segunda-feira, 25 de novembro de 2024

SONETO: NÃO VI EM MINHA VIDA A FORMOSURA - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Soneto: Não vi em minha vida a formosura

Não vi em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh87jTaCmutoLYt0UicF8B8FdaxWK41LELP6asygUxESvI1J-IfkkTtl954yzXpXo-TNbwElKs0I-qMLDzo-gImBmzI1MsfNC7Fp8ffVBbx1u7xiEthO0VaoxQjnpVTwp4BIKxs1Kk19oOJOpjx60VRHUqpLyCYX_hwlROr7GmHBbm_3rUKxtz_x9WNkiM/s320/MULHER.jpg



Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma Mulher, que em Anjo se mentia,
De um Sol, que se trajava em criatura.

Me matem (disse então vendo abrasar-me)
Se esta a cousa não é, que encarecer-me.
Saiba o mundo, e tanto exagerar-me.

Olhos meus (disse então por defender-me)
Se a beleza hei de ver para matar-me,
Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me.

Gregório de Matos. Poemas escolhidos (seleção, introdução e notas José Miguel Wisnik). São Paulo: Cultrix, 1981, p. 201.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 170.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal emoção transmitida pelo eu lírico ao longo do poema?

      O eu lírico demonstra uma intensa ambivalência em relação à beleza feminina. Inicialmente, a curiosidade e o desejo o impulsionam a querer ver a mulher descrita. No entanto, ao finalmente vê-la, ele é tomado por um sentimento de desilusão e sofrimento, expresso em versos como "Me matem (disse então vendo abrasar-me)". A emoção predominante é a de um conflito entre desejo e sofrimento, entre a expectativa e a realidade.

02 – Que figura de linguagem é predominante no soneto e qual seu efeito?

      A figura de linguagem predominante é a antítese, que consiste em contrapor ideias opostas. Exemplos como "Anjo se mentia" e "Sol, que se trajava em criatura" evidenciam essa característica. O efeito da antítese é intensificar o contraste entre a imagem idealizada da mulher e a realidade, realçando a desilusão do eu lírico.

03 – Qual a relação entre a beleza física e a alma da mulher, de acordo com o poema?

      O poema sugere uma dicotomia entre a beleza física e a alma da mulher. A beleza exterior é comparada a uma "arquitetura", algo belo e perfeito à vista, mas que esconde uma interioridade que não corresponde àquela imagem idealizada. A mulher é descrita como um "Anjo" que "se mentia", indicando uma falsidade ou superficialidade por trás da beleza.

04 – Qual o significado dos versos finais "Se a beleza hei de ver para matar-me, / Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me"?

      Os versos finais expressam o desejo do eu lírico de não ter visto a mulher, pois a beleza dela o levou à sofrimento. Ele prefere a cegueira à dor de amar e perder. Essa atitude revela a fragilidade do eu lírico diante da intensidade do sentimento amoroso e a impossibilidade de conciliar o desejo com a realidade.

05 – Qual a visão de mundo sobre a beleza feminina que o poema transmite?

      O poema transmite uma visão complexa e ambivalente sobre a beleza feminina. Por um lado, a beleza é exaltada como algo capaz de incitar o desejo e a admiração. Por outro lado, ela é apresentada como uma ilusão, uma máscara que esconde a verdadeira natureza humana. A beleza se torna, assim, uma fonte de sofrimento e desilusão para o eu lírico.

 

 

 

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