Texto: O detalhe sempre esquecido
A velha tese de que todo criminoso, por
mais esperto, sempre deixa uma pista, mesmo nos crimes meticulosamente
planejados, está perfeitamente ilustrada neste caso, observou o professor
Streva a um grupo de alunos. "Eu me encontrava em Colshire, um agradável
vilarejo inglês, quando a polícia local pediu minha colaboração num caso de difícil
solução. Um homem fora brutalmente assassinado. As suspeitas recaíram num
sujeito de baixo nível social e cultural, semianalfabeto, acusado de ter
enviado o seguinte bilhete encontrado na mesa do morto:
Bilhete:
Dotôr Jones, Cuando lhe vi o senhor da
ultimaveis, eu
disse que era pra valher eu ia matar o senhor si a grana
não estivesse aquí sigundaféra, cen fartar nen um tustas
Um abrasso.
Quando Simpson, o chefe de polícia,
pediu minha opinião, fiz-lhe ver que o autor do bilhete – e, portanto, o
provável autor do crime – não poderia ser um homem de baixo nível cultural e, muito
menos, semianalfabeto. Depois de ouvir minhas conclusões, ele concordou comigo.
As investigações tomaram outro rumo, o assassino foi capturado e, conforme eu
suspeitara, tinha bons conhecimentos gerais, inclusive linguísticos.
"Tudo bem, professor",
interveio um dos alunos, "mas não é isso que dá a entender a carta que foi
escrita." O que levou o professor à conclusão de que o autor da carta não
era inculto?
O bilhete, cheio de erros de grafia e
redigido com péssima letra, era correto em todos os detalhes de pontuação, como
o uso de ponto, dois-pontos e ponto e vírgula. Uma pessoa iletrada não teria
condição de atender com acerto a esses detalhes de ordem gramatical. A força do
hábito de se expressar com correção fez o criminoso esquecer o detalhe que o
traiu.
QUEM É O CULPADO? 95 casos policiais: descubra você mesmo. Rio de
Janeiro: Ediouro, 1985.
Entendendo
o texto:
01
– Qual foi o principal detalhe que levou o professor Streva a concluir que o
autor do bilhete não era semianalfabeto?
O professor
Streva notou que, apesar dos erros de grafia e da péssima letra, o bilhete
estava correto em todos os detalhes de pontuação, como o uso de ponto,
dois-pontos e ponto e vírgula, algo que uma pessoa iletrada não conseguiria
fazer corretamente.
02
– Onde estava o professor Streva quando foi chamado para ajudar no caso?
O professor
Streva estava em Colshire, um agradável vilarejo inglês, quando a polícia local
pediu sua colaboração.
03
– Por que o bilhete foi inicialmente considerado como prova de que o autor era
uma pessoa de baixo nível social e cultural?
O bilhete foi
inicialmente considerado como prova disso devido aos inúmeros erros de grafia e
à péssima letra, o que sugeria que o autor não tinha boa formação educacional.
04
– Qual era a mensagem principal contida no bilhete encontrado na mesa do morto?
A mensagem principal do
bilhete era uma ameaça de morte caso a vítima não entregasse o dinheiro na
segunda-feira, conforme prometido.
05
– Como o chefe de polícia, Simpson, reagiu à análise do professor Streva?
Após ouvir as
conclusões do professor Streva, Simpson concordou com ele, e as investigações
tomaram outro rumo, o que levou à captura do verdadeiro assassino.
06
– Qual era a formação educacional do verdadeiro assassino?
O verdadeiro
assassino tinha bons conhecimentos gerais, incluindo conhecimentos
linguísticos, o que contrastava com a impressão inicial de que ele seria
semianalfabeto.
07
– O que o professor Streva queria demonstrar ao contar essa história para os
alunos?
O professor
Streva queria demonstrar que, por mais esperto que seja um criminoso, ele
sempre acaba deixando uma pista. No caso contado, o detalhe esquecido pelo
criminoso foi o uso correto da pontuação, o que traiu sua verdadeira formação
educacional.
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