Relato: ESCOLA ANTIGA
Rachel de Queiroz
Isto se passava lá pela década de
1920.
Toda tarde, ao encerrar as aulas,
naquela escola do Alagadiço, em Fortaleza, se dava a sabatina da tabuada.
(Vocês sabem o que é? É a tabela das quatro operações, com números de um a dois
algarismos). As crianças decoravam a tabuada em voz alta, cantando assim:
“Duas vezes um, dois. Duas vezes dois,
quatro. Duas vezes três, seis”, etc, etc. Na hora da sabatina, os alunos de
toda a classe formavam, de pé, uma roda, com a palmatória à vista, na mão da
professora. Somar e diminuir era fácil, mas, quando chegava a tabuada de
multiplicar, era um perigo. A casa do sete, por exemplo, era a mais difícil:
“Sete vezes seis, sete vezes oito” – já sabe, o coitado que errava, a
professora mandava o seguinte corrigir e, se ele acertasse, tinha direito de
dar um bolo de palmatória na mão do que errou. Doía como fogo.
Sempre havia os sabidinhos que
decoravam tudo e davam bolo nos outros. Mas recordo um grandalhão chamado
Alcides que não acertava jamais. Mas não chorava nunca, podia levar vinte
bolos, mordia os beiços e aguentava firme. Quando chegava em casa, estava com
as palmas inchadas e tinha que botar as mãos de molho na água de sal.
Algum tempo depois, inaugurou-se a
chamada “ESCOLA NOVA”. Acabaram com a tabuada, com a sabatina e com a
palmatória.
Acho que foi boa ideia.
Escola Antiga. Rachel de Queiroz. In: Memórias de
menina. Rio de Janeiro, Editora José Olympio, 2003, @ by herdeiros de Rachel de
Queiroz. p. 7-8.
Fonte: Encontros –
Língua Portuguesa – Isabella Carpaneda – 5º ano – Ensino fundamental anos
iniciais. FTD – São Paulo – 1ª edição. 2018. p. 80-81.
Entendendo o relato:
01 – De acordo com o texto,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Bolo: no texto, quer dizer pancada dada na mão aberta.
·
Escola nova: movimento do início do século passado que defendia uma escola
pública e gratuita para todos.
·
Palmatória: pequena peça circular de madeira com cinco orifícios
dispostos em cruz e com um cabo, com a qual se castigavam pessoas, de escravos
a escolares, batendo-lhes com ela na palma da mão.
·
Sabatina: prova para medir o conhecimento sobre alguma coisa.
02 – Em que década se passa o relato "Escola
Antiga" de Rachel de Queiroz?
O relato se passa
na década de 1920.
03
– O que é a sabatina da tabuada mencionada no texto?
A sabatina da
tabuada era uma atividade diária em que as crianças decoravam e recitavam em
voz alta a tabela das quatro operações matemáticas, especialmente a tabuada de
multiplicação.
04
– Como as crianças decoravam a tabuada?
As crianças
decoravam a tabuada cantando em voz alta, por exemplo: “Duas vezes um, dois. Duas
vezes dois, quatro. Duas vezes três, seis”, etc.
05
– O que acontecia durante a sabatina quando um aluno errava uma resposta?
Quando um aluno
errava uma resposta, a professora mandava o aluno seguinte corrigir. Se ele
acertasse, tinha o direito de dar um golpe com a palmatória na mão do aluno que
errou.
06
– Qual era a parte mais difícil da tabuada para os alunos, segundo o texto?
A parte mais difícil da
tabuada para os alunos era a casa do sete, por exemplo: “Sete vezes seis, sete
vezes oito”.
07
– Quem era Alcides e qual era sua característica marcante durante as sabatinas?
Alcides era um
aluno grandalhão que nunca acertava a tabuada. Sua característica marcante era
que, apesar de levar muitos golpes de palmatória, ele nunca chorava e suportava
a dor com firmeza.
08
– O que mudou com a inauguração da "ESCOLA NOVA"?
Com a inauguração
da "ESCOLA NOVA", acabaram com a tabuada, a sabatina e à palmatória,
trazendo um novo método de ensino que a autora considera uma boa ideia.
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