domingo, 25 de agosto de 2024

POEMA: CADEIRA DE BALANÇO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: Cadeira de balanço

             Mário Quintana

Quando elas se acordam
do sono, se espantam
das gotas de orvalho
na orla das saias,
dos fios de relva
nos negros sapatos,
quando elas se acordam
na sala de sempre,
na velha cadeira
que a morte as embala...

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijHQJvlhqycfJDE4bfzRSmkhVJ2qzDxbukXof7s2VUmf9OH440PVYYGM1HEA2uZXzjhbUSv-E3DTNn1vO2uS_Ohjc2mTpw1Ypc4ROOmR6oqXhBrpLhajNEynFYXE1AQ00MDUI1mT12AdHXyHzHReqd_OliPrf_n4RWaKVmIVcdoP1F8P3XWsv1aExz9cw/s320/CADEIRA.jpg



E olhando o relógio
de junto à janela
onde a única hora,
que era a da sesta,
parou como gota que ia cair,
perpassa no rosto
de cada avozinha.

um susto do mundo
que está deste lado...

Que sonho sonhei
que sinto inda um gosto
de beijo apressado?
- diz uma e se espanta:
Que idade terei?
Diz outra:
- Eu corria
menina em um parque...
e como saberia
o tempo que era?

Os pensamentos delas
já não têm sentido.

A morte as embala,
as avozinhas dormem
na deserta sala
onde o relógio marca
a nenhuma hora

enquanto suas almas
vêm sonhar no tempo
o sonho vão do mundo...
e depois se acordam
na sala de sempre

na velha cadeira
em que a morte as embala...

QUINTANA, Mario. Cadeira de balanço. In: Quintana, Mario. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006. p. 448-450.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 76.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Inda: forma antiga de “ainda”.

·        Orla: borda.

·        Relva: vegetação rasteira.

·  Sesta: período de tempo após o almoço em que uma pessoa dorme ou descansa.

·        Vão: irreal.

02 – Qual é o tema central do poema "Cadeira de Balanço"?

      O tema central do poema é o ciclo da vida e a proximidade da morte, representada pela imagem das "avozinhas" que dormem na cadeira de balanço, embaladas pela morte.

03 – O que a "velha cadeira" simboliza no poema?

      A "velha cadeira" simboliza a passagem do tempo e a chegada da morte, que embala suavemente as personagens do poema, as levando de volta ao mundo dos sonhos e memórias.

04 – Como o poema retrata a percepção do tempo pelas "avozinhas"?

      O poema mostra que as "avozinhas" têm uma percepção confusa do tempo. Elas se perguntam sobre sua idade e têm lembranças difusas da infância, indicando que o tempo, para elas, é um conceito esvaído, quase irrelevante.

05 – Qual é o papel do relógio no poema?

      O relógio, que parou na hora da sesta, simboliza o tempo que se deteve para as "avozinhas". Ele representa um momento estático, onde o tempo do mundo exterior não mais importa para elas, que vivem em uma realidade onde o tempo é fluido e indistinto.

06 – O que a imagem das gotas de orvalho e dos fios de relva nos sapatos sugere sobre as "avozinhas"?

      Essas imagens sugerem que as "avozinhas" têm uma conexão com o mundo natural e talvez com memórias de um tempo passado. Elas acordam com vestígios de uma realidade diferente, como se estivessem em um limiar entre o sonho e a vigília.

07 – Como a morte é personificada no poema?

      A morte é personificada como uma força tranquila e inevitável que embala as "avozinhas" na velha cadeira, levando-as de volta ao mundo dos sonhos e ao passado, em um processo contínuo de adormecimento e despertar.

08 – Qual é a atmosfera predominante no poema?

      A atmosfera do poema é melancólica e reflexiva, com um tom de aceitação tranquila da passagem do tempo e da chegada da morte, criando uma imagem de serenidade e resignação diante do inevitável fim.

 

ANÁLISE: "A NOVA CALIFÓRNIA", (PC) É UMA BREVE E DIFERENTE FORMA DE SE CONTAR HISTÓRIA (FRAGMENTO) - COM GABARITO

 Análise: A Nova Califórnia”, (PC) é uma breve e diferente forma de se contar história – Fragmento

        O jogo brasileiro desenvolvido pela Game e Arte é uma experiência curta, mas adapta com criatividade um conto literário para os games.

Por Gilson Peres em 06/12/2017

        [...]

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_FajL3dDN6Mu0DRD13HvRw5xWs6Q-2ubNIT7kjCe0UFm4q41Il62_FIgfbhaGDuvlJiZeWNTaMPuzTL4jooL4JEP61n6V8Jd8hjtQhvgDkf29TB5RpVvcDbDYHhI_ZDsFmnW_X4q2U6tU-nin9Kys4sZsrMOElp1Uwg7-XICM325AUmDgwYvdzSSUTNk/s320/GAME.png


 Enredo digno da literatura brasileira

        Basicamente o enredo de “A Nova Califórnia” já existe desde 1910. Originalmente este é um conto de Lima Barreto, [...]. A história acompanha vários personagens habitantes da cidade que dá o nome à trama quando a chegada de um novo morador cria um desconforto geral com suas práticas estranhas e origem desconhecida. Dentro deste núcleo, temos o Boticário da cidade, que ouve uma ideia mirabolante e questionável deste novo morador de como fazer dinheiro fácil. A trama toda gira em torno de mensagens como as de ganância, preconceito e ética.

        No jogo, toda essa aura do conto de Barreto foi devidamente respeitada e adaptada com maestria. Mecânicas de jogo diferenciadas fazem com que os textos e diálogos tornem-se essenciais para o avanço da aventura, o que torna a apreensão da história em seus mínimos detalhes divertida e obrigatória na jogatina. Entretanto, transformar um conto de duas páginas de 1910 em um jogo independente em 2017 tem seu preço: “A Nova Califórnia” é extremamente curto. Isso não atrapalha em nada a diversão que o título proporciona, mas os amantes das várias horas gastas em um único título podem se frustrar com essa simplicidade.

        Um dos pontos mais interessantes das histórias apresentadas ao longo da jogatina é o extenso conteúdo depositado em cada um dos simples e rápidos personagens. Com diálogos curtos e resoluções simples, o game mostra posicionamentos e situações próprias para serem debatidas em sala de aula ou em rodas de conversa, o que é uma experiência muito bacana em um jogo, pois aqui a experiência de jogar é livremente completada pelo jogador, que pode interpretar a história passada de vários modos e com opiniões diferentes.

        Visual simples com ambientação divertida

        Um aspecto curioso de “A Nova Califórnia” é o fato dele ter sido feito totalmente no RPG Maker. Além disso possibilitar que o jogo seja acessível para praticamente qualquer configuração de computador atual e até vários mais antigos, o jogo agrada por uma ambientação com poucos recursos, mas ótimos detalhes. Elementos como as casas, cidades e até túmulos que aparecem durante o jogo são bastante fiéis àqueles que existiam na época em que o enredo do jogo se passa. A técnica de pixel art combinada com efeitos caricatos para os personagens torna tudo mais leve e engraçado, mesmo que a temática da história seja um tanto macabra.

        O interessante de não se apoiar tanto no aspecto visual em alta definição para a ambientação foi a abertura para outras formas de adaptar a história, como através das músicas e dos textos do jogo. As falas fora da norma culta do português quando os escravos interagem com os personagens, a cantiga do “marcha soldado” que é cantarolada pelos policiais quando eles estão marchando pela cidade e outros detalhes deste nível fazem com que o conteúdo artístico do game se torne ainda mais interessante.

        [...]

        Mecânicas de jogo diferenciadas

        “A Nova Califórnia” é um game basicamente de aventura, mas é bem difícil enquadrá-lo nas fórmulas tradicionais do gênero. Ao contrário da maioria, este é um game com alguns aspectos de stealth mesclados à aventura, além do já citado foco em diálogos como parte da resolução de puzzles dentro das fases do jogo. Existem fases que basicamente o jogador precisa conversar com as pessoas na cidade e isso acaba se tornando bastante interessante, pois é a partir daí que a história é de fato contada e você consegue conhecer melhor os personagens. 

        Além disso, existem fases nas quais o protagonista precisa roubar e arrombar túmulos, fugindo dos moradores, policiais e outros elementos. Estes são os ápices de ação do jogo e o torna ainda mais divertido. Entretanto, existe um problema aqui: como ele possui um único nível de dificuldade, os ávidos por desafios podem se frustrar bastante, pois o game é demasiadamente fácil de se superar. Claro que o foco é o “contar uma história’, mas um nível de desafio maior nas missões de arrombar túmulos seria bem-vinda para a jogatina.

        [...]

        Prós

·        História bem adaptada;

·        Cenários bem feitos, mesmo que com pouca iluminação;

·        Trilha sonora boa;

·        Missões criativas e adaptadas ao conto original;

·        Mecânicas de jogo diferenciadas;

·        Visual caricato agrada;

·        Indicado para aplicação em escolas;

·        Controles simples o tornam bastante acessível.

Contras

·        Nível de dificuldade baixo demais;

·        Navegação pelo mapa confusa em alguns momentos;

·        Menu simplista pode desagradar alguns.

“A Nova Califórnia” — PC — Nota: 8.0

PERES, Gilson. Análise: “A Nova Califórnia” (PC) é uma breve e diferente forma de se contar história. Disponível em: https://www.gameblast.com.br/2017/12/analise-nova-california.html. Acesso em: 23 abr. 2020.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 53-55.

Entendendo a análise:

01 – Qual é a origem do enredo do jogo "A Nova Califórnia"?

      O enredo de "A Nova Califórnia" é baseado em um conto homônimo de Lima Barreto, escrito em 1910. O jogo adapta essa história para o formato de jogo digital, mantendo temas como ganância, preconceito e ética.

02 – Como o jogo "A Nova Califórnia" se destaca em termos de mecânicas de jogo?

      O jogo se destaca por suas mecânicas diferenciadas, mesclando elementos de stealth com aventura e focando em diálogos como parte essencial da resolução de puzzles. Essas mecânicas tornam o jogo único dentro de seu gênero.

03 – Quais são as principais críticas negativas mencionadas na análise sobre o jogo?

      As principais críticas são relacionadas ao baixo nível de dificuldade, que pode frustrar jogadores que buscam desafios, e à navegação confusa pelo mapa. Além disso, o menu simplista pode desagradar alguns jogadores.

04 – Por que "A Nova Califórnia" é considerado um jogo curto, e como isso impacta a experiência?

      "A Nova Califórnia" é considerado curto porque adapta um conto literário de apenas duas páginas, resultando em uma experiência de jogo breve. Apesar disso, a análise aponta que essa curta duração não compromete a diversão, mas pode frustrar jogadores que preferem títulos mais longos.

05 – Como o jogo "A Nova Califórnia" aborda a ambientação e o visual?

      O jogo utiliza pixel art e foi desenvolvido no RPG Maker, resultando em um visual simples, mas detalhado, que recria de forma fiel os cenários da época em que a história se passa. A combinação de efeitos caricatos com uma temática macabra cria uma atmosfera leve e divertida.

06 – De que forma o jogo "A Nova Califórnia" pode ser utilizado em ambientes educacionais?

      O jogo é indicado para aplicação em escolas devido ao seu conteúdo rico e à forma como ele promove discussões sobre os temas abordados. A interação com os personagens e a interpretação livre da história tornam-no uma ferramenta educativa valiosa.

07 – Quais aspectos artísticos do jogo "A Nova Califórnia" são destacados na análise?

      A análise destaca a trilha sonora, os diálogos autênticos e a ambientação como aspectos artísticos notáveis. Detalhes como as falas fora da norma culta do português e a cantiga “marcha soldado” cantada pelos policiais enriquecem a experiência artística do jogo.

 

 

ENTREVISTA: "CHEGA DE 'DICAS PARA SE TORNAR MAIS SUSTENTÁVEL"', DIZ CRISTAL MUNIZ - MILENE CHAVES - COM GABARITO

 Entrevista: Chega de ‘dicas para se tornar mais sustentável’”, diz Cristal Muniz – Fragmento

          Milene Chaves – Colaboração para Universa – 05/06/2019 12h29

        Chega de dicas? A catarinense Cristal Muniz, ativista do movimento lixo zero no Brasil, entende que é preciso dar uma reciclada nos assuntos e aproveitar este 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, para ir além daquela lista de dicas com jeito de enlatada, que surge na data e costuma incluir as palavras ecobag e canudo de metal como solução imediata para todos os problemas ecológicos. "É hora de elevar o debate e parar de subestimar as pessoas", defende. "Vamos começar a discutir que impactos causamos no mundo, e como podemos mudar isso”.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikpmeoDuH2ihSfjUE419Pjw2U9TWNTdV1rCQOR6qS6bWfVCbMaYuli-O-dDUsL2-pRpUU7E3hnoBXXnsO7ntE2NEO70VfqQHLLlilmXuD4x6kCbhFniQSQqjjHsBYywXKRIdWzzI_6jonOcClkY5TzygFiMhc7bJTZY4groW9b1UJKmZvytMxqljjqVDM/s320/SUSTENTAVEL.jpg


        Em entrevista a Universa, Cristal, de 27 anos, conta que foi uma criança criada para ser consciente, do tipo que separava o lixo e usava um produto até o fim antes de jogá-lo fora. Mas algo clicou quando ela entrou em contato com o conteúdo da blogueira norte-americana Lauren Singer e tomou conhecimento do movimento que pretende zerar o lixo em casa -- ou, ao menos, diminuir intensamente seu volume -- por meio da eliminação do desperdício, do consumo de plástico, de produtos com aditivos químicos. Em 2015, criou o blog "Um Ano Sem Lixo" para compartilhar experiências no processo de adesão ao movimento.

        [...] A entrevista que você lê abaixo [...] não tem dica fácil, mas provoca uma boa reflexão.

        Em 2019, quais questões o Dia Mundial do Meio Ambiente deve suscitar?

        Ainda estamos pensando em "dicas para se tornar mais sustentável", mas já falamos tanto disso que se tornou repetitivo. Precisamos elevar o debate; começar a discutir que impactos causamos no mundo, e como podemos mudar isso. [...]

        Que responsabilidade o governo, as empresas e os consumidores têm sobre o lixo?

        A Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010, diz que a responsabilidade é compartilhada, portanto é do governo, das empresas e dos consumidores. Porém, para fazer a nossa parte, dependemos de ações dessas esferas maiores. As empresas devem informar nas embalagens qual é o descarte adequado, além de aplicar políticas de logística reversa [quando o fabricante recolhe o resíduo descartado pelo consumidor], especialmente para produtos que não vão para a coleta comum. Também é preciso que os municípios ofereçam a coleta seletiva, hoje presente em apenas 18% das cidades do País. Se o lugar onde compramos uma lâmpada oferece a coleta de lâmpadas, por exemplo, isso estimula o consumidor a fazer a sua parte. Quando essa estrutura não existe, as pessoas precisam se responsabilizar 100% pelo resíduo.

        Quais são os erros mais comuns a respeito do descarte do lixo?

        Produzimos em casa três grupos de lixo: os recicláveis, como papel, metal e vidro; os orgânicos, que são as cascas de alimentos, e que podem ir para a compostagem para virar adubo, e os rejeitos, que não podem ser reciclados nem compostados. Se déssemos o tratamento adequado aos diferentes lixos, apenas a última categoria seria enviada aos aterros. Mas ainda há uma grande quantidade de pessoas que simplesmente não separa o lixo. Outra questão é não dar o destino certo a itens que são aproveitáveis, mas que não entram no caminhão da coleta comum: pilhas, baterias e eletrônicos devem ir para pontos específicos de coleta. Não tem mágica; não basta apenas colocar um resíduo na sacola de recicláveis e dar por garantido que aquilo terá destino certo.

        Que produtos contêm plástico e a maioria das pessoas nem desconfia?

        Fiquei chocada quando descobri que pastas de dente e esfoliantes de pele contêm microplásticos, que cumprem a função de abrasão. São os polietilenos que se lê no rótulo. Essas microesferas escapam do tratamento de esgoto pois não há filtro que consiga bloqueá-las. O plástico absorve radioatividade e agrotóxicos, por exemplo, e vai carregando essas substâncias por onde passa. Amostras de torneira de água potável pelo mundo revelaram alto teor de plástico, que vêm das microesferas, mas também de microfibras de plástico que se soltam desses produtos de beleza e de tecidos sintéticos. Até sal pode ter plástico, é meio desesperador.

        Qual é o primeiro item que, urgentemente, deveríamos parar de consumir?

        O plástico tem se mostrado o mais problemático. De qualquer forma, deveríamos parar de consumir do jeito que consumimos. Nada será extremamente nocivo se o consumo for consciente. Se usarmos o produto até o final, se fizermos o uso adequado dele, se pensarmos na sua criação e descarte, aproveitando 100% da matéria-prima, aí não tem vilão. Temos casas abarrotadas e mais coisas do que somos capazes de usar. Se repensarmos desde o desperdício da comida até a compra de novos itens, questionando o modelo de ter e comprar cada vez mais, vamos melhorar a questão.

        [...].

CHAVES, Milene. “Chega de ‘dicas para se tornar mais sustentável’”, diz Cristal Muniz. UOL, 5 jun. 2019. Disponível em: www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/06/05/chega-de-dicas-para-se-tornar-mais-sustentavel-diz-cristal-muniz.htm. Acesso em: 20 jul. 2020.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 169-170.

Entendendo a entrevista:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Ecobag: sacola retornável feita de pano ou outros materiais recicláveis, em substituição à sacola plástica.

·        Aditivo químico: ingrediente adicionado intencionalmente para modificar as características de um produto.

·        Compostagem: técnica utilizada para transformar restos orgânicos (como sobras de alimento, por exemplo) em adubo.

·        Polietileno: tipo de plástico.

02 – Por que Cristal Muniz critica as "dicas para se tornar mais sustentável"?

      Cristal Muniz acredita que as dicas de sustentabilidade, como o uso de ecobags e canudos de metal, se tornaram repetitivas e superficiais. Ela defende que o debate precisa ser elevado para discutir os impactos reais que causamos no mundo e como podemos mudá-los de maneira mais profunda e consciente.

03 – Qual é a responsabilidade do governo, das empresas e dos consumidores em relação ao lixo, segundo Cristal Muniz?

      Cristal Muniz destaca que, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a responsabilidade sobre o lixo é compartilhada entre governo, empresas e consumidores. No entanto, para que os consumidores possam fazer sua parte, é necessário que o governo e as empresas implementem políticas adequadas, como a coleta seletiva e a logística reversa.

04 – Quais são os erros mais comuns que as pessoas cometem ao descartar o lixo?

      Muitos não separam corretamente o lixo em recicláveis, orgânicos e rejeitos. Além disso, há um erro em não dar o destino correto a itens como pilhas, baterias e eletrônicos, que exigem pontos específicos de coleta. Cristal ressalta que simplesmente colocar algo na sacola de recicláveis não garante que ele terá o destino certo.

05 – Que produtos contêm plástico e que a maioria das pessoas desconhece?

      Cristal menciona que produtos como pastas de dente e esfoliantes de pele contêm microplásticos, que são usados para abrasão. Esses microplásticos, como polietilenos, não são filtrados no tratamento de esgoto e acabam contaminando a água potável e até o sal.

06 – Qual é o primeiro item que deveríamos parar de consumir urgentemente, segundo Cristal Muniz?

      Cristal aponta o plástico como o item mais problemático, mas enfatiza que o problema maior é o consumo desenfreado. Ela sugere que devemos consumir de forma consciente, usando os produtos até o fim e aproveitando ao máximo a matéria-prima, repensando nosso modelo de consumo.

07 – Como Cristal Muniz se envolveu com o movimento lixo zero?

      Cristal Muniz foi criada para ser consciente em relação ao meio ambiente, mas seu envolvimento com o movimento lixo zero começou após entrar em contato com o conteúdo da blogueira norte-americana Lauren Singer. Inspirada por esse movimento, ela criou em 2015 o blog "Um Ano Sem Lixo" para compartilhar suas experiências e aderir ao movimento.

08 – O que Cristal Muniz sugere para elevar o debate sobre sustentabilidade no Dia Mundial do Meio Ambiente?

      Ela sugere que, ao invés de focar em dicas superficiais, devemos discutir os impactos que causamos no mundo e como podemos mudá-los. Cristal acredita que é necessário parar de subestimar as pessoas e começar a refletir sobre mudanças mais profundas em nosso comportamento e consumo.

 

REPORTAGEM CIENTÍFICA: O QUE DIZEM OS CIENTISTAS SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS? (FRAGMENTO) - COM GABARITO

 Reportagem científica: O que dizem os cientistas sobre as mudanças climáticas? – Fragmento

        Segundo relatório do IPCC, o planeta está atingindo temperaturas críticas, que podem afetar desde paisagens naturais a sistemas econômicos e humanos

        Divulgado em agosto [de 2019], o relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês) apontou uma situação alarmante: se o aumento de temperatura da Terra passar de 2ºC enfrentaremos crises ambientais alarmantes nos próximos anos. Oriundas de processos naturais, as mudanças climáticas passaram a ocorrer com mais frequência devido à interferência humana, iniciada com o processo de industrialização.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifgAOtCAVg4TGTE4Cs1KK5d2TdHX0rrK-V6otuj-l6udQ-Ebg4hcN-feuCqVuER0f7esxNnB36Yyl5U3KW0Vz3BnDQF-ZQ9K62fbqIRja5BpI0iQjBgQh9O33Ru-QiaPJTYCia6PVV_RwNIYZaMoaTCqirAhN3TK2V4b1W12a0Ux2lcS-WA6Yo0Oc9c9o/s320/CLIMA.jpg


        “Quando falamos de mudanças climáticas, englobamos tanto aquelas de origem natural quanto as de origem antropogênica”, explica Paola Bueno, meteorologista e mestranda do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP). “[...] [As mudanças] ocorriam de forma muito lenta, ao longo de centenas a milhares de anos. No último século houve aumento abrupto da temperatura média, de forma muito rápida e intensa. E a principal responsável foi a atividade humana, que tem atuado até mais do que as variabilidades naturais”.

        O aumento das temperaturas globais se dá pela intensificação do efeito estufa, um fenômeno natural causado por moléculas – como CO2, H2O e CH4 – que absorvem radiação solar infravermelha, transferindo e aquecendo as camadas atmosféricas mais baixas. De acordo com o físico e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Renato Ramos, [...] “É possível observar essa tendência de aquecimento ao longo do tempo pelo aumento das temperaturas meteorológicas, pela diminuição da quantidade de gelo nos polos (derretimento), por dados coletados pelas boias marinhas etc.”.

        Por conta desse cenário, esforços internacionais estão dando origem a tratados, como o Acordo de Paris, para tentar conter as temperaturas globais. [...].

        Os acordos, metas e tratados internacionais são elaborados com base nos relatórios do IPCC, órgão da ONU responsável por analisar e sintetizar as informações obtidas por diversos estudos e modelos climáticos. As produções mais recentes são um documento de 2018 sobre as tendências de temperaturas do aquecimento global, e outro de 2019 acerca dos impactos no oceano e na criosfera.

        O relatório especial de 2018, dedicado ao aquecimento global, [...] estimou que as atividades humanas causaram cerca de 1°C de aquecimento global acima dos níveis pré-industriais. Além disso, é provável que as temperaturas atinjam 1,5°C entre os anos 2030 e 2052, caso continuem a aumentar no ritmo atual.

        O estudo também listou que os riscos atuais associados ao clima, tanto para os sistemas naturais como para a humanidade, dependem da magnitude e do ritmo de aquecimento, da localização geográfica, dos níveis de desenvolvimento e de vulnerabilidade, além da implementação de opções de adaptação e mitigação. Para os cientistas responsáveis pelo documento, atingir e sustentar níveis zero de emissões globais de gases do efeito estufa (GEE) interromperiam o aquecimento global antrópico, mas ainda assim a acumulação de emissões persistirá por séculos e milênios, e continuará causando mudanças a longo prazo no sistema climático.

        [...] Para o cientista [Paulo Nobre, Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] o processo de dúvida sobre as mudanças climáticas também é consequência de um discurso publicado sem respaldo científico. “[...] Nos invernos muito mais rigorosos, particularmente na Europa e nos Estados Unidos, alguns tabloides publicaram fotos daquele montão de neve e perguntaram: cadê as mudanças climáticas? E o aquecimento global? Mas [...] ficaram quietos quando viram aquelas ondas de calor que mataram milhares de pessoas na França, depois na Rússia, ou os incêndios florestais [...]”.

        O especialista conclui [...]. “[...] A sociedade tem o pensamento de que a Terra é muito grande, e não vai acabar, mas esse modo de viver, multiplicado por 8 bilhões de pessoas, exaure a quantidade de água potável, e materiais disponíveis. A chamada sociedade de consumo não é uma sociedade durável”.

REVADAM, Rafael; LIMA, Júlia Ramos de; SILVA, Adriele Eunice da. O que dizem os cientistas sobre as mudanças climáticas? ComCiência, 11 nov. 2019. Disponível em: http://www.comciencia.br/0-que-dizem-os-cientistas-sobre-as-mudancas-climaticas. Acesso em: 30 ago. 2020.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 141-143.

Entendendo a reportagem:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Antrópico: relativo à ação do ser humano.

·        Antropogênico: ação ou fator causado pela ação do ser humano, diferente das causas naturais, sobre o planeta.

·        CO2, H2O e CH4: as siglas são, respectivamente, de moléculas de dióxido de carbono, vapor de água e metano.

·        Criosfera: camada da superfície terrestre, formada pela água que se encontra permanentemente no estado sólido.

·        Mitigação: ação de aliviar.

·        Modelo climático: técnica metodológica que usa métodos quantitativos para simular as interações da atmosfera e entender as dinâmicas do clima do presente e do passado ou projetar cenários climáticos do futuro.

02 – O que o relatório do IPCC divulgado em agosto de 2019 alerta sobre as mudanças climáticas?

      O relatório aponta que o planeta está atingindo temperaturas críticas, e se o aumento de temperatura global ultrapassar 2ºC, enfrentaremos crises ambientais graves nos próximos anos.

03 – Como a atividade humana tem influenciado as mudanças climáticas?

      Segundo a meteorologista Paola Bueno, a atividade humana, principalmente após o processo de industrialização, acelerou drasticamente o aumento da temperatura média global, superando as variações naturais que ocorriam ao longo de centenas a milhares de anos.

04 – O que é o efeito estufa e como ele está relacionado ao aumento das temperaturas globais?

      O efeito estufa é um fenômeno natural em que moléculas como CO2, H2O e CH4 absorvem radiação solar infravermelha, aquecendo as camadas mais baixas da atmosfera. A intensificação desse efeito, devido às atividades humanas, é responsável pelo aumento das temperaturas globais.

05 – Quais são alguns dos sinais observáveis do aquecimento global mencionados no fragmento?

      O aquecimento global pode ser observado pelo aumento das temperaturas meteorológicas, pela diminuição da quantidade de gelo nos polos, e por dados coletados por boias marinhas, entre outros indicadores.

06 – Qual é a importância dos tratados internacionais, como o Acordo de Paris, no contexto das mudanças climáticas?

      Tratados internacionais, como o Acordo de Paris, são essenciais para tentar conter as temperaturas globais, e são baseados nos relatórios do IPCC, que sintetizam informações de diversos estudos e modelos climáticos.

07 – Qual foi a estimativa do relatório de 2018 do IPCC sobre o aumento da temperatura global?

      O relatório de 2018 estimou que as atividades humanas já causaram cerca de 1°C de aquecimento global acima dos níveis pré-industriais, e que as temperaturas podem atingir 1,5°C entre 2030 e 2052, se continuarem a aumentar no ritmo atual.

08 – Por que há resistência ou dúvida na sociedade sobre as mudanças climáticas, segundo Paulo Nobre?

      Paulo Nobre aponta que a resistência ou dúvida sobre as mudanças climáticas se deve, em parte, à divulgação de informações sem respaldo científico, como as reportagens de tabloides que questionam o aquecimento global em invernos rigorosos, mas ignoram as ondas de calor e outros eventos extremos que confirmam a mudança climática.

 

 

ARTIGO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: NOVOS ARRANJOS NOS LARES BRASILEIROS (FRAGMENTO) - RODRIGO DE OLIVIERA ANDRADE - COM GABARITO

 Artigo de divulgação científica: Novos arranjos nos lares brasileiros – Fragmento

        Pesquisa identifica processo de emancipação das mulheres no núcleo familiar a partir da década de 1970 no Brasil

Rodrigo de Oliveira AndradeEdição 263 – jan. 2018

Sociologia

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDe3nSygb9CsilsN3Rjb76z7txyqRJqTRyXfiBS8MDSuVynbOvOJL-qEw-vz78aBJ_JvUa5Sx1Qjf2jO4EtZU4jwdXBaihtLSdW6U6iA_5TPKojV8w6bXGTGjCVuQnkYCmpTVTukl06iIPqCjPRFUvJmhaT5_2WLFMkc5faeBpEBeLq616f-Uut9OnIdU/s1600/arranjo.jpg

        As transformações do papel da mulher na sociedade brasileira durante o século XX, com conquistas importantes envolvendo o direito ao voto, divórcio, trabalho e à educação, são bastante conhecidas. O que agora começa a ficar evidente é que essas mudanças teriam estimulado um processo de emancipação feminina também na esfera familiar, com destaque para a conquista de autonomia financeira e a redução das taxas de fecundidade, que vêm caindo progressivamente desde os anos 1960. Nos últimos anos, vários pesquisadores se propuseram a analisar esse fenômeno. Um dos trabalhos mais recentes é o da socióloga Nathalie Reis Itaboraí, pesquisadora em estágio de pós-doutorado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj).

        Com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad-IBGE), ela analisou o processo de emancipação das mulheres nas famílias brasileiras entre 1976 e 2012 à luz de uma perspectiva de classe e gênero. O período é marcado por transformações na condição feminina, favorecidas por mudanças na estrutura produtiva, mais oportunidades de educação e trabalho e difusão de novos valores pelos meios de comunicação e pela segunda onda do feminismo, iniciada nos anos 1960 – a primeira se deu na segunda metade do século XIX. “Foi também nessa época que a desigualdade de gênero começou a ser mais debatida no Brasil, sobretudo após a declaração, pelas Nações Unidas, de 1975 como o Ano Internacional das Mulheres e o período de 1976-1985 como a Década da Mulher”, explica a pesquisadora.

        Nathalie é autora do livro Mudanças nas famílias brasileiras (1976-2012): Uma perspectiva de classe e gênero (Garamond), publicado a partir de sua tese de doutorado, vencedora do prêmio de melhor tese de 2016 no concurso da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) de obras científicas e teses universitárias em ciências sociais. No estudo, ela procura ir além dos indicadores de gênero que medem as mudanças na condição feminina na esfera pública (participação no mercado de trabalho, representação política etc.), frequentemente usados para comparar os avanços no Brasil com outros países. Esses indicadores, segundo ela, não contemplam as diferenças entre grupos sociais na sociedade brasileira e o impacto da desigualdade de gênero na família e no trabalho doméstico (o cuidado da casa, dos filhos ou de familiares idosos, por exemplo).



        Para analisar como se deram as transformações na experiência familiar das mulheres em diferentes classes sociais, Nathalie adotou oito tipos de estratos ocupacionais. Eles abarcaram desde trabalhadores rurais (classe 1), mais pobres, a profissionais com nível superior (classe 8), mais abastados. Ainda que as desigualdades entre mulheres de diferentes classes continuem grandes, as análises indicam que o comportamento familiar feminino, independentemente da classe social, mudou na mesma direção nos últimos 40 anos, com avanços significativos quanto à sua autonomia, o que envolve maior controle sobre o próprio corpo, capacidade de gerar renda própria e de controlar esses recursos.

        Até o final da década de 1960, no Brasil, o modelo tradicional de família era marcado por enormes assimetrias entre homens e mulheres. Nos casais, o homem, em geral, era mais velho, mais escolarizado e tinha mais renda. As mulheres trabalhavam apenas enquanto solteiras, abandonando suas atividades após o casamento para se dedicar aos serviços domésticos e cuidar dos filhos. Isso começou a mudar a partir dos anos 1970 (ver entrevista com a demógrafa Elza Berquó na edição 262). Nathalie verificou que a condição das mulheres melhorou em relação a seus cônjuges nesse período. As diferenças de renda diminuíram nos casais, assim como as de idade e de escolaridade.

        Também o arranjo tradicional de família, com o homem como único provedor e a mulher como dona de casa, deixou de ser predominante. Em 1976, o percentual de mulheres casadas de 15 a 54 anos que trabalhavam era de 25,4% na classe dos trabalhadores rurais (classe 1) e de 34,5% entre os profissionais com nível superior (classe 8). Em 2012, esse número subiu para 46,4% e 75,5%, respectivamente. “Ter renda própria ajudou a ampliar a autonomia econômica das mulheres, ainda que para as mais pobres isso signifique apenas reduzir certas privações”, explica a socióloga. Em 1976, o homem era o único provedor em 77% dos casais de trabalhadores rurais e em 63% dos casais de profissionais com nível superior. Em 2012, esse percentual caiu para 50,5% na classe 1 e para 24,1% na classe 8. “Homens e mulheres se tornaram mais parecidos quanto ao engajamento profissional, ainda que as mulheres enfrentem mais obstáculos no mercado de trabalho”, ela destaca.

        Essas conclusões reforçam um fenômeno que há algum tempo vem sendo observado no Brasil. A quantidade de lares chefiados por mulheres aumentou 67% entre 2004 e 2014 no país, segundo dados do IBGE. [...]

        Tendência semelhante foi identificada em 2006 pelo demógrafo Mario Marcos Sampaio, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele é um dos coordenadores de uma pesquisa publicada na revista Bahia Análise & Dados que analisou o processo de emancipação feminina nas regiões metropolitanas brasileiras entre 1990 e 2000. No estudo, eles verificaram que a participação das mulheres na composição da renda familiar brasileira é crescente, no papel de cônjuge ou no de filha.

        Essas mudanças estão relacionadas a um processo lento, mas contínuo, de ampliação das oportunidades de acesso à educação às mulheres, iniciada em 1879, com a promulgação da Reforma Leôncio de Carvalho, que permitiu às mulheres cursar o ensino superior. A partir dos anos 1970 essa ampliação passou a ser acompanhada de uma tendência de melhor desempenho escolar das mulheres em relação aos homens, sobretudo nas famílias mais pobres. Hoje, segundo dados publicados em 2014 pelo IBGE, 12,5% das mulheres com 25 anos ou mais completaram o ensino superior em 2010. A participação masculina no período foi de 9,9%. “Se existe uma estratégia nas classes baixas de escolher um ou mais filhos para seguir estudando, é provável que sejam as meninas, por terem, em média, um melhor desempenho escolar”, afirma Nathalie.

        [...]

        Apesar dos avanços da condição da mulher, muitos obstáculos ainda precisam ser superados. As que trabalham fora de casa ainda recebem 30% menos para ocupações similares exercidas pelos homens, são minoria nos cargos de chefia e direção e assumem as atividades do mercado de trabalho sem renunciar aos afazeres domésticos. Também as mulheres com filhos enfrentam dificuldades para voltar ao mercado de trabalho.

        Outro problema: o tempo gasto pelas mulheres com serviços domésticos em todas as classes sociais tende a ser maior do que o gasto pelos homens. “Meninas de 10 a 14 anos gastam mais tempo com serviço doméstico do que meninos da mesma idade”, diz Nathalie. Esses dados estão alinhados com os divulgados em 2016 no relatório “Harnessing the power of data for girls”, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que indica que garotas entre 5 e 14 anos despendem 40% mais tempo por dia em tarefas domésticas não-remuneradas que os garotos. Em geral, o trabalho das meninas é menos visível e subvalorizado.

Artigos científicos


GARCIA, S. & BELLAMY, M. Assisted Conception Services and Regulation within the brazilian context. JBRA Assisted Reproduction. v. 19, n. 4, p. 198-203. nov. 2015.
BERQUÓ, E. S. et al. 
Reprodução após os 30 anos no estado de São Paulo. Novos Estudos Cebrap. n. 100, p. 9-25. nov. 2014.

Livro
ITABORAÍ, N. R. Mudanças nas famílias brasileiras (1976-2012): Uma perspectiva de classe e gênero. Rio de Janeiro: Garamond, 2016, 480 p.

ANDRADE, Rodrigo de Oliveira. Novos arranjos nos lares brasileiros. Pesquisa Fapesp, São Paulo, ed. 263, jan. 2018. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/novos-arranjos-nos-lares-brasileiros. Acesso em: 1º maio 2020.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 64-66.

Entendendo o artigo:

01 – Quais foram as principais mudanças no papel da mulher na sociedade brasileira durante o século XX?

      As principais mudanças incluíram conquistas como o direito ao voto, ao divórcio, ao trabalho, e à educação, além de um processo de emancipação feminina na esfera familiar.

02 – Como a emancipação feminina se manifestou nas famílias brasileiras a partir dos anos 1970?

      A emancipação feminina se manifestou através da conquista de autonomia financeira pelas mulheres, redução das taxas de fecundidade e mudanças nos arranjos familiares tradicionais, com mais mulheres entrando no mercado de trabalho.

03 – Quais fatores contribuíram para as transformações na condição feminina na sociedade brasileira?

      Contribuíram as mudanças na estrutura produtiva, maior acesso à educação e trabalho, difusão de novos valores pelos meios de comunicação e o impacto da segunda onda do feminismo.

04 – Qual foi o foco da pesquisa realizada por Nathalie Reis Itaboraí?

      Nathalie Reis Itaboraí focou em analisar o processo de emancipação das mulheres nas famílias brasileiras entre 1976 e 2012, considerando as perspectivas de classe e gênero.

05 – Como Nathalie Reis Itaboraí classificou as mulheres em sua pesquisa?

      Ela classificou as mulheres em oito estratos ocupacionais, variando desde trabalhadores rurais (classe 1) até profissionais com nível superior (classe 8).

06 – Quais mudanças ocorreram nas diferenças de renda e escolaridade entre homens e mulheres nos casais brasileiros desde os anos 1970?

      As diferenças de renda, idade e escolaridade entre homens e mulheres nos casais diminuíram, com as mulheres ganhando mais autonomia e engajamento profissional.

07 – Como a participação das mulheres no mercado de trabalho impactou a estrutura familiar brasileira?

      A maior participação das mulheres no mercado de trabalho contribuiu para o aumento de lares chefiados por mulheres e uma maior contribuição feminina na composição da renda familiar.

08 – Qual a relação entre o desempenho escolar das mulheres e as mudanças na estrutura familiar?

      O melhor desempenho escolar das mulheres, especialmente nas classes mais baixas, levou a uma maior valorização da educação feminina, contribuindo para as transformações na estrutura familiar.

09 – Quais desafios persistem para as mulheres no mercado de trabalho, segundo o artigo?

      As mulheres ainda enfrentam desafios como receber 30% menos que os homens em ocupações similares, menor representação em cargos de chefia e a dupla jornada de trabalho doméstico e profissional.

10 – Qual a importância do trabalho não remunerado das mulheres e meninas no contexto das desigualdades de gênero?

      O trabalho doméstico não remunerado realizado por mulheres e meninas é subvalorizado e contribui para perpetuar as desigualdades de gênero, com as meninas despendendo mais tempo nessas atividades do que os meninos.