA, Adriele Eunice da. O que dizem os cientistas sobre as mudanças climáticas? ComCiência, 11 nov. 2019. Disponível em: http://www.comciencia.br/0-que-dizem-os-cientistas-sobre-as-mudancas-climaticas. Acesso em: 30 ago. 2020.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 141-143.

Entendendo a reportagem:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Antrópico: relativo à ação do ser humano.

·        Antropogênico: ação ou fator causado pela ação do ser humano, diferente das causas naturais, sobre o planeta.

·        CO2, H2O e CH4: as siglas são, respectivamente, de moléculas de dióxido de carbono, vapor de água e metano.

·        Criosfera: camada da superfície terrestre, formada pela água que se encontra permanentemente no estado sólido.

·        Mitigação: ação de aliviar.

·        Modelo climático: técnica metodológica que usa métodos quantitativos para simular as interações da atmosfera e entender as dinâmicas do clima do presente e do passado ou projetar cenários climáticos do futuro.

02 – O que o relatório do IPCC divulgado em agosto de 2019 alerta sobre as mudanças climáticas?

      O relatório aponta que o planeta está atingindo temperaturas críticas, e se o aumento de temperatura global ultrapassar 2ºC, enfrentaremos crises ambientais graves nos próximos anos.

03 – Como a atividade humana tem influenciado as mudanças climáticas?

      Segundo a meteorologista Paola Bueno, a atividade humana, principalmente após o processo de industrialização, acelerou drasticamente o aumento da temperatura média global, superando as variações naturais que ocorriam ao longo de centenas a milhares de anos.

04 – O que é o efeito estufa e como ele está relacionado ao aumento das temperaturas globais?

      O efeito estufa é um fenômeno natural em que moléculas como CO2, H2O e CH4 absorvem radiação solar infravermelha, aquecendo as camadas mais baixas da atmosfera. A intensificação desse efeito, devido às atividades humanas, é responsável pelo aumento das temperaturas globais.

05 – Quais são alguns dos sinais observáveis do aquecimento global mencionados no fragmento?

      O aquecimento global pode ser observado pelo aumento das temperaturas meteorológicas, pela diminuição da quantidade de gelo nos polos, e por dados coletados por boias marinhas, entre outros indicadores.

06 – Qual é a importância dos tratados internacionais, como o Acordo de Paris, no contexto das mudanças climáticas?

      Tratados internacionais, como o Acordo de Paris, são essenciais para tentar conter as temperaturas globais, e são baseados nos relatórios do IPCC, que sintetizam informações de diversos estudos e modelos climáticos.

07 – Qual foi a estimativa do relatório de 2018 do IPCC sobre o aumento da temperatura global?

      O relatório de 2018 estimou que as atividades humanas já causaram cerca de 1°C de aquecimento global acima dos níveis pré-industriais, e que as temperaturas podem atingir 1,5°C entre 2030 e 2052, se continuarem a aumentar no ritmo atual.

08 – Por que há resistência ou dúvida na sociedade sobre as mudanças climáticas, segundo Paulo Nobre?

      Paulo Nobre aponta que a resistência ou dúvida sobre as mudanças climáticas se deve, em parte, à divulgação de informações sem respaldo científico, como as reportagens de tabloides que questionam o aquecimento global em invernos rigorosos, mas ignoram as ondas de calor e outros eventos extremos que confirmam a mudança climática.

 

 

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