Conto: O carbúnculo azul – Fragmento
Arthur Conan Doyle
Fui visitar meu amigo Sherlock Holmes
na segunda manhã após o Natal, com a intenção de felicita-lo pela data festiva.
Encontrei-o recostado na poltrona, o cachimbo do lado direito e, ao alcance da
mão, uma pilha de jornais amarrotados, evidentemente recém-consultados.
[...]
Estávamos conversando quando a porta
abriu-se violentamente, e o comissário Peterson entrou correndo, as faces
coradas e o rosto demonstrando que se achava atordoado com alguma surpresa.
-- O ganso, Sr. Holmes, o ganso... –
exclamou ofegante. – O ganso, senhor!
-- O que foi feito dele? Ressuscitou e
voou pela janela da cozinha? – E Holmes virou-se no sofá para ver melhor o
rosto do homem assustado.
-- Veja, senhor! Veja o que a minha
mulher achou no papo dele! – Estendeu a mão, mostrando na palma uma bela pedra
azul cintilante, mais ou menos do tamanho de um grão de feijão, mas com um
brilho que cintilava como uma ponta elétrica na penumbra de sua mão meio
fechada.
Sherlock Holmes sentou-se, dando um
assobio.
-- Ora, Peterson! Mas isso é um tesouro
muito valioso. Suponho que você sabe o que tem aí!
-- Um diamante, Sr. Holmes! Uma pedra
preciosa. Ela corta o vidro como se fosse massa.
-- É mais que uma pedra preciosa, é a
pedra preciosa.
-- Não é o carbúnculo azul da condessa
de Morcar? – perguntei.
-- Sim, Watson, precisamente. Devo
conhecer o tamanho e a forma, visto que li as chamadas no The Times todos esses
últimos dias. É absolutamente única, e seu valor pode ser apenas conjeturado. A
recompensa oferecida, de mil libras, não é sequer a vigésima parte do valor da
pedra.
-- Mil libras! Minha nossa! – O
comissário caiu na cadeira e olhou-nos estupefato.
[...]
-- Foi perdida, se não me engano, no
Hotel Cosmopolitan – observei.
-- Justamente. Em 22 de dezembro;
portanto, há cinco dias. John Horner, um encanador, foi acusado de ter tirado
uma pedra do porta-joias da condessa de Morcar, e a evidência foi tão forte que
o caso será levado ao Tribunal. Acho que guardei alguma coisa aqui – procurou
entre seus jornais, olhando as datas; até que enfim tirou um deles, alisou-o,
dobrou-o um pouco e encontrou a tal notícia.
DOYLE, Arthur Conan. O
carbúnculo azul. In: As aventuras de Sherlock Holmes. São Paulo: Martin Claret,
2005. p. 149-154.
Entendendo o conto:
01
– Por que o comissário Peterson estava atordoado e correu até Sherlock Holmes?
Peterson estava
atordoado porque sua mulher encontrou uma pedra azul cintilante no papo de um
ganso, o que era um acontecimento inesperado e surpreendente.
02
– O que Holmes estava fazendo quando Watson o visitou?
Holmes estava
recostado na poltrona, com um cachimbo do lado direito e uma pilha de jornais
amarrotados ao seu alcance.
03
– Qual foi a reação de Holmes ao ver a pedra azul que Peterson trouxe?
Holmes ficou
surpreso e assobiou ao ver a pedra, reconhecendo-a imediatamente como sendo um
tesouro muito valioso.
04
– Como Peterson descreveu a pedra azul que encontrou?
Peterson
descreveu a pedra azul como uma pedra preciosa que corta o vidro como se fosse
massa.
05
– Qual era o valor estimado da pedra azul segundo Sherlock Holmes?
Holmes explicou que o valor
da pedra era incalculável, sendo muito mais valiosa que a recompensa de mil
libras oferecida por ela, que não era sequer a vigésima parte do seu valor.
06
– Quem foi acusado de roubar a pedra preciosa, e onde ocorreu o roubo?
John Horner, um
encanador, foi acusado de roubar a pedra preciosa do porta-joias da condessa de
Morcar, e o roubo ocorreu no Hotel Cosmopolitan em 22 de dezembro.
07
– Qual era a natureza da pedra azul e por que ela era tão especial?
A pedra azul era
o carbúnculo azul da condessa de Morcar, uma joia absolutamente única cujo
valor era imenso, tornando-a extremamente especial e desejada.
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