sábado, 3 de agosto de 2024

RELATO: ESCOLA ANTIGA - RACHEL DE QUEIROZ - COM GABARITO

Relato: ESCOLA ANTIGA

             Rachel de Queiroz

        Isto se passava lá pela década de 1920. 

        Toda tarde, ao encerrar as aulas, naquela escola do Alagadiço, em Fortaleza, se dava a sabatina da tabuada. (Vocês sabem o que é? É a tabela das quatro operações, com números de um a dois algarismos). As crianças decoravam a tabuada em voz alta, cantando assim:

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoJ_ISPIK_sohLGsl9SW6jg8lCVth76jcw3iU3-VIUMzAK3F5MPjOgNJyYZLPSoKQ5RVXyw-hVIa_eUDjKUn205R38vwg5D56qlgwOllJfJeSlDnnO1b_dU4u5osriw6usYa9bN3zv14kgU5ZronOXyAlh80FPnPcE19te5kPyqwuACYll0rPf3v9o1Hc/s320/TABUADA.jpg


        “Duas vezes um, dois. Duas vezes dois, quatro. Duas vezes três, seis”, etc, etc. Na hora da sabatina, os alunos de toda a classe formavam, de pé, uma roda, com a palmatória à vista, na mão da professora. Somar e diminuir era fácil, mas, quando chegava a tabuada de multiplicar, era um perigo. A casa do sete, por exemplo, era a mais difícil: “Sete vezes seis, sete vezes oito” – já sabe, o coitado que errava, a professora mandava o seguinte corrigir e, se ele acertasse, tinha direito de dar um bolo de palmatória na mão do que errou. Doía como fogo.

        Sempre havia os sabidinhos que decoravam tudo e davam bolo nos outros. Mas recordo um grandalhão chamado Alcides que não acertava jamais. Mas não chorava nunca, podia levar vinte bolos, mordia os beiços e aguentava firme. Quando chegava em casa, estava com as palmas inchadas e tinha que botar as mãos de molho na água de sal.

        Algum tempo depois, inaugurou-se a chamada “ESCOLA NOVA”. Acabaram com a tabuada, com a sabatina e com a palmatória.

        Acho que foi boa ideia.

                Escola Antiga. Rachel de Queiroz. In: Memórias de menina. Rio de Janeiro, Editora José Olympio, 2003, @ by herdeiros de Rachel de Queiroz. p. 7-8.

Fonte: Encontros – Língua Portuguesa – Isabella Carpaneda – 5º ano – Ensino fundamental anos iniciais. FTD – São Paulo – 1ª edição. 2018. p. 80-81.

Entendendo o relato:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Bolo: no texto, quer dizer pancada dada na mão aberta.

·        Escola nova: movimento do início do século passado que defendia uma escola pública e gratuita para todos.

·        Palmatória: pequena peça circular de madeira com cinco orifícios dispostos em cruz e com um cabo, com a qual se castigavam pessoas, de escravos a escolares, batendo-lhes com ela na palma da mão.

·        Sabatina: prova para medir o conhecimento sobre alguma coisa.

02 – Em que década se passa o relato "Escola Antiga" de Rachel de Queiroz?

      O relato se passa na década de 1920.

03 – O que é a sabatina da tabuada mencionada no texto?

      A sabatina da tabuada era uma atividade diária em que as crianças decoravam e recitavam em voz alta a tabela das quatro operações matemáticas, especialmente a tabuada de multiplicação.

04 – Como as crianças decoravam a tabuada?

      As crianças decoravam a tabuada cantando em voz alta, por exemplo: “Duas vezes um, dois. Duas vezes dois, quatro. Duas vezes três, seis”, etc.

05 – O que acontecia durante a sabatina quando um aluno errava uma resposta?

      Quando um aluno errava uma resposta, a professora mandava o aluno seguinte corrigir. Se ele acertasse, tinha o direito de dar um golpe com a palmatória na mão do aluno que errou.

06 – Qual era a parte mais difícil da tabuada para os alunos, segundo o texto?

      A parte mais difícil da tabuada para os alunos era a casa do sete, por exemplo: “Sete vezes seis, sete vezes oito”.

07 – Quem era Alcides e qual era sua característica marcante durante as sabatinas?

      Alcides era um aluno grandalhão que nunca acertava a tabuada. Sua característica marcante era que, apesar de levar muitos golpes de palmatória, ele nunca chorava e suportava a dor com firmeza.

08 – O que mudou com a inauguração da "ESCOLA NOVA"?

      Com a inauguração da "ESCOLA NOVA", acabaram com a tabuada, a sabatina e à palmatória, trazendo um novo método de ensino que a autora considera uma boa ideia.

 

 

 

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